terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Josias de Souza
Lindberg e Collor dão à História um formato de lenda
O encontro amistoso de dois personagens deu à História uma aparência de viaduto ligando o inacreditável ao inimaginável.
Confraternizaram-se no plenário do Senado o ex-cara-pintada Lindberg Farias e o ex-presidente Fernando Collor.
Inimigo de Collor no verbete da enciclopédia que trata do impeachment, Lindberg é, hoje, cúmplice de governismo do ex-desafeto.
Felizes apoiadores do governo petista de Dilma Rousseff, os neocompanheiros foram ao plenário para votar a favor da tetrapresidência de José Sarney.
Observaram-se à distância por mais de duas horas. Só depois de encerrada a sessão, com o entorno já esvaziado, achegaram-se um ao outro.
Trocaram sorrisos e apertos de mão. Apalparam-se na altura dos braços. Tentavam, por assim dizer, provar a si mesmos que não eram personagens fictícios.
"Aquele foi um momento da história do país. Ele foi gentil comigo, apertou minha mão", disse Lindberg aos repórteres.
Uma casualidade proveu assunto para um diálogo improvável. A ex-moralidade e o ex-aético conversaram sobre a comissão de Infraestrutura do Senado.
Lindberg é candidato a presidente da comissão. Se prevalecer, irá a uma cadeira que, até dezembro, era ocupada por Collor.
"Ele disse que, se eu for sucedê-lo na comissão, vai passar tudo para mim", festejou Lindberg.
Compelidas pelas circunstâncias a reescrever os livros, a ex-ética e a ex-imoralidade dão à História um formato de lenda.
No final da fábula, numa evidência de que o tempo é mesmo Senhor da razão, todos vivem felizes para sempre.
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
Aécio faz as vezes de mãezinha de Itamar no Senado
De volta ao Senado, Itamar Franco (PPS-MG) foi abordado pela repórter Cynara Menezes.
Ela disse: a abertura do Ano Legislativo parece primeiro dia de aula.
E Itamar: “É, mas aqui não tem mãezinha puxando a gente pelo braço...”
Mãezinha, de fato, não tem. Mas, como demonstram as imagens acima, Itamar dispõe de um Aecinho para puxá-lo pelo braço.
Na eleição, o grão-tucano Aécio Neves foi um pai para Itamar. Carregou-o nos ombros.
No Senado, ampara-o como uma "mãezinha" faria com o rebento.
@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
Assembleia de SP tem 8 diretorias, mas 70 ‘diretores’
A Assembléia Legislativa de São Paulo opera com dois organogramas –um oficial e outro paralelo.
No oficial, a casa de leis do maior e mais “desenvolvido” Estado da federação possui oito diretorias.
No paralelo, encontram-se abrigadas na folha de pagamento 70 pessoas apelidadas de “diretores”.
Somados, os "diretores" oficiais e os paralelos custam às arcas estaduais algo como R$ 8 milhões anuais.
Os contracheques variam de R$ 6.921 a R$ 16 mil. As cifras incluem gratificações que oscilam de R$ 3.172 a R$ 8.696.
Ostenta o título de “diretor”, por exemplo, o zelador das máquinas de Xerox. Ou, na nomenclatura da Assembléia, serviço de “fotomicrografia”.
Dedica-se a "executar extração de cópias de documentos e papeis em geral" e "zelar pela boa conservação e utilização dos equipamentos".
Há também o “diretor” de garagem. Na terminologia da Assembléia: setor de ”controle de frota”.
Cuida, entre outras atividades, de "manter o registro" e "providenciar a regularização da documentação dos veículos".
Os “diretores”, por abundantes, às vezes executam tarefas que se sobrepõem umas às outras.
Tem o “diretor” da divisão "protocolo geral e arquivo", o do serviço de "protocolo geral" e também o do setor de "arquivo".
Acima –ou ao lado— do “diretor” de garagem há o de transportes, a quem cabe "planejar, coordenar, dirigir, controlar e avaliar as atividades” da área.
Acha muito? Pois existe também um “diretor” para o serviço de “manutenção e reparo” da frota.
Faz o quê? Ora, cuida da "manutenção e reparo" da frota. E zela pelo bom estado de “equipamentos e ferramentas”.
Instada a explicar-se sobre o congestionamento de “diretores”, a direção da Assembléia complicou-se.
Em nota, informou que a Casa não tem senão oito diretorias. A profusão de diretores "limita-se apenas e tão somente à nomenclatura oficial".
Como assim? "Na prática, existem oito diretores, 24 gerentes e 36 chefes de seção".
Se “na prática” é assim, por que na realidade é assado? Bem, a Assembléia esclareceu que já dispõe de um estudo saneador.
Planeja "adequar a nomenclatura à prática funcional". Coisa prometida para março.
No mais, o texto anota que, consirando-se o custo por habitante, a "Assembleia [de São Paulo é a] mais barata do Brasil."
Atribui-se a De Gaulle um comentário mordaz sobre a França: “É absolutamente impossível governar um país com 452 espécies de queijo”.
Bobagem. Difícil mesmo é governar um país como o Brasil, com infinitos tipos de de roedore$.
Ex-cara-pintada, Lindberg reencontra Collor no Senado
Líder do movimento dos caras-pintadas na época do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), o novo senador Lindberg Farias (PT-RJ) reencontrou seu ex-desafeto político no plenário do Senado. Quando a sessão estava encerrada, os dois conversaram por alguns minutos, trocaram sorrisos e apertos de mão. O neopetista (ele foi do PCdoB) foi empossado como senador, cargo que Collor ocupa desde 2007. Os dois vão conviver lado a lado na Casa nos próximos quatro anos, mas Lindberg afirma que as diferenças do passado não vão refletir na relação dentro do Legislativo: "Aquele foi um momento da história do País. Ele foi gentil comigo, apertou minha mão". Lindberg é cotado para assumir o comando da Comissão de Infraestrutura do Senado, cargo ocupado por Collor até o final do ano passado. Segundo o petista, o ex-presidente vai "trocar informações" sobre a comissão se Lindberg for efetivamente eleito para o cargo. "Ele disse que se eu for sucedê-lo na comissão, vai passar tudo para mim", afirmou. Collor, com mandato até 2015, não participou da cerimônia de posse dos novos senadores. Ele apareceu no plenário apenas para a eleição da Presidência da Casa. Ficou sentado ao lado do candidato do PSOL, Randolfe Rodrigues (AP), ex-cara pintada, com quem o ex-presidente também conversou.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário