domingo, 13 de março de 2011

Josias de Souza
Enviado do Irã tenta aproximação com gestão Dilma
Sem alarde, desembarcou em Brasília um assessor do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Chama-se Ali Akbar Javanfekr. Vem a ser o mandachuva da área de comunicação do governo do Irã.
Responde pela assessoria de imprensa de Ahmadinejad e preside a Irna (Agência Nacional de Notícias do Irã).
Veio ao Brasil com o propósito de assegurar que, sob Dilma Rousseff, o governo mantenha a política de aproximação com o Irã inaugurada por Lula.
Depois de sua posse, Dilma pronunciou declarações alvissareiras. Diferenciou-se de Lula e tomou distância de Teerã.
Condenou as violações aos direitos humanos. E disse que a tradição e a religião não justificam o tratamento dispensado à iraniana Sakineh Ashtiani.
Acusada de adultério e de cúmplice do assassinato do ex-marido, Sakineh foi condenada, primeiro, à morte por apedrejamento.
Depois, sob pressão internacional, o Irã passou a difundir a informação de que, em vez das pedradas, Sakineh poderia ser executada por enforcamento.
Para a imprensa, o emissário de Ahmadinejad disse que não há propriamente uma “preocupação” do Irã em relação a Dilma.
O que existe, segundo ele, é uma “expectativa”. O governo iraniano espera que Dilma preserve as relações com o Irã.
"[...] As duas partes têm certas responsabilidades para conservar todas as conquistas e essa aproximação que começou com o presidente Lula...”
“...Trabalhamos muito para chegar a esse ponto de diálogo entre os dois países".
Nos seus contatos brasilienses, o assessor de comunicação de Ahmadinejad recorre a dois argumentos.
Menciona uma suposta "influência espiritual" do Irã sobre países do Oriente Médio, do Norte da África e da Ásia.
Nações que, segundo ele, ligam-se ao Irã porque professam o islamismo, religião oficial do regime teocrático de Teerã,
De resto, ele exibe uma pesquisa que diz ter sido feita nesses países "amigos". Na sondagem, Ahmadinejad aparece como dono de alta “popularidade" na região.
Juntando religião e “popularidade”, o auxiliar de Ahmadinejad vende a tese segundo a qual "a relação com o Irã é uma vantagem para o Brasil”.
Afirma que convém a Dilma “conservar" o que foi "conquistado" na Era Lula.
"Nós temos que ter mais responsabilidade, mais cuidado com os assuntos que podem, de certa forma, existir...”
“Temos que evitar algumas declarações que consideramos inadequadas sobre algumas questões e, de certa forma, cuidar mais das relações...”
“...Estou aqui não para expressar preocupações. Estou aqui para expressar aqueles que são pontos comuns entre nós”.
Se tiverem um mínimo de bom senso, as autoridades brasileira farão ouvidos moucos para a pregação do emissário do companheiro-ditador Ahmadinejad.
O chefe do visitante só não virou alvo de enfurecidas manifestações internas porque, no Irã, críticos e opositores do regime receiam o relho.

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