Apesar de ter falado em "concessões dolorosas" e da verdadeira ovação que recebeu ao longo dos seus 40 minutos de discurso no Congresso americano, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, passou longe de agradar aos palestinos.
- Estou disposto a fazer dolorosas concessões para atingir essa paz histórica. Israel vai achar um modo de forjar uma paz duradoura com os palestinos. É minha responsabilidade conduzir o meu povo à paz, declarou.O chefe do Estado judeu foi firme em relação a Jerusalém, um dos principais pontos de atrito entre israelenses e palestinos:
- Não é fácil para mim. Isso não é fácil, porque eu reconheço que a verdadeira paz necessitará da entrega de partes da terra natal ancestral dos judeus, acrescentou.
- Só um Israel democrático pôde proteger todas as fés em Jerusalém para judeus, cristãos e muçulmanos(...) Jerusalém nunca mais será dividida. E continuará a ser a capital de Israel.Causou desconforto, sobretudo, a insistência em garantir que Jerusalém não será novamente dividida, o que levou Nabil Shaath, assessor do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a se referir ao discurso como uma "declaração de guerra contra os palestinos".
Também em nome de Abbas falou seu porta-voz Nabil Abu Rudeinah, que acusou Israel de novamente "colocar empecilhos para a paz".
- Para nós, a paz significa um Estado Palestino nas fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental como sua capital. Também não vamos aceitar nenhuma presença israelense no Estado Palestino, em especial, ao longo do Rio Jordão - declarou Rudeinah.Mesmo aplaudidas, as declarações de Netanyahu entram em confronto com o discurso da semana passada do presidente americano, Barack Obama, que defendeu um acordo para a criação de um Estado palestino que tenha como base as fronteiras anteriores a 1967, ano da Guerra dos Seis Dias.
- Israel não vai voltar às indefensáveis fronteiras de 1967 - declarou Benjamin Netanyahu.Numa declaração evasiva, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, se disse satisfeito com o "comprometimento israelense na solução de dois Estados".
Netanyahu pediu que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmou Abbas, reconheça a existência de Israel. Segundo ele, esta seria a forma de pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos.
- O conflito (no Oriente Médio) não é sobre a o Estado palestino, mas sim sobre a existência do Estado judeu(...) O presidente Abbas deve fazer o que fiz e aceitar um Estado vizinho. O presidente Abbas deve dizer ao seu povo: 'Eu aceito um Estado judeu'.O único momento em que Netanyahu se viu acuado durante o discurso foi quando o premier foi brevemente interrompido por uma manifestante que ergueu uma faixa e gritou da galeria: "Ocupação não, acabem com os crimes de guerra israelenses". A polícia retirou a mulher do local logo em seguida. O primeiro-ministro reagiu, arrancando muitos aplausos:
- Você não tem esse tipo de prostesto no Parlamento de Teerã e Trípoli. Está é uma verdadeira democracia.Cética, a imprensa israelense destacou o que tratou como promessas vazias do premier, além da confirmação da estagnação do processo de paz.
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FOTOGALERIA: Imagens e os principais trechos do aplaudido discurso de Netanyahu - clique
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