Imperador do Japão faz discurso inédito e considera crise “imprevisível”
Em discurso sem precedentes transmitido pela televisão, Akihito, imperador do Japão, disse estar “profundamente preocupado” com os problemas em vários reatores da usina de Fukushima e pediu ao povo japonês que aja com compaixão “para superar tempos tão difíceis”. Ele classificou como “imprevisível” a crise nuclear na usina de Fukushima, consequência do terremoto. Akihito nunca tinha feito um discurso transmitido em rede nacional de televisão, nem mesmo após o terremoto de Kobe, em 1995, que matou mais de 6 mil pessoas. O discurso foi gravado em vídeo. Os comentários foram os primeiros do imperador, de 77 anos, desde o terremoto. Akihito demonstrou preocupação com os sobreviventes do desastre e agradeceu às equipes de resgate que trabalham sob difíceis condições. Akihito, cujas aparições públicas são raríssimas, admitiu que o balanço de mortos na catástrofe aumentará. “Espero sinceramente que possamos impedir que a situação piore, graças aos esforços de todos os que participam das operações de resgate e limpeza”, declarou. Akihito afirmou que os problemas nos reatores nucleares eram imprevisíveis após um terremoto que ele descreveu como “de uma escala sem precedentes”. “Espero do fundo do meu coração que as pessoas, de mãos dadas, tratem umas às outras com compaixão e superem esses momentos difíceis”, afirmou, pedindo aos sobreviventes que não abandonem a esperança. O Japão passa por uma crise que o primeiro-ministro, Naoto Kan, disse ser a mais grave no país desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Os vizinhos acompanham preocupados a situação japonesa. A China suspendeu a aprovação de todos os projetos de usinas nucleares, incluindo os que se encontravam nos estágios iniciais, alegando a necessidade de revisar os padrões de segurança. O país também passou a exigir verificações de segurança em todas as usinas já existentes, de acordo com pronunciamento do Conselho de Estado. Pequim disse também que os níveis de radiação medidos na China permaneciam normais e que especialistas concluíram que o vento deve dissipar a radiação emitida pela usina de Fukushima sobre o Oceano Pacífico, longe da China.
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