Josias de Souza
Lupi diz que Brasil pode lucrar com o drama japonês
Se a sensibilidade auditiva mudasse para o nariz, certas declarações exalariam um mau cheiro insuportável.
Enquanto o Japão conta cadáveres e foge da radiação, o ministro Carlos ‘Lupinho’ (Trabalho) disse que o Brasil pode lucrar com a tragédia.
O ministro desfiou o seguinte raciocínio: de saída, o infortúnio japonês pode levar à demissão de trabalhadores no Brasil.
Mencionou setores como o de minério e de siderurgia, que exportam muito para o Japão.
Num segundo instante, porém, essas dispensas seriam compensadas pelo aquecimento das exportação de outros segmentos – o de alimentos, por exemplo.
"O Brasil vai acabar, apesar de não desejarmos essa tragédia para ninguém, não tendo prejuízo, até ganhando com isso", disse ‘Lupinho’.
"Ao mesmo tempo que vai ter o efeito [negativo] em alguns setores de minérios, vai ter um efeito de melhorar outros setores de exportação...”
“...Perde por um lado e ganha para outro, mas a média acho que será positiva".
Dito de outro modo: para ‘Lupinho’, o infortúnio do povo japonês será um ótimo negócio para a balança comercial brasileira.
Como comentarista econômico, o ministro revela-se um ser humano precário. 'Lupinho' renderia homenagens à sensibilidade se dissesse a mesma coisa de outro modo.
Coisa assim: "O drama do Japão dói na alma do brasileiro. Diante da tragédia humana, as consequências econômicas vão a um segundíssimo plano. Saberemos responder à eventual perda de empregos no Brasil. Nesse momento dramático, importa realçar o seguinte: O Brasil está pronto para atender o Japão em todas as demandas que resultarão do esforço de reconstrução dessa nação amiga”.
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