Programas de prevenção e imunização podem erradicar a hepatite
A hepatite é caracterizada por uma inflamação do fígado |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, durante uma conferência em
Genebra, na Suíça, que países desenvolvam programas de prevenção de
hepatite e reforcem as campanhas de imunização, a fim de reduzir a
incidência dos tipos de hepatite A e B, que já possuem vacinas.
Anualmente, a doença causa 1,4 milhão de mortes. Cerca de 500 milhões de
pessoas no planeta estão infectadas com algum dos vírus causadores da
moléstia. "Estamos pedindo aos líderes do mundo para perceberem que esse
é o momento de aplicar as medidas necessárias para acabar com a
hepatite. Agora podemos realmente eliminá-la", diz Samuel So, médico,
diretor do Centro Asiático do Fígado e especialista da OMS. Segundo o
diretor do Programa Mudial de Hepatite da OMS, Stefan Wiktor, os
remédios já provaram que podem curar 90% dos casos.
Em maio deste ano, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução
que pede o desenvolvimento e implantação de políticas públicas
destinadas a reduzir a incidência e mortalidade da hepatite. Stefan
Wiktor explicou que as orientações já surtiram efeito em países como
Brasil, Egito, Indonésia e Ucrânia, que estão estendendo ou criando
programas para lutar contra a doença.
A doença
A hepatite é uma inflamação no fígado, causada na maioria dos casos por
uma infecção viral. Ela é gerada por cinco vírus principais: A, B, C, D e
E. Os mais perigosos são os tipos B e C, que desencadeiam cirrose e
câncer de fígado. Aproximadamente 240 milhões de pessoas no mundo têm o
vírus B e dois terços não sabem que são portadores da doença.
Em 80% dos casos, a medicação evita câncer de fígado. "O problema é que
não basta ter remédios. É necessário, também, serviços clínicos, equipes
capacitadas e laboratórios equipados", diz Wiktor.
As hepatites A e E são contraídas pela ingestão de água ou comida
contaminadas, enquanto os vírus B, C e D são transmitidos por fluidos
corporais — seringas compartilhadas, transfusão de sangue ou relações
sexuais. Há vacinas para os tipos A e B. "Cerca de 55% das mortes são
causadas pelo vírus vírus B e 35% pelo C. Os 10% restantes são dos tipos
A e E. A hepatite mata anualmente quase o mesmo número de pessoas que a
aids e, no entanto, não tem os fundos necessários para sua
erradicação", diz Samuel So.
Os especialistas sugerem que sejam usadas as mesmas estruturas para
combater a hepatite já estabelecidas para lutar contra a aids, como o
Fundo Global de Luta Contra AIDS, Tuberculose e Malária.
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