Ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-socialista e ex-presidente, Lula injetou em sua biografia uma nova qualificação: empresário.
Aos 65 anos, registrou na Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) sua primeira empresa para oficializar sua mais recente profissão: a de palestrante.
Traz na logomarca as iniciais do dono: LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda..
O registro foi feito em 18 de março. Lula tem como sócio o amigo, ex-assessor e ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
O mesmo Okamotto que, em 2006, disse que pagou do próprio bolso R$ 29 mil de uma dívida de Lula com o PT.
Amigo de Lula há mais de 30 anos, Okamotto acompanha o ex-presidente desde os tempos em que ele presidia o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. No governo lulista, foi presidente do Sebrae nacional. Em 2006, quando o então presidente era acusado de não explicar a quitação de uma dívida de R$ 29 mil com o PT, Okamotto afirmou que havia dado o dinheiro para que Lula encerrasse o empréstimo feito junto ao PT e que ele não havia pago. Agora, no "pós-Lula", Okamotto retomou as rédeas do Instituto Cidadania e é o articulador da Oscip que vai abrigar os projetos de Lula, além de ser o sócio da nova empresa.Okamotto se diverte: "Agora o presidente é empresário. Vocês reclamavam que ele não tinha estudado, e agora ele tem alguns títulos de doutor honoris causa".
O ex-presidente deve montar ainda o Instituto Lula para poder receber verbas de empresas e assim desenvolver seus projetos.
O capital de abertura da nova empresa é mixuruca: R$ 100 mil. Menos que o preço médio das palestras que o neoempresário comercializa: entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.
No papel, a sede da firma que faz do gogó de Lula um produto será o apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP).
Uma dessas palestras foi feita no mês passado para uma indústria de eletrônicos, a LG, ao custo de R$ 150 mil. Esta semana, o ex-presidente embarca para os Estados Unidos para outra atividade remunerada, desta vez em um encontro organizado pela Microsoft.
Com a formalização do negócio, Lula fica autorizado a entregar nota fiscal à clientela e obrigado a recolher os tributos devidos.
Programas energéticos para países africanos
Um dos projetos do ex-presidente Lula deverá ser a discussão de programas energéticos para os países africanos. Desde janeiro, quando deixou o governo, Lula já foi à África três vezes: para o Fórum Social em Dacar, no Senegal; para a Guiné; e para o Qatar, onde participou de um seminário promovido pela rede árabe Al-Jazeera.
Filhos também têm negócio próprio
Antes mesmo de o ex-presidente Lula iniciar sua "vida de empresário", seus três filhos abriram empresas em São Paulo. A mais recente é a LFT Marketing Esportivo, aberta em 3 de março por Luis Claudio Lula da Silva com mais dois sócios e capital de R$ 100 mil. Os sócios, com 10% cada, são Fabio Tsukamoto e Otavio Portugal Linhares Ramos, que no ano passado haviam aberto com Luis Claudio a ZLT 500, que foi vendida no mês passado a outros empresários.
Luis Claudio chegou a ser sócio do irmão Fabio Luis, por alguns meses, em duas outras empresas abertas em agosto do ano passado e já fechadas.
Mas é Fabio o filho mais bem-sucedido no mundo dos negócios. Com os filhos do ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar, Fabio tem, desde 2004, as empresas Gamecorp, G4 e BR4. Foi com essas empresas que "Lulinha" se tornou sócio de empresas parceiras do governo, como a Telemar. Já Sandro Luis é sócio da FlexBR Tecnologia.
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