A agência de publicidade Pepper
Interativa recebeu R$ 15 milhões do PT em transações suspeitas — segundo
relatório sigiloso do Coaf a agência embolsou recursos “obtidos
ilicitamente” — realiza guerrilha virtual contra grupos críticos ao PT — a
agência admite que pagou ao menos duas faturas de cartão de crédito da
mulher do governador mineiro Fernando Pimentel, que tinha conta secreta na
Suíça, além de pagar R$ 20 mil de salário ao criador de Dilma Bolada,
Jeferson Monteiro
A agência de comunicação Pepper Interativa, investigada por
corrupção e lavagem de dinheiro pela Polícia Federal, recebeu
recursos considerados suspeitos do Partido dos Trabalhadores,
segundo relatório sigiloso do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf). No documento, os técnicos do Coaf, órgão do
Ministério da Fazenda de combate à lavagem de dinheiro, relatam que
a Pepper movimentou R$ 63,2 milhões entre 2007 e 2015. Desse total,
R$ 58,3 milhões — ou seja, 92,2% — passaram pela conta bancária da
Pepper de janeiro de 2013 a maio de 2015. A maior parte desse
dinheiro de origem duvidosa saiu dos cofres do PT. Ao todo, o
partido transferiu R$ 15,2 milhões à agência nos últimos três anos.
Nesse período, a Pepper virou a principal agência digital do meio
político, sobretudo prestando serviços para campanhas petistas e
órgãos públicos.
Trecho do relatório do Coaf |
Foram identificados ao menos três indícios de irregularidades nas
contas da Pepper, de acordo com o Coaf. O primeiro deles tem a ver
com a “movimentação de valores vultosos na conta, aparentemente
superiores à capacidade econômico-financeira da empresa”. O segundo
está relacionado com o fato de que “alguns beneficiários e rementes
de recursos não desempenham atividade profissional que tenha relação
com aquela exercida pela empresa analisada”. Por fim, o mais
alarmante de todos: “O comunicante suspeita que a origem do dinheiro
seja proveniente de recursos obtidos ilicitamente”. A Pepper está
sob investigação da PF na Operação Acrônimo — que apura um esquema
de corrupção e lavagem de dinheiro encabeçado pelo governador de
Minas Gerais, Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento no
primeiro mandato de Dilma Rousseff e coordenador da campanha
presidencial da petista em 2010. Investigadores suspeitam que a
Pepper tenha sido utilizada pela organização criminosa como um canal
de repasses de dinheiro dos cofres públicos e de campanhas
eleitorais para políticos e agentes públicos.
Uma parte do dinheiro que saiu do caixa da Pepper foi destinada a
investimentos cuja “origem dos recursos suspeita-se que seja
ilícita”, segundo o relatório do Coaf. A empresa aplicou R$ 4,8
milhões em fundos do Banco do Brasil. A outra parte foi direta para
o bolso da sócia majoritária da agência, Danielle Miranda Fonteles.
A jornalista e empresária recebeu R$ 6,9 milhões, segundo o Coaf.
Com uma renda de R$ 80 mil e um patrimônio R$ 211.758, Danielle
movimentou R$ 15,1 milhões entre 7 de dezembro de 2010 e 27 de
agosto de 2015. Desse total, R$ 8,1 milhões decorrem de operações a
crédito e R$ 7 milhões a débito. O sócio e marido de Danielle,
Amauri dos Santos Teixeira, cuja renda é de R$ 30 mil e tem
patrimônio estimado em R$ 3 milhões, também fez transações
financeiras suspeitas. Ao todo, ele movimentou R$ 6,3 milhões de 17
de maio de 2011 a 27 de agosto de 2015, sendo R$ 3,3 milhões a
crédito e R$ 2,9 milhões a débito. Entre os destinatários das
transferências feitas pela Pepper também está a Oli Comunicação e
Imagem, empresa de Carolina Oliveira, mulher de Pimentel — que
recebeu ao menos R$ 260 mil.
O Coaf também registra que Danielle tinha
uma conta secreta na Suíça, na qual recebia recursos das
empreiteiras do Petrolão, como Queiroz Galvão. Ela fechou a conta
após ser procurada pela reportagem para explicar a origem dos recursos
e o fato de não ter declarado a conta.
