Perdas com a greve na Petrobrás já
chegam a R$ 219 milhões — nos nove dias de paralisação dos petroleiros, um
milhão de barris foram perdidos — sindicalistas estimam, no entanto,
que prejuízo pode chegar a R$ 400 milhões
A Petrobrás perde R$ 24 milhões a cada dia que avança a greve dos
petroleiros, segundo cálculo da Federação Única dos Petroleiros (FUP),
que tem como afiliada a maioria dos sindicatos de petroleiros do País.
Nos nove dias de paralisação de plataformas, a soma do prejuízo é de R$
219 milhões, se considerada a projeção de queda da produção divulgada
pela empresa, de 1 milhão de barris. Mas, se levada em conta a
estimativa dos sindicalistas, de perda superior a 2 milhões de barris
por dia, o prejuízo pode chegar a R$ 400 milhões. A Petrobrás ainda não
se pronunciou.
A greve já tem efeito também sobre o comércio de combustíveis. Em alguns
postos, falta gasolina. Mas o motivo não é diretamente a greve. Por
causa de boatos de desabastecimento, consumidores estão correndo para
encher o tanque dos carros, o que está provocando um descasamento entre
oferta e demanda, de acordo com o Sindicato Nacional das Empresas
Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
Já a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes
(Fecombustíveis), representante dos donos de postos de gasolina, apenas
em Minas Gerais foi registrado caso de desabastecimento. A federação
entrou em contato com os seus sindicatos filiados e o mineiro foi o
único que informou estar com problema.
Já a FUP, que lidera a greve dos petroleiros, publicou um vídeo em sua
página no Facebook, no qual o sindicalista Arthur Ragusa envia um recado
à população, de que a mobilização não chegará aos consumidores. "Povo
brasileiro, pode ficar sossegado. Não vai faltar gás no seu fogão, nem
gasolina no seu carro", afirma.
A Petrobrás chegou a sinalizar que queria negociar com os petroleiros e
marcou para terça-feira, 10.nov.2015, a segunda reunião desta semana,
para responder às reivindicações levantadas pelos sindicalistas. No
início da tarde de terça-feira, 10.nov.2015, no entanto, representantes
da FUP e também da Federação Nacional dos Pestroleiros (FNP), entidade
dissidente, foram informados de que a reunião seria agendada para outro
dia, ainda não definido. Em comunicado, a Petrobrás informou apenas que
"está trabalhando em proposições com vistas ao fechamento do acordo
coletivo de trabalho".
O texto não cita as reivindicações da FUP, batizada de Pauta pelo
Brasil. A entidade pede a suspensão do plano de venda de ativos e a
retomada do investimento. Mas, no documento, a Petrobrás demonstra
intenção de negociar apenas o acordo de trabalhista de 2015. "A
companhia está trabalhando em proposições com vistas ao fechamento do
ACT (acordo coletivo de trabalho)", informou.
Reajuste salarial e benefícios trabalhistas fazem parte da pauta
defendida pela FNP, que representa um número menor de sindicatos do que a
FUP. A federação pede reajuste de 18%, mais do que o dobro do que a
Petrobrás está disposta a conceder. A proposta da empresa é de aumento
de 8,11%.
Como resposta à suspensão da reunião, os sindicalistas orientaram seus
sindicatos a intensificar a greve. "Essa é a hora de fortalecer a luta
em todas as refinarias, nas plataformas, nos campos terrestres, nas
unidades de produção e de processamento de gás, nos terminais, nas
usinas de biodiesel e nas termelétricas", informou a FUP, em nota
oficial.
"A força do movimento tem impactado a produção de petróleo, o refino, o
transporte e a geração de energia. Vamos, portanto, fortalecer ainda
mais essa greve, que já é histórica", informa a FUP, em sua página na
internet.
Segundo os sindicalistas, apenas na Bacia de Campos, 50 unidades
marítimas foram mobilizadas no movimento. Com isso, mais de 2 milhões de
barris de petróleo deixaram de ser produzidos desde o início da greve.
Além da produção de petróleo, foram atingidos, em todo o País, o refino,
o transporte e a geração de energia, de acordo com a FUP.
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