Em busca de verba para restaurar as igrejas Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, e Bom Senhor, em Triunfo, párocos gaúchos procuraram o Vice-Consulado de Portugal na Capital no primeiro semestre do ano passado. Na ocasião, o vice-cônsul afirmou que ajudaria a conseguir os recursos pelo Projeto de Restauração do Patrimônio de Origem Portuguesa.
Adelino Pinto teria se oferecido para levar os documentos a Portugal, durante uma visita ao pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Luís Inácio Ledur.
Um mês depois, o vice-cônsul confirmou que uma ONG belga, ligada ao governo português, ajudaria nas duas obras, repassando 70% do total necessário. Adelino Pinto chegou a anunciar o acordo à imprensa em novembro e a notícia foi publicada no site da Embaixada portuguesa.
Em dezembro, três párocos gaúchos se reuniram em Lisboa com a representante da ONG belga Patrimônio de Restauração, Teresa Falcão e Cunha, que confirmou o investimento de R$ 12 milhões na reforma das igrejas. Porém, a Arquidiocese de Porto Alegre teria que depositar R$ 2,528 milhões na conta da ONG, como contrapartida.
A exigência surpreendeu os gaúchos, mas, após tratativas que incluíram até o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, foi acertado o depósito na conta do vice-cônsul, que se comprometeu em repassar a verba até o final de janeiro. O prazo terminou, porém o dinheiro não veio.
A Arquidiocese tentou, sem sucesso, reaver o depósito inicial, mas o vice-cônsul já havia repassado o valor para a ONG, mesmo tendo registrado em cartório que não mexeria no recurso. Ele alegou que era preciso para o andamento do acordo.
Preocupados, os párocos registraram ocorrência na 1ª Delegacia de Porto Alegre. O delegado Paulo César Jardim ouviu o padre Inácio, juntou provas, mas não pôde concluir a investigação, porque Adelino Pinto tem imunidade consular. O caso precisa ser encaminhado ao governo brasileiro, que deve repassá-lo a autoridades portuguesas.
A Polícia procurou a o Vice-Consulado, que alegou desconhecer o negócio.
Vice-cônsul português nega desvio de dinheiro de doações da Igreja Católica
Adelino Vera Cruz Pinto
O vice-cônsul reconheceu que falhou em movimentar o depósito, mas diz que o fez para agilizar a liberação do recurso para reformar as igrejas. Adelino Pinto promete devolver no dia 11 de abril pelo menos o dinheiro depositado pelos párocos gaúchos.
Dinheiro da Arquidiocese de Porto Alegre estaria com a ONG responsável pela doação
Uma troca de e-mails indica que os R$ 2,5 milhões utilizados como caução por padres gaúchos para garantir recursos para a reforma de duas Igrejas está em poder da ONG que faria a doação. A ação faria parte de um suposto golpe na Arquidiocese de Porto Alegre. A quantia prometida para as obras é de R$ 12 milhões.
As mensagens foram trocadas entre o padre Luís Inácio Ledur, responsável pelas restaurações na capital, o vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Pinto, e Teresa Falcão e Cunha, da ONG com atuação na Europa. Numa das mais recentes, em março deste ano, o vice-cônsul pede à Teresa Falcão que devolva o dinheiro adiantado pela Arquidiocese ou que dê seguimento ao projeto de reforma.
Isso para evitar transtornos a ele. Em outro e-mail, Teresa Falcão pede ao padre Ledur a saída do vice-consul das negociações devido a pressões que ele faz para receber o dinheiro de volta. Ela diz ainda ao religioso que o processo de doação de verba é moroso e requer paciência, que tudo será resolvido.
Em outro e-mail, Teresa, da ONG, diz ao padre que a participação de Adelino poderia provocar investigações da Receita Federal e até do Vaticano.
Para Amadeu Weinmann, advogado do vice-consul, o diplomata não se envolveu nas tratativas.
PS: A contrapartida da Igreja foi depositada na conta do vice-cônsul.
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