quarta-feira, 29 de junho de 2011


Lúcia Hippolito

Será que eles vão rir por último?
No início, eram 40 os mensaleiros.
Acusados no Supremo Tribunal Federal por crimes que configuram um verdadeiro passeio pelo Código Penal, os 40 se transformaram em 39 quando Silvio Pereira, ex-secretário nacional do PT, fez acordo para prestar serviços comunitários e teve seu nome retirado da ação.
Os 39 se transformaram em 38 com a morte do ex-deputado José Janene (PP-PR) em setembro de 2010.
Depois de milhares de depoimentos, milhares de páginas de processo, idas e vindas, finalmente o processo do mensalão começa a ficar pronto para ser julgado em 2012.
Mas todo o esforço corre sério risco de ir para a lata de lixo. Isso mesmo.
Poderemos ter os 38 mensaleiros livres, leves e soltos a qualquer momento.
Isto porque, dos 38 acusados, apenas dois têm, atualmente, mandato eletivo. Portanto apenas os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar da Costa Neto (PR-SP) têm direito a foro privilegiado.
Só por causa deles o processo do mensalão continua no STF.
Desde que vários acusados não foram reeleitos, os ministros do Supremo passaram a temer que os dois deputados renunciem a seus mandatos.
Com justas razões.
Com a renúncia, o processo retornaria à justiça comum, lá na primeira instância. E todos os crimes prescreveriam.
Valdemar da Costa Neto, sabemos todos, sempre foi sensível a uma boa conversa.
Quanto a João Paulo Cunha, jamais teve uma ideia própria. Fará o que José Dirceu mandar.
Nesta semana deve ser votada no STF uma questão de ordem sobre a possibilidade de renúncia dos dois deputados.
O STF cogita seriamente de tratar do caso como o Senado tratou de Fernando Collor no caso do impeachment.
Collor renunciou no último momento, mas o julgamento prosseguiu, e ele perdeu a presidência da República.
Se os ministros do Supremo tiverem o mesmo entendimento, de nada adiantará a renúncia.
E já vai dar uma amostra da disposição dos ministros no julgamento.
Vamos torcer. Não é possível que essa camarilha bolchevique que tentou tomar de assalto o Estado brasileiro saia livre.
O deboche seria demasiado.

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