segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Lembra da salvação da saúde? 
Senado deixou pra lá!

Josias  de  Souza
A sorte do Brasil é que o Criador, ao realizar sua obra, não esqueceu do traseiro. Já imaginou o que seria do brasileiro se tivesse de esperar em pé?
Chamados a votar o projeto que iria salvar o SUS da penúria, o Senado inaugrou um novo movimento político: o ‘deixa-pra-laísmo’. É baseado no ilógico.
Em 2008, os senadores aprovaram, por unanimidade, uma proposta assinada pelo então senador Tião Viana (PT-AC). Regulamentava os investimentos em saúde.
Enviado à Câmara, o projeto foi tratado a golpes de barriga. Após uma espera de três anos, os deputados pioraram a peça e a devolveram ao Senado.
Voltou à Casa de origem com um estreitamento da base de cálculo dos Estados. Uma mágica que, em vez de tonificar, retirou R$ 6 bilhões das arcas da saúde.
A Câmara também suprimiu do texto original o artigo que elevava de 7% para 10% do PIB os gastos que a União destina ao atendimento da clientela pobre dos hospitais.
Tramou-se a recriação da CPMF, rebatizada de CSS. Mas gritaria, por generalizada, impediu a reiteração da tunga.
Até duas semanas atrás, não se falava noutra coisa. Era saúde pra cá, SUS pra lá. O tema gritava nas manchetes e nos discursos.
Súbito, o Senado sentou em cima. E a política mudou de assunto: royalties do petróleo, comissão da verdade, o penúltimo caso de corrupção...
E quanto ao lero-lero da salvação da saúde pública?
Aplica-se a máxima segundo a qual a melhor maneira de resolver um problema é discuti-lo exaustivamente. A exaustão dispensa a resolução.
Há três anos, o Senado informara, em votação unânime, que havia achado a solução. Exposta a lorota, desistiu de procurar.

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