Lula ganha carro de empresário acusado de espalhar a doença da “vaca louca” na França
O ex-presidente Lula ganhou de presente um carro do libanês Youssef Chataoui, empresário que se estabeleceu no Brasil após ser preso e acusado de se envolver na disseminação da doença da “vaca louca” na França, em 2001, por importação ilegal de insumos contaminados para ração animal. Em nome de sua empresa, a AgroStar, as chaves do veículo foram entregues a Lula como “doação” ao Instituto Cidadania, onde Lula despacha, com direito a fotos e aplausos no jantar com a comunidade árabe no Clube Monte Líbano, com mais de 500 convidados. Chataoui é sócio majoritário da AgroStar do Brasil, criada em 2002 para atuar em importação, exportação e fabricação de alimentos para animais. Na França, constam em seu nome e com o mesmo endereço comercial as empresas AgroStar e a Euro Feed Industries (EFI), esta, pivô da investigação na Justiça francesa sobre o surgimento da doença. Em seu escritório em São Paulo, funcionários informaram que ele é “amigo pessoal” de Lula e que a empresa não estava interessada em divulgar a doação. O libanês foi preso em outubro de 2001, no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, quando tentou embarcar para São Paulo. De acordo com o noticiário local, ele pensava em “reconstruir sua vida” no Brasil, porém, foi detido porque estava sob “supervisão judicial” e havia meses que parara de comparecer semanalmente ao posto policial de Boulogne (França), conforme acordo judicial. Sua defesa alegou que a viagem era de trabalho e que ele visitaria fornecedores brasileiros. A assessora de Lula, Clara Ant, afirmou que apenas o doador poderia dar esclarecimentos sobre o presente e que o Instituto Cidadania existe há muitos anos e está “apto” a receber doações. Por estar ocupada com tratativas da agenda da viagem de Lula a Portugal, não poderia dar esclarecimentos sobre um ou outro presente.
Funcionários da AgroStar informaram que a empresa “não quer sair na imprensa”. O diretor, que se identificou como Omar, disse que o veículo é um "utilitário", para uso institucional da entidade de Lula; que a doação foi feita por meio de "pessoa física"; e que Chataoui entraria em contato para esclarecimentos, o que não ocorreu.
O condomínio registrado como endereço residencial de Chataoui informou que ele não mora no prédio, localizado em Higienópolis, bairro de luxo da capital paulista.
Um dos advogados de Youssef Chataoui em Paris informou que ele foi absolvido.
- "Sou o advogado dele, mas não posso falar pelo meu cliente. Ele foi absolvido, e o caso está encerrado" - disse François Proust, da firma de advocacia de Jean-Louis Cocusse, que representou Chataoui em 2001.
O carro que Lula ganhou para o Instituto Cidadania, segundo o assessor Paulo Okamoto, é da General Motors, para “uso executivo” e conta com blindagem completa. Um modelo Captiva blindado, por exemplo, custaria cerca de R$ 130 mil.
Okamoto negou que Lula tenha relação com o libanês, que, por sua vez, sustenta ser “amigo pessoal” do petista.
- "Esse empresário não tem relação com Lula. Quem, em tese, deu o presente foi o pessoal que organizou o evento de homenagem a Lula. O carro é da General Motors. É de uso executivo blindado, mas não vamos falar a placa, número e cor", disse Okamoto.
- "Foi dado e não roubado, né? Vamos pegar com o maior gosto. Se é de um empresário que tem negócios lícitos no Brasil, partimos do pressuposto que é uma pessoa de bem", completou Okamoto.
O empresário [ Youssef Chataoui ] foi orientado a não falar com a imprensa e estaria com receio da divulgação de seu nome. No entanto, subiu ao palco diante de cerca de 500 convidados da comunidade árabe, no jantar em homenagem a Lula para fazer a entrega “simbólica” das chaves do carro a Lula.
Assediado na saída do evento, Lula não quis conceder entrevistas e repetiu diversas vezes que está "desencarnando". Ele tem despachado no Instituto Cidadania, em São Paulo.
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