Cartilha do PT diz que Lava Jato
difunde mentiras para eliminar partido — em documento de 34 páginas, que
será distribuído a partir desta quarta-feira (11.nov.2015), direção
petista afirma que força-tarefa da PF e do Ministério Público, o
ministro Gilmar Mendes e setores da imprensa fazem campanha para
criminalizar Lula e a sigla
Rui Falcão com o ex-presidente Lula |
Na mais forte reação do PT às denúncias de corrupção contra integrantes
do partido, a direção nacional da legenda vai distribuir a partir desta
quarta-feira, 11.nov.2015, milhares de cópias de uma cartilha na qual
acusa a força-tarefa da Operação Lava Jato, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e setores da imprensa de agirem
deliberadamente, com base em "mentiras", para “eliminar o partido da
vida política brasileira”.
Em 34 páginas, o documento “Em defesa do PT, da verdade e da democracia”
relaciona as conquistas do partido nos 12 anos de poder, inclusive na
área do combate à corrupção”, e descreve o que chama de campanha para
criminalizar o partido, dirigentes e o seu maior expoente: o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Mentem sob a proteção da toga, nos mais altos tribunais, afrontando a
consciência jurídica da Nação em rede nacional de TV. Mentem sob a
impunidade parlamentar, disseminando o ódio nas redes sociais. Mentem
sob a proteção da autonomia funcional, forjando procedimentos
investigatórios sem base alguma, apenas para produzir manchetes. Mentem
sob a proteção do anonimato covarde, contrabandeando para a mídia dados
parciais e manipulados por meio de vazamentos criminosos”, diz o texto.
Conforme a cartilha, “desde a campanha eleitoral de 2014 adversários
escolheram as investigações da Operação Lava Jato para insistir em
criminalizar o partido”.
Para embasar a tese, o texto cita fatos históricos como o caso de Leme
(SP), em 1986, em que um delegado acusou falsamente petistas de atirarem
contra trabalhadores rurais, e o sequestro do empresário Abílio Diniz,
às vésperas das eleições de 1989, quando a polícia de São Paulo obrigou
os sequestradores a vestirem camisetas do partido.
“A maneira sistemática, violenta e insultuosa com que estas mentiras vêm
sendo difundidas não deixa dúvidas quanto aos objetivos de seus
mentores: querem eliminar Lula e o PT da cena política brasileira,
temendo sofrer a quinta derrota consecutiva nas eleições de 2018”, diz o
texto.
Procuradores da Lava Jato devem acionar judicialmente os partidos
envolvidos no esquema de desvios da Petrobrás para cobrar o
ressarcimento dos valores desviados.
Doações. Embora a cartilha tenha sido elaborada antes da decisão dos
procuradores, o PT incluiu na publicação tabelas mostrando valores de
doações de empresas investigadas pela Lava Jato ao PSDB. Segundo o PT,
as 17 empreiteiras investigadas doaram R$ 619 milhões ao PT e à campanha
da presidente Dilma Rousseff e R$ 601 milhões ao PSDB e à campanha de
Aécio Neves em 2014. "Se a origem das doações é a mesma, por que
criminalizar apenas as contribuições ao PT?”, questiona o documento.
Nesse ponto, a cartilha indaga por que as investigações da Lava Jato se
concentram no PT. “As 17 empresas investigadas na Operação Lava Jato não
têm contratos apenas com o governo federal, mas com governos estaduais e
prefeituras controladas pelo PSDB e outros partidos. Por que investigar
e criminalizar somente relações dessas empresas com o PT?”. A cartilha
cita ainda que outros partidos “incluindo os moralistas mais
hipócritas: PPS, DEM e Solidariedade” também receberam recursos dessas
empresas.
O texto cita como contraponto o caso de São Paulo. “Governado há 22 anos
pelos tucanos, São Paulo é o paraíso das doações empresariais.
Diferentemente do que ocorre em nível nacional, em que as contribuições
são equilibradas entre PT e PSDB, em São Paulo os tucanos receberam 2
vezes mais dinheiro do que os candidatos do PT nas eleições de 2010 e
2014”.
Outro alvo é Gilmar Mendes, autor de um pedido de investigação das
contas da campanha de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “São
notórias as ligações de Gilmar Mendes com os tucanos, assim como é
escancarado seu comportamento faccioso contra o PT, tanto no STF quanto
no TSE”, diz o texto.
Narrativa. A cartilha vem sendo elaborada pela direção petista desde
agosto e será distribuída tanto em formato impresso quanto digital. A
ideia, já defendida várias vezes pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, é criar uma narrativa própria para a situação política atual.
