quinta-feira, 31 de março de 2011

Arquidiocese de Porto Alegre tenta reaver R$ 2,5 milhões após suspeita de golpe

A Arquidiocese de Porto Alegre tenta reaver R$ 2,5 milhões após uma suspeita de golpe. Este valor teria sido repassado ao vice-cônsul português na Capital, Adelino D'Assunção Nobre de Melo Vera Cruz Pinto, que conduziu negociações com uma ONG belga para reformar igrejas no Estado.
Em busca de verba para restaurar as igrejas Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, e Bom Senhor, em Triunfo, párocos gaúchos procuraram o Vice-Consulado de Portugal na Capital no primeiro semestre do ano passado. Na ocasião, o vice-cônsul afirmou que ajudaria a conseguir os recursos pelo Projeto de Restauração do Patrimônio de Origem Portuguesa.
Adelino Pinto teria se oferecido para levar os documentos a Portugal, durante uma visita ao pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Luís Inácio Ledur.
Um mês depois, o vice-cônsul confirmou que uma ONG belga, ligada ao governo português, ajudaria nas duas obras, repassando 70% do total necessário. Adelino Pinto chegou a anunciar o acordo à imprensa em novembro e a notícia foi publicada no site da Embaixada portuguesa.
Em dezembro, três párocos gaúchos se reuniram em Lisboa com a representante da ONG belga Patrimônio de Restauração, Teresa Falcão e Cunha, que confirmou o investimento de R$ 12 milhões na reforma das igrejas. Porém, a Arquidiocese de Porto Alegre teria que depositar R$ 2,528 milhões na conta da ONG, como contrapartida.
A exigência surpreendeu os gaúchos, mas, após tratativas que incluíram até o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, foi acertado o depósito na conta do vice-cônsul, que se comprometeu em repassar a verba até o final de janeiro. O prazo terminou, porém o dinheiro não veio.
A Arquidiocese tentou, sem sucesso, reaver o depósito inicial, mas o vice-cônsul já havia repassado o valor para a ONG, mesmo tendo registrado em cartório que não mexeria no recurso. Ele alegou que era preciso para o andamento do acordo.
Preocupados, os párocos registraram ocorrência na 1ª Delegacia de Porto Alegre. O delegado Paulo César Jardim ouviu o padre Inácio, juntou provas, mas não pôde concluir a investigação, porque Adelino Pinto tem imunidade consular. O caso precisa ser encaminhado ao governo brasileiro, que deve repassá-lo a autoridades portuguesas.
A Polícia procurou a o Vice-Consulado, que alegou desconhecer o negócio.


Vice-cônsul português nega desvio de dinheiro de doações da Igreja Católica

Adelino Vera Cruz Pinto

Um suposto golpe contra a Arquidiocese da Igreja Católica de Porto Alegre está mobilizando o governo de Portugal, que enviará emissário para tentar esclarecer o sumiço de R$ 2,5 milhões destinados à restauração de duas paróquias. Representando o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Vítor Sereno vai comandar uma inspeção diplomática para apurar o envolvimento do vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Vera Cruz Pinto, no caso. O diplomata teria recebido o dinheiro da Arquidiocese como contrapartida às obras e deveria devolvê-lo até 31 de janeiro, o que não ocorreu. O padre Leandro Padilha, da Arquidiocese de Porto Alegre, diz: "Como estamos tratando com o vice-cônsul de Portugal e levando em conta as boas relações com o Brasil, acredito que tudo vai ser resolvido e teremos o dinheiro de volta. Na sexta-feira - 25 de março, a embaixada de Portugal mandou dois representantes para conversar com dom Dadeus, arcebispo de Porto Alegre. Na segunda-feira - 28 de março - à noite o vice-cônsul nos ligou para dizer que até 11 de abril o dinheiro será devolvido".
O vice-cônsul reconheceu que falhou em movimentar o depósito, mas diz que o fez para agilizar a liberação do recurso para reformar as igrejas. Adelino Pinto promete devolver no dia 11 de abril pelo menos o dinheiro depositado pelos párocos gaúchos.


Dinheiro da Arquidiocese de Porto Alegre estaria com a ONG responsável pela doação

Delegado Paulo Jardim apresentou
provas do golpe contra a Arquidiocese



Uma troca de e-mails indica que os R$ 2,5 milhões utilizados como caução por padres gaúchos para garantir recursos para a reforma de duas Igrejas está em poder da ONG que faria a doação. A ação faria parte de um suposto golpe na Arquidiocese de Porto Alegre. A quantia prometida para as obras é de R$ 12 milhões.
As mensagens foram trocadas entre o padre Luís Inácio Ledur, responsável pelas restaurações na capital, o vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Pinto, e Teresa Falcão e Cunha, da ONG com atuação na Europa. Numa das mais recentes, em março deste ano, o vice-cônsul pede à Teresa Falcão que devolva o dinheiro adiantado pela Arquidiocese ou que dê seguimento ao projeto de reforma.
Isso para evitar transtornos a ele. Em outro e-mail, Teresa Falcão pede ao padre Ledur a saída do vice-consul das negociações devido a pressões que ele faz para receber o dinheiro de volta. Ela diz ainda ao religioso que o processo de doação de verba é moroso e requer paciência, que tudo será resolvido.
Em outro e-mail, Teresa, da ONG, diz ao padre que a participação de Adelino poderia provocar investigações da Receita Federal e até do Vaticano.
Para Amadeu Weinmann, advogado do vice-consul, o diplomata não se envolveu nas tratativas.

PS: A contrapartida da Igreja foi depositada na conta do vice-cônsul.

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