Gaúcho Jairton Dupont está entre os 100 maiores químicos do mundo
Muito trabalho, força de vontade e gosto pelo desafio. Essas são as matérias-primas que o químico Jairton Dupont, 51, considera essenciais para o crescimento acadêmico e para sua figuração na lista dos cem químicos mais influentes da década. Elaborado pela empresa Thomson Reuters, que tradicionalmente mapeia as publicações científicas mundo afora, o ranking traz Dupont como o único brasileiro presente, na 83ª colocação. As pesquisas de Dupont, que é professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), visam ao desenvolvimento e estudo de líquidos iônicos orgânicos, principalmente para aplicação na indústria petroquímica. "Do ponto de vista pessoal, fico bastante contente, mas, pensando de forma geral, acredito que temos um reflexo de uma política", diz o químico nascido em Farroupilha (RS), lamentando a ausência de outros brasileiros e de outros países emergentes, como China e Rússia. Na lista, são 70 químicos dos Estados Unidos, sete da Alemanha e quatro do Reino Unido. "As instituições em que se concentram 80% dos químicos selecionados têm tradição no ensino por meio da pesquisa e possuem muito mais estudantes de pós-graduação do que de graduação", afirma Dupont. "A graduação também é importante, mas instituições conhecidas por sua excelência em pós devem se especializar, focar essa área". O critério para a elaboração da lista foi o número de citações de cada cientista em trabalhos acadêmicos. Todos os seus integrantes publicaram pelo menos 25 artigos e foram citados em pelo menos 50 diferentes publicações. Contrário à escolha de dirigentes acadêmicos por eleições e a concursos públicos para professores-pesquisadores, ele define o sistema brasileiro como "pseudodemocracia universitária": "Lá fora, as escolhas são feitas por capacitação e mérito". Dupont também não acredita no sucesso de instituições dedicadas unicamente à pesquisa, e não ao ensino. Segundo ele, o fracasso desse tipo de entidade está historicamente comprovado. Sobram críticas aos cursos noturnos de graduação. "São um desperdício de dinheiro", diz. Dupont defende que o retorno seria maior se houvesse bolsas de estudo para alunos em período integral: "É um investimento muito melhor, porque a pessoa vai ser formar no tempo normal, em quatro anos ou até menos, e vai estar muito mais bem preparada". Mas a ciência não é a única vocação de Dupont. "O maior prazer que tenho é cozinhar. Tenho uma cozinha de 20 metros quadrados, outro laboratório. Certamente, quando me aposentar, vou querer abrir um restaurante". Outro motivo de felicidade é a filha, hoje com dois anos de idade: "Sou um dos homens mais sortudos na vida por ter tido uma filha já depois de, digamos, velho".
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