terça-feira, 18 de outubro de 2011


Empresário importava lixo hospitalar dos Estados Unidos desde 2001, diz ministério.

Agentes da Vigilância Sanitária de Pernambuco fiscalizam
galpão de tecidos em Toritama

Há dez anos, Altair Teixeira de Moura, dono da empresa Na Intimidade Ltda, investigada por importar lixo hospitalar dos Estados Unidos, de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, importa “tecidos de algodão com defeito” daquele país. A informação é do site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Segundo a pasta, antes de criar a Na Intimidade, em 2009, Altair Teixeira de Moura foi sócio da Forrozão dos Retalhos Ltda, também em Santa Cruz do Capibaribe, até 2008. A Forrozão importava, desde 2001, até US$ 1 milhão por ano, da mesma forma que fez, em 2009 e 2010, a sua nova firma. A documentação da carga de dois contêineres interceptados no Porto de Suape pela Receita Federal, na semana passada, com 46 toneladas de lençóis sujos com as logomarcas de vários hospitais americanos, além de seringas, cateteres e luvas usadas, trazia a mesma identificação: “tecidos de algodão com defeito”. O material era vendido por peso pela Império do Forro de Bolso, nome fantasia da Na Intimidade, a R$ 8,50 o quilo. Duas unidades da empresa, uma em Santa Cruz do Capibaribe e outra em Toritama, na mesma região, foram interditadas no fim de semana pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa). O gerente da Apevisa, Jaime Brito, apreendeu 30 quilos de lençóis de pelo menos 15 instituições americanas, entregues na segunda-feira  - 17 de outubro - para análise, ao Instituto de Criminalística (IC), no Recife. “Queremos comprovar se as manchas encontradas são realmente de sangue e secreções humanas”, afirmou Brito. Ele adiantou que, se as suspeitas forem confirmadas, a empresa poderá ser interditada definitivamente, além de ter de pagar multa que pode chegar a R$ 1,5 milhão, dependendo da gravidade das infrações cometidas. Para a Apevisa, está claro que o proprietário da empresa tinha conhecimento do que importava. Além dos dois contêineres interceptados, outros seis desembarcaram no Porto de Suape, neste ano, em uma transação envolvendo a mesma importadora. Eles passaram pela alfândega sem fiscalização, segundo o inspetor-chefe da Receita Federal no Porto de Suape, Carlos Eduardo da Costa Oliveira. Outros 14 contêineres, com suspeita de também estarem carregados com lixo hospitalar, estão a caminho de Suape. Todos foram embarcados no Porto de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), importados pela Na Intimidade. As cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama integram o polo têxtil do agreste pernambucano, composto por 14 municípios e responsável pela geração de cerca de 140 mil empregos diretos. Mais de 22 mil empresas - 4 mil formais e 18 mil informais - estão instaladas na região, orgulhosa de sediar o segundo maior polo produtor de confecções do País. Todas essas empresas compravam bolsos feitos com tecido infectado e contaminado, proveniente de hospitais da costa atlântica dos Estados Unidos. Esses bolsos eram aplicados em jeans, bermudas, ternos, shorts e jaquetas produzidas pelas empresas da região.


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