sexta-feira, 24 de junho de 2011

EUA, Europa e países da Ásia derrubam preço do petróleo

Seguranças patrulham uma reserva estratégica no Texas

A Agência Internacional de Energia (AIE), formada por 28 países, anunciou a liberação de 60 milhões de barris de petróleo de reservas estratégicas, a terceira da história da entidade, o que fez os preços da commodity caírem até 6%.
Segundo a nota oficial da AIE, o objetivo é compensar a interrupção da produção da Líbia, já que o consumo de combustíveis aumenta durante o verão no Hemisfério Norte, "o que ameaçaria a frágil recuperação da economia global".
Nos Estados Unidos - que responderão pela metade do volume liberado -, houve críticas de motivação política, para segurar a inflação.
- A economia global ainda está saindo da recessão, e é essencial que essa recuperação não seja colocada em risco por uma queda no fornecimento de petróleo - disse o diretor-executivo da AIE, Nobuo Tanaka.
Em Nova York, a cotação do tipo leve americano encerrou ontem em queda de 4,6%, a US$ 91,02, segundo dados da Bloomberg News. O barril chegou a cair 6%, a US$ 89,69. Em Londres, o barril do tipo Brent despencou 6,1%, a US$ 107,26.
Os membros da AIE, criada após o primeiro choque do petróleo (1973/74), já haviam feito duas ações coordenadas de liberação de estoques. A primeira foi em 1991, quando o Iraque invadiu o Kuwait. A segunda foi em 2005, depois que o furacão Katrina arrasou plataformas e refinarias no Golfo do México.
A AIE vai liberar 2 milhões de barris por dia - o equivalente a 2% da oferta global -, em sua maioria de petróleo bruto, inicialmente ao longo de 30 dias. Os EUA vão entrar com metade do volume, que virá de sua reserva gigantesca de 727 milhões de barris. A Europa irá colaborar com 30%, e o restante virá de Austrália, Japão, Coreia e Nova Zelândia.
Os barris devem começar a chegar no mercado na semana que vem. Após 30 dias, a AIE fará uma avaliação dos preços e do equilíbrio entre oferta e demanda. A agência não descarta liberar mais petróleo.
Os estoques dos países membros da AIE somam 4,1 bilhões de barris, sendo que cerca de 1,6 bilhão estão nas reservas estratégicas dos governos. Os membros da agência que são importadores líquidos (que importam mais que exportam) são obrigados a manter reservas estratégicas equivalentes a 90 dias de suas importações. Segundo dados da AIE, esses estoques hoje equivalem a 146 dias de importações.
Há três semanas, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não conseguiu chegar a um acordo para elevar sua produção. A Líbia, membro da Opep, exportava cerca de 1,5 milhão de barris por dia antes da rebelião, iniciada em fevereiro, que paralisou a produção da indústria de petróleo. A AIE estima que a Líbia fique fora do mercado até o fim deste ano.
Alguns membros da Opep não gostaram da decisão. Um representante de um dos países do cartel disse à agência Dow Jones que não havia justificativa para essa ação e que a AIE estava agindo por conta própria - contrariando declarações do vice-diretor da agência, Richard Jones, de que a Opep havia sido consultada.
- Vai prejudicar os produtores de petróleo - disse à Dow Jones outro representante da Opep.
Uma fonte do cartel não descartou que a Opep faça reunião de emergência para reduzir a produção, se os preços do petróleo caírem muito.

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