terça-feira, 28 de junho de 2011

Família pede que governo indiano autorize a morte de gêmeas siamesas
Os pais de Saba e Farah, de 15 anos, recusaram a cirurgia de separação em 2005, mas as filhas passaram a sofrer fortes dores.

A família das gêmeas siamesas indianas Saba e Farah Shakeel pediu que o governo da Índia desse autorização para que elas fossem mortas, para evitar que continuem sentindo dor.
As gêmeas, de 15 anos, nasceram unidas pela cabeça, e se tornaram conhecidas em 2005, quando o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed bin Zayed al-Nahyan, decidiu pagar as despesas de sua cirurgia de separação.
Na época, a família das gêmeas optou por não realizar a operação. Mas nos últimos quatro meses, os pais de Saba e Farah decidiram pedir ajuda ao governo indiano para acabar com seu sofrimento.
As irmãs sofrem de fortes dores de cabeça e dores agudas em todas as articulações do corpo.
O irmão mais velho de Saba e Farah, Tamanna Ahmad, disse ao jornal indiano India Today que as duas estão presas na cama.
"Até a fala delas se tornou mais confusa. Seus dedos e tornozelos estão retorcidos", afirmou.
Segundo Ahmad, a família não conta com ajuda financeira que permita pagar por um tratamento médico e prefere que as gêmeas morram para que seu sofrimento seja aliviado.
"Minha mãe quer a permissão do presidente ou dos tribunais para que elas possam morrer."

Separação delicada
Em 2005, o xeque Mohammed al-Nahyan pagou pelas consultas das gêmeas com alguns dos maiores especialistas em separação de siameses no mundo, incluindo a equipe do neurocirurgião americano Benjamin Carson, do Hospital Pediátrico Johns Hopkins, em Baltimore.
O príncipe dos Emirados Árabes Unidos entrou em contato com Mohammed Shakeel Ahmad, o pai das meninas, através da embaixada do país na Índia, depois de ler uma reportagem sobre o caso.
Os médicos descobriram que as duas meninas compartilhavam uma artéria, que leva o sangue do corpo para o coração, e uma importante veia no cérebro. Além disso, elas possuem somente dois rins, ambos no corpo de Farah.
Segundo os especialistas, a separação completa só seria feita após uma série de operações, mas havia grande possibilidade de que uma das gêmeas morresse.
A família optou por não realizar as cirurgias por medo de perder uma das filhas, mas a condição das gêmeas se deteriorou com o passar dos anos. Médicos disseram à família que a dependência das gêmeas dos rins de Farah poderia causar pressão alta, perda de peso e fraqueza.
O pai de Saba e Farah sustenta a família de oito pessoas com o dinheiro obtido com uma casa de chá em Patna, no leste da Índia, mas disse ao jornal britânico The Daily Telegraph que não ganha o suficiente para os medicamentos que as duas filhas precisam.
"As meninas querem viver e aproveitar a vida como outras pessoas, mas quando estão sentindo dores, elas choram e pedem ajuda", disse Shakeel.
A mãe das gêmeas, Rabia Khatoon, disse ao India Today que, se o governo não puder ajudar no tratamento, deve permitir que as gêmeas sejam sacrificadas.
"Pelo menos será melhor do que vê-las sofrer todos os dias", disse.


PS: No Brasil - Está tramitando na Senado Federal, um projeto de lei 125/96, elaborado desde 1995, estabelecendo critérios para a legalização da “morte sem dor“. O projeto prevê a possibilidade de que pessoas com sofrimento físico ou psíquico possam solicitar que sejam realizados procedimentos que visem a sua própria morte. A autorização para estes procedimentos será dada por uma junta médica, composta por 5 membros, sendo dois especialistas no problema do solicitante. Caso o paciente esteja impossibilitado de expressar a sua vontade, um familiar ou amigo poderá solicitar à Justiça tal autorização.
O projeto de lei é bastante falho na abordagem de algumas questões fundamentais, tais como o estabelecimento de prazos para que o paciente reflita sobre sua decisão, sobre quem será o médico responsável pela realização do procedimento que irá causar a morte do paciente, entre outros itens.

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