Laboratório do doleiro Alberto Youssef foi indicado para o Ministério da Saúde
Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o empresário Leonardo
Meirelles, sócio do Labogen, admitiu que o deputado federal petista
André Vargas indicou o laboratório para o Ministério da Saúde em busca
de um contrato de 35 milhões de reais para produção de medicamentos.
Vargas negociou com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação
Lava-Jato da Polícia Federal, a contratação de um ex-assessor do então
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para trabalhar no Labogen. Segundo
a Polícia Federal, o Labogen foi usado pelo doleiro para lavagem de
dinheiro. Leonardo Meirelles foi ouvido pelo Conselho de Ética como
testemunha no processo que investiga as relações de Vargas com Youssef. O
empresário afirmou que se reuniu algumas vezes com o deputado no
gabinete da vice-presidência da Câmara, quando Vargas ainda ocupava a
função. Meirelles disse que conheceu o doleiro há quatro anos, quando
buscava investidores para seu negócio. Ele admitiu que o doleiro fez um
aporte de 1,2 milhão de reais ao Labogen para a construção da nova
fábrica em Indaiatuba (SP) e relatou que as contas da empresa foram
usadas para pagamentos de fornecedores de Youssef. Mas negou ser
"laranja" de Youssef. Segundo ele, o Labogen importava insumos
farmacêuticos. "Youssef não é meu sócio e nunca foi meu sócio",
enfatizou. Esdras Ferreira, proprietário de 10% do laboratório fantasma
de Youssef, também foi ouvido pelo Conselho de Ética, mas se recusou a
responder a maioria das perguntas. Ele se limitou a dizer que não esteve
em Brasília negociando contratos do Labogen e que não conhecia Alberto
Youssef nem esteve com André Vargas. "Esdras é laranja, não tenho a
menor dúvida, não tem o menor conhecimento e condições de ser sócio de
uma empresa que movimenta milhões. O Labogen existe para evadir
divisas", comentou Júlio Delgado .O relator do processo por quebra de
decoro parlamentar contra Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse
que o empresário deu indícios de tráfico de influência. "Que houve
tráfico de influência houve, quero saber de quem, quando e onde", disse.
Para o relator, as testemunhas foram instruídas pelos advogados a
"livrar" Vargas das acusações. "Ficou claro que eles vieram aqui
orientados", disse Delgado.
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