sexta-feira, 4 de março de 2011

Morre Aracy de Carvalho, viúva do escritor Guimarães Rosa, aos 102 anos

Morreu, em São Paulo, no Hospital Albert Eisntein, Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, viúva do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), aos 102 anos de idade em decorrência do mal de Alzheimer. Aracy e Guimarães Rosa se conheceram na Alemanha, enquanto trabalhavam no consulado do Brasil em Hamburgo. Ela se notabilizou como uma humanista, encarregada da seção de vistos, Aracy ajudou dezenas de famílias judias a fugirem da Alemanha viabilizando inúmeros vistos brasileiros para os perseguidos, contrariando determinações do Ministério das Relações Exteriores.
O truque de Aracy - apelidada de "o Anjo de Hamburgo", era bem simples: colocar as solicitações de vistos no meio de outros papéis para que o cônsul da época aprovasse sem perceber. Também não colocava nelas a letra "J", que identificava os cidadãos então perseguidos por Adolf Hitler.
Por seus serviços em prol dos judeus, desde 1982 ela tem seu nome inscrito numa placa no Jardim dos Justos entre as Nações, no Museu do Holocausto, em Israel. É homenageada também no Museu do Holocausto em Washington.
Ela acabou se colocando contra a ditadura brasileira, nos anos 60.
- Em 1968, ela escondeu o Geraldo Vandré, sobrinho de uma amiga sua, até que ele conseguisse fugir do país - lembra sua neta Vera Tess, de 47 anos.
Nascida em Rio Negro, Pará, Aracy ainda criança mudou-se para São Paulo. Por falar fluentemente inglês, francês e alemão, acabou indo para a Alemanha depois de se separar do primeiro marido
Foi a ela que o escritor Guimarães Rosa dedicou o seu livro mais conhecido, "Grande Sertão: Veredas", publicado em 1956. Na obra Guimarães Rosa fez uma dedicatória a mulher: "A Aracy, minha mulher, Ara, pertence este livro".
Aracy era a segunda esposa do escritor mineiro Guimarães Rosa.

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