Deputada dá carona a ativistas foragidos
Janira Rocha |
A carona oferecida pela deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) para
uma advogada ligada a black blocs, e foragida da Justiça, poderá custar
caro para a parlamentar. Usando um carro da Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro, Janira transportou a advogada Eloisa Samy, que tentava
asilo no Consulado do Uruguai, em Botafogo, para evitar ser presa.
Quando soube que o pedido fora negado pela representação uruguaia,
Eloisa tramou uma fuga até um supermercado em São Conrado, na Zona Sul,
escondida no carro da deputada do PSOL. De lá, a advogada desapareceu.
"Não tenho dúvida de que isso quebra o decoro parlamentar. Há
possibilidade de suspensão e até perda de mandato. Vamos levar isso ao
conselho ao fim do recesso", afirmou o presidente do Conselho de Ética
da Alerj, deputado Janio Mendes (PDT). Segundo ele, a conduta de Janira
será analisada pelo colegiado após o recesso parlamentar, em agosto. Se
configurada quebra de decoro, a punição poderá ser a cassação do
mandato. O deputado Comte Bittencourt (PPS), corregedor da Alerj, enviou
ofício à deputada cobrando uma justificativa oficial para a carona.
Confirmado o processo, será a quarta ação pela cassação do mandato de
Janira por quebra de decoro. Dois processos foram arquivados, mas ela
ainda responde à acusação de reter parte dos salários de servidores do
seu gabinete e de ter utilizado os recursos para fins eleitorais. O
corregedor da Alerj recomendou a aplicação da pena máxima: perda do
mandato. Mas Janira apresentou recurso à Comissão de Constituição e
Justiça e o caso foi paralisado. Em outro caso já arquivado, Janira foi
flagrada dando instruções a um líder do movimento grevista dos bombeiros
em fevereiro de 2012. "Se por acaso quebrei regimento da Alerj, não tem
nenhum problema. Só quero que todos os outros que também quebraram
sejam julgados", afirmou. As complicações para Janira não se restringem
ao Legislativo: ela também poderá ter problemas com a Justiça por sua
atitude. Ajudar na fuga de um foragido da Justiça é considerado crime de
favorecimento pessoal – punido com um a seis meses de detenção e multa.
Com um mandado de prisão preventiva expedido, Eloisa Samy era procurada
há mais de dois dias e deixou de ser presa pela polícia porque agentes
foram impedidos de entrar no espaço diplomático do Uruguai. A deputada
admitiu a carona, mas minimizou o caso. "Não foi feito nada escondido.
Se a Justiça achar que é ilegal, que se abra processo e que eu possa ser
julgada. Se eu quebrei o Regimento da Assembleia, que se abra mais um
processo", afirmou.
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