Sérvia: protestos contra a prisão de Ratko Mladic
Uma multidão virou a noite de domingo - 29 de maio - fazendo protestos contra a prisão de Ratko Mladic. A detenção do ex-general servo-bósnio, acusado de atrocidades contra milhares de muçulmanos, representou uma vitória para o governo pró-ocidente e arriscou também despertar a ira dos nacionalistas da velha guarda, em um país com uma história de protestos violentos. Até o momento, cerca de cem pessoas foram presas e 16 sofreram ferimentos leves durante protestos em Belgrado.
A manifestação teve como resultado a depredação de lixeiras, sinais de trânsito e fogos de artifício cruzando o céu da capital sérvia. Policiais fizeram o isolamento e bloquearam o avanço dos protesto até o centro da capital. De acordo com médicos procurados em hospitais locais, seis dos feridos eram policiais. A polícia se manteve nas ruas durante todo o episódio.
Os confrontos começaram depois de um comício que atraiu pelo menos sete mil manifestantes, muitos cantando músicas nacionalistas, carregando bandeiras e usando camisetas em homenagem a Mladic, o ex-general servo-bósnio. Alguns cantavam palavras de ordem de extrema-direita e outros chegaram a fazer a saudação nazista.
Defensores da extrema-nacionalista do Partido Radical Sérvio foram de ônibus até o local dos confrontos. Extremistas de direita e grupos de hooligans também seguiram a multidão em grande número, criando o maior teste para o sentimento sérvio desde de a detenção de Mladic.
Manifestas consideram Mladic um herói nacional
Os manifestantes, que consideram Mladic um herói, disseram, que a Sérvia não deve entregá-lo ao tribunal de Haia da ONU, para ser julgado por crimes de guerra, na Holanda.
- A cooperação com o tribunal de Haia representa traição - disse um porta voz do Partido Radical, Lidija Vukicevic, no meio da multidão. - Este é um protesto contra a prisão vergonhosa de um herói sérvio.
O grupo exige ainda a destituição do presidente sérvio, Boris Tadic, que ordenou a detenção de Mladic. O grupo afirma que "Tadic não é a Sérvia".
Mais de três mil policiais foram mobilizados para fazer a segurança de prédios do governo e embaixadas ocidentais, com o temor de que a manifestação se tornasse mais violenta. O batalhão de choque da polícia tentou bloquear ruas e impedir pequenos grupos de extremistas de chegar ao pontos de conflito.
Nacionalistas estão furiosos com o governo sérvio que prendeu Mladic, na última quinta-feira - 26 de maio, depois de quase 16 anos foragido. O ex-general de 69 anos, foi encontrado na casa de um parente em um vilarejo do norte da Sérvia.
O tribunal da ONU é encarregado do caso de Mladic, acusado de genocídio em 1995 e de ter orquestrado o massacre de cerca de oito mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica, além de outros crimes de guerra na Bósnia entre 1992 e 1995.
A detenção de Mladic é considerada crítica para os esforços da Sérvia em se juntar à União Europeia e para a reconciliação na região após uma série de guerras étnicas da década de 1990.
O filho de Mladic, Darko Mladic, disse que, apesar das acusações contra seu pai, acredita que o ex-general não foi responsável pelas execuções em massa cometidas por suas tropas em Srebrenica, em julho de 1995.
- Tudo o que foi feito nas costas dele não é de sua responsabilidade - disse Darko Mladic.
O massacre de Srebrenica é considerado a pior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. As tropas servo-bósnias, sob o comando de Mladic, capturaram meninos e homens muçulmanos e os executaram durante vários dias, enterrando seus corpos em valas comuns na região.
Os promotores dizem que há provas convincentes de que Mladic ordenou pessoalmente e supervisionou todas as execuções em Srebrenica.
Entretanto, os nacionalistas sérvios ainda consideram Mladic um herói - o ex-general, contra todas as probabilidades, tentou defender os sérvios no conflito bósnio. Entre os seus homens, Mladic ordenou devoção e muitos soldados servo-bósnios comprometeram-se a segui-lo até a morte.
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