quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carros híbridos e elétricos: Brasil vai na contramão e, em vez de estimular, pune com imposto quem quer comprar

Toyota Prius: lá fora, 39 mil reais; no Brasil, de 100 mil para cima.

A presidente Dilma Rousseff, declaradamente entusiasta das energias alternativas, bem que poderia explicar o mistério pelo qual o governo brasileiro, agindo como aquele soldado do batalhão que marcha com passo errado e e acha que só ele está certo, em vez de incentivar os carros elétricos ou híbridos importados, faz o contrário: taxa-os pesadamente.
Melhor ainda seria a presidenta explicar que fim levaram as conclusões de um grupo de estudos criado em 2009, durante o governo Lula, para analisar a questão e propor políticas. O grupo tinha à frente um representante do Ministério da Fazenda, fez audiências com diversos setores da indústria automobilística brasileira a respeito de veículos híbridos (que têm motor a combustão, mas cuja rodagem alimenta baterias elétricas) ou movidos a eletricidade e enviou técnicos ao exterior para ver como é tratada a questão nos países mais industrializados.
O antecessor de Dilma estava para anunciar um plano de ação para esses veículos em maio de 2010, mas cancelou o ato e nunca mais se falou no assunto.

Versão híbrida do Honda Fit: no Japão, pouco mais de 30 mil reais

Um setor da indústria automobilística, de que fazem partes fábricas japonesas, vem pressionando o governo para que os elétricos ou híbridos sejam tributados mais ou menos da forma como ocorreu com os veículos de motor 1.0, mais econômicos, e cuja compra sucessivos governos vêm estimulando com apenas 7% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a alíquota mais baixa para automóveis.
Pressão contrária exerce o setor mais tradicional da indústria, que está menos avançado em lançamento de híbridos e elétricos e gostaria de manter as coisas como estão.
Por desatualização da legislação em relação ao mundo em que vivemos — que continua taxando os veículos com base no tipo de motor que usam, mas não inclui em categoria alguma os produtos da modernidade –, híbridos e elétricos foram remetidos para a classificação geral de “outros”, e pagam o IPI mais salgado: 25% do preço. Some-se a isso os 12% de ICMS, mais o IPVA e por aí vai.
Bem diferente de países europeus e do Japão, que taxam menos híbridos e elétricos e, no caso destes, conferem bônus para quem compra, que podem atingir 5 mil dólares. Um Honda Fit híbrido custa, no Japão, muito razoáveis 18.600 dólares (pouco mais de 30 mil reais). No Brasil, um Honda Fit a gasolina custa algo como 55 mil reais.
Nos EUA, o modelo mais básico do híbrido Toyota Prius, o Prius Two, custa 23.050 dólares (39 mil reais). Aqui, os raríssimos modelos à venda não saem por menos de 100 mil reais.
Por falar no Prius, vejam que coisa de Primeiro Mundo: todos os táxis da bela cidade de Vancouver, no Canadá (3 milhões de habitantes na região metropolitana), são esses híbridos japoneses.

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