A localização e liquidação do sumo sacerdote do terrorismo islâmico Osama Bin Laden por forças dos Estados Unidos é uma ótima notícia para o mundo e, sem dúvida, para o presidente Barack Obama.
Seu antecessor, o republicano George W. Bush, foi a uma guerra, uma guerra inteira no Afeganistão, durante a qual morreram 640 soldados, milhares ficaram feridos e se gastaram mias de 300 bilhões de dólares sem que o alvo principal — Bin Laden, que derrubou as torres gêmeas em setembro de 2001 e fugiu para as montanhas montado num burrico — fosse sequer arranhado.
A maior potência militar da história, sob Bush, passou mais de sete anos perseguindo em vão, com todos os recursos militares e de espionagem eletrônica imagináveis, o milionário saudita convertido a responsável por um sem-número de atos de barbárie nos EUA, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia.
Agora, com Obama, um presidente democrata enfraquecido pela derrota nas eleições legislativas de novembro passado e sob constante e implacável assédio da direita republicana, Bin Laden finalmente é morto — com o detalhe de que o tiro mortal que recebeu foi num dos olhos — e sepultado no fundo do mar.
A casa onde Osama bin Laden foi morto pelas Forças Especiais dos Estados Unidos em uma operação terrestre em Abbottabad, Paquistão.
O fim de um símbolo
Parece uma atitude de exagerado ceticismo considerar que a morte de Bin Laden, hoje, tem menos importância do que se houvesse ocorrido anos atrás, quando não padecia dos problemas de saúde que o obrigaram a sair de refúgios primitivos e viver na mansão onde foi localizado no Paquistão — problemas esses que os serviços de inteligência americano haviam detectado há algum tempo.
Bin Laden podia estar menos “operacional” do que já esteve, mas era um símbolo fortíssimo, uma fonte de inspiração para a loucura dos homens-bomba, um “pensador” e impulsionador permanente da guerra ao Ocidente — o equivalente, para o radicalismo fundamentalista e, infelizmente, para milhões de jovens muçulmanos em muitos países, uma espécie de mítico Che Guevara, dados os devidos descontos, dos radicais islâmicos de todos os quadrantes.
“Por quase duas décadas, Bin Laden foi o líder e símbolo da Al Qaeda”, disse o presidente no pronunciamento em que, no final da noite, anunciou o fim do terrorista. “A morte de Bin Laden assinala o mais significativo feito até hoje nos esforços de nossa nação para derrotar a Al Qaeda”.
É possível que haja atentados aqui e ali, em represália ao fim desse criminoso fanático, mas a chamada rede Al Qaeda perde, sim, seu cabeça, seu papa, seu guia, o autor dos textos incendiários e das gravações radiofônicas que ajudaram a fazer a cabeça e a forjar projetos de terrorista por todo o vasto território de influência do Islã.
E nada indica que os EUA baixarão sua guarda na luta contra o terrorismo islâmico — pelo contrário, as forças que o combatem passam, agora, a atuar sob novo moral. “A morte de Bin Laden, porém”, disse Obama, “não assinala o final de nosso esforço. Não há dúvida de que a Al Qaeda continuará a tentar ataques contra nós. Devemos e iremos permanecer vigilantes, no país e no exterior”.
Multidão comemora morte do terrorista Osama bin Laden na frente da Casa Branca, em Washington, na noite deste domingo.
O júbilo nas ruas e as chances de Obama em 2012
Pouca coisa, se é que alguma, poderia ser melhor para as chances de reeleição de Obama em 2012 do que as notícias vindas do Paquistão, que levaram júbilo às ruas de várias cidades americanas.
Neste momento, o jornal The New York Times tem postada, entre dezenas de matérias, uma em que assinala:Para Obama se consolidar definitivamente como candidato sólido será preciso que os sinais de crescimento da economia e da oferta de emprego nos EUA se consolidem e que a situação no Iraque permita a retirada de um significativo contingente de soldados americanos antes da eleição.
“As notícias desataram uma extraordinária manifestação de emoção em multidões que acorreram diante da Casa Branca, na Times Square [no centro de Nova York] e no Marco Zero [o imenso terreno, em obras, onde ficavam as Torres Gêmeas], agitando bandeiras americanas, celebrando, rindo e gritando o refrão ‘U.S.A., U.S.A.!’ Em Nova York, multidões cantavam o Hino Nacional. No centro de Washington, motoristas buzinaram até alta madrugada”.
Já uma retirada, mesmo parcial, de forças do Afeganistão é uma interrogação, devido à instabilidade do país, à crescente ameaça dos talibãs e ao governo frouxo e corrupto do presidente Hamid Karzai, virtualmente colocado no posto pelo presidente George W. Bush e apoiado pelo governo Obama.
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