A ordem da direção petista é difundir o máximo possível o conteúdo do
documento por meio dos canais da legenda nas redes sociais, da Agência
PT de Notícias e diretórios petistas. No primeiro momento foram
impressos 5 mil exemplares que têm como alvo a imprensa, diretórios e
parlamentares do partido. Uma segunda edição já foi encomendada.
“É a nossa defesa que vai ser usada agora e na campanha eleitoral, um
resumo dos ataques que o PT vem sofrendo desde a fundação”, disse o
presidente do PT, Rui Falcão.
Segundo ele, o objetivo não é atacar os adversários mas impedir um
processo de criminalização da atividade política. “Não estamos atacando o
PSDB. As doações que eles receberam (de empresas investigadas pela Lava
Jato) são semelhantes às nossas mas não estamos dizendo que é propina.
Queremos fazer as pessoas refletirem um pouco”, disse Falcão. “Para o PT
os procuradores são suspeitos para conduzir a ação porque não são
imparciais nem impessoais, exigências do serviço público”.
Integrantes do Ministério Público Federal afirmam que só irão se
manifestar depois de terem acesso à íntegra da cartilha. A reportagem
aguarda respostas do PSDB e da assessoria do ministro Gilmar Mendes.
Cartilha do PT ataca Sérgio Moro, procuradores e delegados
O comando do PT lança nesta quarta-feira (11.nov.2015) uma cartilha em
que ataca o juiz Sergio Moro, o ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Gilmar Mendes, além de criticar nominalmente procuradores e
delegados da Polícia Federal.
O nome de Moro é citado 19 vezes num documento de 34 páginas. "todos os
ex-dirigentes da Petrobras investigados na 'Operação Lava Jato' eram
altos funcionários da estatal no governo FHC. Mas, como diz o juiz
Sergio Moro, 'isso não vem ao caso'", acusa o texto que será publicado
do site do partido.
Gilmar Mendes é citado quatro vezes: "As manobras e declarações
antipetistas de Mendes, incompatíveis com a imparcialidade e o recato
exigidos de um juiz, não são capazes de mudar a realidade: quem
escancarou a influência do poder econômico na vida política brasileira
foi o governo do PSDB, o mesmo que corrompeu o Congresso para introduzir
a reeleição", diz.
Os dois não são os únicos citados. O texto acusa ainda a procuradoria de
engavetar casos referentes à máfia dos trens em São Paulo. "Se não
tivesse sido investigado fora do Brasil, esse caso também seria jogado
para debaixo do tapete. Com auxílio do procurador Rodrigo de Grandis, o
processo estava engavetado".
Assinado pela direção do PT, a cartilha menciona a relação de Sergio
Moro com a ministra Rosa Weber, do STF. "Moro foi assistente de Rosa
Weber na AP 470 ('Mensalão')", diz.
O texto diz ainda que "o juiz Sergio Moro e sua 'equipe' de delegados da
PF e procuradores do MPF [Ministério Público Federal] do Paraná fazem
de tudo (até mesmo anistiar criminosos confessos) para atingir o PT".
Os delegados que atuam nas investigações são citados um a um. "O
delegado da PF Márcio Anselmo: declarou 'Alguém segura esta anta, por
favor', sobre uma notícia cujo título era: 'Lula compara PT a Jesus
Cristo'", diz o texto.
Outro delegado criticado é Igor Romário de Paula. O PT o acusa de usar
as redes sociais durante a campanha eleitoral de 2014 para elogiar o
senador Aécio Neves, candidato do PSDB.
A cartilha condena o procurador do Ministério Público Federal Deltan
Dallagnol: Em uma "pregação" em uma igreja evangélica, apresentado como
"servo" e "irmão" disse acreditar que Deus colabora com a "Operação Lava
Jato", afirma o partido.
A cartilha reserva um capítulo para ataques à imprensa e afirma que
"comandada pela mídia monopolizada, a campanha de cerco e aniquilamento
[do PT e do ex-presidente Lula] conta com a colaboração solerte de
políticos de vários partidos, de setores do Judiciário, do Ministério
Público e da Polícia Federal"
Ao falar do que chama de "vícios da Lava Jato", o PT cita a "condenação
sem provas do companheiro João vaccari Neto". O petista já foi condenado
a 15 anos de prisão e é réu em outros dois processos na Lava Jato,
acusado de ter intermediado propina para o partido resultantes de
contratos na Petrobras.
"No fim da linha está o objetivo de cassar o registro do partido, como
ocorreu em 1947 com o antigo PCB", diz o texto da cartilha petista."
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