Trecho do relatório do Coaf |
O crescimento do faturamento da Pepper coincide com a sua ascensão
no cenário político. Em 2010, a empresa assumiu a campanha
presidencial que elegeu Dilma Rousseff. Um mês após a vitória, foi
feito um saque suspeito em dinheiro vivo em nome da agência no valor
de R$ 107.000, segundo o Coaf. De lá para cá, a Pepper passou a ser
contratada indiretamente por suas concorrentes que prestam serviços
para ministérios e órgãos públicos. Recebeu cerca de R$ 4 milhões
indiretamente dos cofres da União. Em 2014, a empresa também
trabalhou nas campanhas para governador que elegeram Rui Costa (PT),
na Bahia, e Renan Filho (PMDB), na Alagoas. Na folha de pagamentos
da Pepper constava Jeferson Monteiro, criador do personagem Dilma
Bolada, sucesso nas redes sociais — que recebia R$ 20 mil por mês.
Em setembro deste ano, pressionada pelo avanço das investigações da
Acrônimo, Monteiro e a Pepper resolveram romper contrato com o PT.
Ficou combinado, então, que o acordo entre a agência e o partido
seria honrado apenas até o fim deste ano. Apesar desse
distanciamento, Danielle Fonteles ainda mantém contato com pessoas
ligadas ao Planalto.
Os dados das contas da Pepper e de seus sócios fazem parte do
relatório 18.340, produzido pelo Coaf, que também fez um pente-fino
na vida financeira das principais estrelas do PT como Lula, Antonio
Palocci, Pimentel e Erenice Guerra. O órgão de combate à lavagem de
dinheiro não arbitra sobre as operações. Ele apenas aponta as
movimentações que são consideradas suspeitas de acordo com a lei e
as regras do mercado, como saque em dinheiro vivo ou recebimentos de
valores acima da capacidade econômica do cliente. Essas informações
são enviadas diretamente pelos bancos e pelas corretoras. A partir
daí, os dados são consolidados em relatórios de inteligência,
encaminhados pelo Coaf ao Ministério Público e à Polícia Federal
para que possam aprofundar as investigações.
Procurada, a Pepper disse em nota que “não comentará o assunto
porque desconhece o documento e por se tratar de informação
bancária, protegida por sigilo”. “De qualquer maneira, a natureza da
atividade da empresa implica em típicas variações sazonais de
faturamento e a movimentação financeira da Pepper e de seus sócios
está de acordo com a legislação vigente”, afirma a agência. O PT não
respondeu até a publicação desta matéria.
Agência Pepper Interativa, ligada ao PT, tinha conta secreta na Suíça
A agência de comunicação Pepper Interativa cresceu na esteira das
duas campanhas da presidente Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.
Notória por realizar ataques virtuais contra grupos críticos ao PT,
a Pepper, da publicitária Danielle Fonteles, caiu nas graças de
próceres do partido, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto e o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Graças à proximidade
com eles, a Pepper mantém contrato com o PT. É o maior cliente da
agência — quase 70% do faturamento dela vem do partido. Em 2012, a Pepper montou uma operação intrincada no
exterior para receber valores da construtora Queiroz Galvão. Meses
antes, a empreiteira recebera do BNDES para financiar serviços na
África. A Pepper criou, em nome de laranjas, a Gilos, uma offshore
no Panamá. Criou também uma conta secreta na Suíça para movimentar a
dinheirama de um contrato de fachada com a filial da Queiroz Galvão
em Angola. A conta, cuja identificação é CH3008679000005163446, foi
aberta por Danielle Fonteles no banco Morgan Stanley. Na ocasião,
não foi declarada à Receita ou ao Banco Central.
A Polícia Federal fazendo busca na Pepper durante a Operação Acrônimo |
A reportagem obteve cópia do contrato entre a offshore Gilos Serviços e a
empreiteira, devidamente assinado por Danielle. Foi formalizado em
setembro de 2012. A Gilos recebeu US$ 237 mil (R$ 890 mil, ao câmbio
de hoje) da Queiroz Galvão para fazer marketing digital em Angola. O
contrato, que elenca seis serviços, parece uma peça de ficção. Não
há uma linha sequer sobre qual obra ou projeto da Queiroz Galvão
deveria ser divulgado na internet pela Pepper. Naquele país, a
Queiroz Galvão operou graças a financiamentos do BNDES. Em março de
2012, a empreiteira recebera US$ 55 milhões do banco. Naqueles
tempos, Pimentel era ministro do Desenvolvimento e presidente do
Conselho de Administração do BNDES.
Contrato entre a Gilos, offshore da Pepper, e a Queiroz Galvão |
Danielle e a Pepper estão sendo investigados nas operações Lava Jato
e, especialmente, Acrônimo. Nesta, que mira Pimentel e operações de
lavagem de dinheiro do PT, a PF chegou a fazer buscas na sede da
Pepper, num shopping de Brasília. Segundo a Polícia Federal, há
evidências de que a Pepper foi usada para intermediar dinheiro do
BNDES a Pimentel. Durante o primeiro mandato de Dilma, Pimentel era,
na prática, o chefe do BNDES. A mulher de Pimentel, Carolina
Oliveira, é apontada como uma espécie de sócia oculta da Pepper.
