Partido Comunista chileno apresenta ação para investigar morte de Neruda
O Partido Comunista chileno pediu para investigar a morte do prêmio Nobel Pablo Neruda em 1973, ocorrida dias depois do golpe de Estado que instalou a ditadura de Augusto Pinochet, após a denúncia de um assessor de que teria se tratado de um assassinato, e não de câncer, que foi a versão oficial. A ação do Partido Comunista foi apresentada ao juiz Mario Carroza, o mesmo que investiga as causas da morte do ex-presidente Salvador Allende, com base em recentes declarações de um colaborador de Neruda e de um diplomata. Neruda morreu em 23 de setembro de 1973 em uma clínica de Santiago por um câncer de próstata, segundo a versão oficial, 12 dias depois do golpe de Estado que derrubou e provocou a morte de Allende, um dos grandes amigos do poeta. O motorista de Neruda, Manuel Araya, denunciou recentemente que este foi assassinado através de uma injeção no estômago às vésperas de sua viagem para o exílio no México, onde pensava se tornar um relevante opositor da ditadura de Pinochet. Ao depoimento de Araya soma-se a declaração feita neste fim de semana a um veículo da imprensa mexicana pelo ex-embaixador desse país no Chile, Gonzalo Martínez, que esteve com Neruda no dia anterior a sua morte. O advogado Eduardo Contreras, que apresentou a ação em nome do PC, destacou as declarações de Martínez. Segundo Contreras, o diplomata afirma que o poeta "podia conversar tranquilamente, caminhou pelo quarto, trocaram opiniões políticas, descreveu quais objetos pessoais queria levar em sua viagem ao México, expressou dúvidas em relação a deixar o país, pois disse que queria dividir o futuro com o povo". "Essas conjecturas, argumentações e depoimentos obrigam ética, moral e judicialmente a apresentar essa ação, porque sem dúvida Neruda no exílio teria sido algo muito difícil para a ditadura", explicou Contreras.
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