Greve na Petrobrás já parou 23
plataformas da Bacia de Campos — segundo a Federação Única dos
Petroleiros, outras plataformas funcionam parcialmente — cerca de 500
mil barris de petróleo por dia deixaram de ser produzidos por conta da
greve — os trabalhadores em greve querem evitar a venda de ativos da
petroleira e a perda de postos de trabalho
Das 44 plataformas instaladas na Bacia de Campos para a produção de
petróleo e gás natural, 23 tiveram o funcionamento completamente
interrompido durante a greve liderada pela Federação Única dos
Petroleiros (FUP). Outras oito plataformas operam parcialmente. Com
isso, cerca de 500 mil barris de petróleo por dia (bpd) deixaram de ser
produzidos desde o início do movimento, às 19 horas de domingo, 1º de
novembro, estima o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense
(Sindipetro-NF), ligado à federação. O volume representa 25% da produção
total da Petrobrás.
Em cinco plataformas da Bacia de Campos, a produção está sendo mantida
por pessoal de contingência selecionado pela Petrobrás. O diretor do
Sindipetro-NF, Leonardo Ferreira, acusa a empresa de escalar para o
trabalho funcionários que ocupam cargos de coordenação, sem experiência
na rotina operacional.
Em nota oficial, a Petrobrás informou que toma medidas para garantir "a
segurança dos trabalhadores e das instalações" e também para manter
abastecido o mercado interno de combustíveis. Segundo a empresa, as
consequências da greve ainda são avaliadas. "Em alguns locais, estão
ocorrendo bloqueios de acessos, cortes de rendição de turno e ocupação",
traz o comunicado da Petrobrás.
A produção na Bacia de Campos poderá parar, caso a direção da Petrobrás
se negue a negociar com os petroleiros, disse Ferreira, do
Sindipetro-NF. Ao mesmo tempo, ele nega que seja essa a intenção dos
grevistas. "O que queremos, de fato, é forçar a direção a sentar com os
trabalhadores para conversar. Como o mercado será abastecido é um
problema da Petrobrás, não nosso", afirmou.
A Bacia de Campos responde por pouco mais de 70% da produção nacional de
petróleo dos 2 milhões de bpd de petróleo extraídos no País. Para
paralisar totalmente o Norte Fluminense, os grevistas ainda têm que
intervir no funcionamento de sete plataformas, que hoje estão em pleno
funcionamento.
A pauta de reivindicação da FUP não inclui ganhos trabalhistas, mas tem
caráter político, segundo Ferreira. O alvo é o plano de desinvestimento
da Petrobrás. Os sindicalistas querem evitar a venda de ativos da
petroleira e a perda de postos de trabalho.
No mês passado, a direção da Petrobrás anunciou que o conselho de
administração aprovou a venda de 49% da Gaspetro, subsidiária de
distribuição de gás natural, e que ainda procura um sócio para a BR
Distribuidora. Essa tem sido a solução apresentada pela Petrobrás em
resposta ao alto endividamento que compromete a sua capacidade de
investimento.
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