Funcionou assim: entre 2013 e 2014, a Pepper recebeu R$ 520 mil do
BNDES por serviços de publicidade e repassou R$ 236 mil a Carolina
Oliveira. A Polícia Federal descobriu indícios de que Carolina
Oliveira era mais que uma simples parceira da agência. A mulher de
Pimentel distribuía cartões no mercado como se fosse representante
da Pepper.
Na casa de Carolina Oliveira e Pimentel, em Brasília, a PF apreendeu
uma tabela com valores. De um lado, aparece o nome Dani — o mesmo
apelido da proprietária da Pepper. Os valores de “Dani” somam R$
242.400. Do outro, há valores de Carol: R$ 143.982,95. Duas
anotações chamam a atenção: R$ 11.100 e R$ 20 mil, registrados como
“cartões”. Na tabela, a diferença dos valores, incluindo as
vírgulas, entre “Dani” e Carolina é contabilizada como “crédito
Carol”: R$ 98.417,05. Ou seja, é como se fosse um controle de caixa,
de “Dani” para “Carol”, em que despesas de cartões de crédito de
Carolina eram pagas pela Pepper e contabilizadas. A Pepper admite
ter pago ao menos duas faturas do cartão de crédito da mulher de
Pimentel, em razão da “amizade” entre Dani e Carol. A mulher de
Pimentel, suspeita a PF, era funcionária do BNDES nesse período.
Relação de despesas de cartão de Carolina Pimentel |
Após a reportagem procurar Danielle, a conta na Suíça foi declarada à
Receita. “Carolina nunca recebeu qualquer repasse da Pepper quanto a
operações realizadas junto ao BNDES”, diz a Pepper, em nota. A
empresa diz que desconhece a tabela apreendida na casa da mulher de
Pimentel. Sobre a criação da Gilos em 2012, no Panamá e em nome de
laranjas, com conta na Suíça, Danielle afirma que seguiu orientações
de advogados. “A Pepper foi orientada a constituir empresa no
exterior e abrir uma conta em instituição bancária idônea. A
existência dessa conta, assim como os valores recebidos, são de
conhecimento da Receita Federal do Brasil. Todos os impostos
oriundos das transações havidas no exterior foram recolhidos.”
Danielle não explicou por que declarou a conta somente após ser
procurada pela reportagem. A Pepper afirma que não há relação entre os
serviços prestados à Queiroz Galvão e financiamentos do BNDES. O
advogado de Carolina Oliveira, Igor Tamasauskas, disse que a defesa
não poderia se manifestar porque não teve acesso à integra do
processo, mas ressaltou que “toda a relação comercial entre nossa
cliente e a referida empresa foi legítima”. A Queiroz Galvão afirma,
ainda, que o contrato era para promover a empresa no exterior.
“Todos os pagamentos foram efetuados de maneira absolutamente legal
e transparente, seguindo os termos previstos em cada contrato. Esses
trabalhos nunca estiveram vinculados a qualquer pagamento por parte
do BNDES”. A reportagem pediu à Pepper e à Queiroz Galvão provas de
que os serviços da agência de comunicação foram executados. Nenhuma
delas respondeu ao pedido da reportagem.
Agência contratada pelo PT paga R$ 20 mil de salário a criador de
Dilma Bolada
Jeferson Monteiro, o dono da personagem, encabeça lista de
pagamentos da Pepper, a agência que faz guerrilha virtual para o
partido
Dilma Rousseff durante encontro com Jeferson Monteiro criador do Dilma Bolada |
No PT, existem duas Dilmas. Aquela que preside o país, a Rousseff,
de que quase nenhum brasileiro gosta nestes idos de 2015. E a outra,
a Bolada, que dois milhões de brasileiros curtem nas redes sociais.
Como Bolada diz: “Sou a Rainha da Nação, a Diva do Povo, a Soberana
das Américas … Sou linda, sou diva, sou Presidenta. SOU DILMA!”.
Dilma Bolada, a caricatura que tem toda a simpatia e toda a verve
que tanto faltam à presidente, é criação do publicitário Jeferson
Monteiro. Ele sempre jurou — J-U-R-O-U — que fazia a personagem por
amor. Mas o publicitário recebeu um pixuleco de
R$ 20 mil mensais do PT para fazer Dilma divar nas redes e zoar sem
dó os adversários políticos da presidente e do partido.
