quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Márcio Thomaz Bastos queria deixar defesa de Carlinhos Cachoeira há um mês

Márcio  Thomaz  Bastos
O fator Carlinhos Cachoeira derrubou mais um: o poderoso ministro da Justiça do governo Lula, Márcio Thomaz Bastos, mito da advocacia penal que defendia o contraventor, renunciou à causa. Seguiu Thomaz Bastos toda a equipe que o assessorava, inclusive os criminalistas Augusto Botelho e Dora Cavalcanti. "Eu saio por razões que nada têm a ver com o mérito da causa", declarou Márcio Thomas Bastos. Havia pelo menos um mês que o veterano criminalista, de 77 anos, amadurecia a ideia de abandonar a demanda. Ele andava desgostoso com o cliente, temperamental, hostil, exigente, mesmo atrás das grades. "Um sujeito inadministrável", disse um advogado próximo ao ex-ministro. No início de julho, Márcio Thomaz Bastos combinou com familiares de Cachoeira que seus advogados o acompanhariam às audiências na Justiça, realizadas semana passada. Talvez a banca do ex-ministro ficasse por mais algum tempo com o caso, mas precipitou a decisão de Thomaz Bastos em deixar a defesa o impacto provocado pela nova denúncia, agora envolvendo Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, investigada pela Polícia Federal por chantagear juiz. Alvo maior das operações Monte Carlo e da Saint Michel, da Polícia Federal e da Polícia Civil que revelaram seu poderio no governo Marconi Perillo (PSDB-GO) e nos domínios do senador tucano cassado Demóstenes Torres, Cachoeira acreditava que logo estaria na rua outra vez. Não foi por falta de empenho do criminalista que Cachoeira não recuperou a liberdade. Foram muitas as incursões de Thomaz Bastos a todas as instâncias judiciais, tudo em vão. Na última sexta-feira ele fez a derradeira ofensiva. Foi ao gabinete do ministro Ari Pargendler, presidente do Superior Tribunal de Justiça, e a ele entregou pedido para libertação do contraventor. Na segunda-feira, a solicitação foi rechaçada. Amigos de Thomaz Bastos dizem que o incomodava o desgaste que a pendência provocava em sua biografia, construída em 53 anos de vida forense.


PS:  Carlinhos Cachoeira, preso em 29 de fevereiro, encontra-se atrás das grades há cinco meses e três dias. Só em honorários, estima-se que pagou à banca de Thomaz Bastos R$ 15 milhões.

Nesta quinta-feira (2 de agosto), Marcio Thomaz Bastos aparecerá no Supremo Tribunal Federal como defensor de Mensaleiro do PT. [Marcio Thomaz Bastos como ministro da Justiça do governo Lula, quando aconteceu o escândalo do Mensalão do PT, era chefe da Polícia Federal e comandou as investigações do esquema petista.]

Foi Márcio Thomas Bastos quem inventou a tese de que os dinheiros entregues pelo PT a políticos e partidos não eram para compra de apoio político ao governo Lula, e sim "Caixa 2". Ou seja, isso não era crime, não está capitulado no código penal. Portanto, seria apenas "crime eleitoral". [Não existe uma lei no Brasil que penalize o Caixa 2. Os políticos e partidos nunca se preocuparam em propor a criação dessa lei para acabar com o Caixa 2.]

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