Circulam na internet notícias das mais diversas fontes sobre o que pode vir a ser o maior negócio do setor varejista brasileiro. Em meio a esse emaranhado ainda mal detalhado, seleciona-se informações essenciais.
Na terça-feira 28 de junho, o Carrefour anunciou, por uma nota em seu site internacional, que recebeu uma proposta de fundir seus ativos brasileiros com o Pão de Açúcar (ou CBD, Companhia Brasileira de Distribuição).
A proposta é de uma transação complexa, mas que, em última análise, consistiria na criação de uma empresa com a participação dos atuais donos do Pão de Açúcar (Casino e família Diniz) e do Carrefour.

Mão do Estado
Quem fez a proposta ao Carrefour foi a Gama, um fundo administrado pelo BTG Pactual. É a Gama que passará a se chamar Novo Pão de Açúcar, se o negócio for fechado, e se tornará o maior acionista do Carrefour, com ao menos 11,7% de participação.
Diniz afirmou que está tentando acordo com Casino. O Carrefour anunciou que seu conselho de diretores avaliará a proposta “nos próximos dias”. O BNDES também analisa a sugestão.
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que avalia se a fusão configura monopólio, ainda não foi oficialmente informado.
Entenda
O gráfico abaixo, divulgado em comunicado da Gama, mostra como seria a estrutura acionária do novo grupo:

Ainda falando da Gama, ela seria controlada pelos atuais acionistas do Grupo Pão de Açúcar (CBD), incluindo a família Diniz e o Casino. Juntos, os acionistas do Grupo Pão de Açúcar passariam a ser proprietários de 78,6% das ações da Gama. Os 21,4% restantes da Gama pertenceriam ao BNDESPar e ao BTG Pactual. A proposta não especifica qual a parcela que o banco de fomento teria isoladamente.
A BlueCapital, citada no diagrama acima, é um acionista do Carrefour na França. Trata-se de uma empresa controlada pelo bilionário francês Bernard Arnault, dono do grupo de luxo LVHM.
Quem ganha
Uma análise publicada no site do “Wall Street Journal” afirma que o “real beneficiário dessa negociação parece ser a Gama, que é financiada pelo governo brasileiro”.
O mesmo texto considera que Abilio Diniz também sai ganhando nessa história. As ações da CBD, por sinal, têm forte alta na bolsa brasileira na terça-feira 28 de junho.
“Para o Carrefour, é uma transação sensível. Eles abrirão mão de parte do controle de sua própria estratégia”, disse à agência Bloomberg o analista Chris Hogbin, da Sanford C. Bernstein.
Briga
Em maio, a imprensa francesa noticiou que Diniz havia procurado o Carrefour para fazer uma proposta de fusão. A notícia irritou o Casino, que recorreu à Câmara Internacional de Comércio para impedir o negócio. Agora, Diniz tenta convencer os donos do Casino de que o negócio será bom também para eles.
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