As provas estão em documentos enviados por advogados da agência
Pepper Interativa ao Superior Tribunal de Justiça. A Pepper é uma
espécie de agência parapartidária do PT. É usada para tudo que o
partido não pode fazer diretamente em campanhas ou nas redes sociais
— como guerrilha digital a favor do governo e contra os assim
declarados inimigos da causa. A Pepper trabalhou nas duas campanhas
presidenciais de Dilma — Rousseff, não a Bolada — e tem contrato com
o PT. Está sendo investigada no STJ na Operação Acrônimo, em que a
PF descobriu evidências dum esquema de lavagem de dinheiro e
corrupção envolvendo o governador de Minas, Fernando Pimentel, e
operadores do PT. A dona da Pepper, Danielle
Fonteles, é investigada por intermediar pagamentos do BNDES para a
mulher do governador Fernando Pimentel, Carolina Oliveira, no
período que ele era ministro de Dilma e chefiava o banco. Dani, como
é chamada, usou até contas secretas na Suíça para receber dinheiro,
enquanto pagava faturas de cartão de crédito da mulher de Pimentel.
No ano passado, o criador de Dilma Bolada exigia
receber meio milhão de reais da campanha à reeleição da petista. Num
ato pouco amoroso, chegou até a tirar a personagem do ar, de modo a
pressionar a campanha. Depois mudou de ideia. Quando se revelou o
caso, Bolada, ou Jeferson Monteiro, desceu do salto, fez um barraco,
reafirmou que a personagem “não estava à venda” — e não recebeu um
real do tesoureiro João Vaccari, amigo de Dani. A mesada de R$ 20
mil, intermediada pela Pepper, surgiu logo depois, como “agrado”,
nas palavras de um alto dirigente petista. Começou a ser paga neste
ano. O dinheiro sai das contas do PT, entra na Pepper e segue para a
empresa do publicitário. Nesse caso, não parece haver ilegalidade.
Há apenas hipocrisia. É uma relação comercial. Mas a Pepper não quis
explicá-la.
Jeferson, tampouco. Apesar das evidências, insistiu à reportagem que
não recebe do PT para manter o personagem Dilma Bolada. Disse que
apenas presta serviços a Pepper. “A Dilma Bolada não está vinculada
a nenhuma empresa ou partido. Não está e nem nunca esteve. Como já
foi dito exaustivamente, as páginas na internet são independentes e
não há nenhuma relação com ninguém para que elas existam ali. O
serviço por mim, Jeferson Monteiro, executado está relacionado à
comunicação digital e nas redes sociais, análise, produção e
estratégia de conteúdo para os clientes da agência”. A reportagem pediu um
exemplo desses "serviços". Jeferson não quis dar um só exemplo de
cliente ou serviço prestado a Pepper. Dois dirigentes do PT e um
marqueteiro do partido confirmaram que cabe a Pepper, com
dinheiro do contrato com a sigla, pagar pelos serviços de Dilma
Bolada.
Entre os sites governistas bem pagos, Dilma Bolada tenta ser pelo
menos engraçada e popular. Hoje, Jeferson conta com 1.603.243
seguidores no Facebook e 456 mil no Twitter, que se deliciam com as
tiradas pagas com dinheiro do PT. “A única preocupação do PSDB e do
Aécio hoje é me derrubar da Presidência. Vão trabalhar e aceitem, em
2018 vocês tentam de novo, c...”. Além, claro, de elogios. Quando
Dilma brindou com a chanceler alemã Angela Merkel
Jeferson bolou: “Miga, aqui no Brasil a gente brinda com cerveja num
copo de boteco mesmo, liga não. Detesto frescura!” ÊTA PRESIDENTA
SIMPLES!!!“
Novos documentos obtidos pela reportagem mostram que Danielle, ao se
aproximar de petistas, fez fortuna com o dinheiro do PT. Atualmente,
a Pepper Interativa tem oito clientes, numa receita mensal na casa
de R$ 1,2 milhão. O PT é, de longe, o principal cliente de Danielle.
Todo mês o partido paga R$ 530 mil à Pepper, algo como 45% das
receitas (declaradas) da empresa. A lista de funcionários da
agência, por outro lado, mostra como a operação é lucrativa. Os 61
funcionários da empresa custam por mês R$ 362 mil, uma média de R$ 6
mil por cabeça. O diretor de criação do escritório de Brasília, por
exemplo, tem um salário de R$ 11.400. Não é à toa que Dilma Bolada e
seus R$ 20 mil mensais são o maior salário da agência do PT. Êta
governismo bem pago!
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