Lula da Silva vai começar quimioterapia, se fosse um Silva qualquer, esperaria 76,3 dias no SUS

O Ministério da Saúde, responsável pela política nacional de oncologia,
tem fracassado nas ações para atender doentes de câncer, enquanto a
doença avança no Brasil, com o envelhecimento da população. Conforme o
tipo de tratamento, nem a metade dos pacientes que procuram o Sistema
Único de Saúde (SUS) consegue assistência. E, em um contexto em que o
tempo é fundamental para a cura ou a sobrevida, a espera média pela
primeira sessão de radioterapia chega a ser desesperadora: mais de três
meses. Os dados constam de auditoria do Tribunal de Contas da União.
Conforme o relatório, as unidades públicas de saúde deveriam ter
atendido em 2010, o número de 169,3 mil doentes que necessitavam
radioterapia, mas só 111,5 mil foram contemplados (65%). No caso das
cirurgias oncológicas, os números são ainda piores: de 152,4 mil
pessoas, 71,2 mil, ou apenas 46%, conseguiram passar pelo procedimento.
No Rio de Janeiro, os dados são mais dramáticos: só 41% dos pacientes
tiveram acesso à radio e 29% às cirurgias. No caso da quimioterapia, a
situação é inversa. O número de procedimentos é maior que o necessário,
fruto do excesso de prescrições. Mesmo quando as sessões não surtem mais
efeito, segundo o Ministério da Saúde, os médicos as indicariam por
"obstinação terapêutica". Mesmo assim, comparado aos parâmetros
internacionais, é longa a espera pela assistência. Em países como Canadá
e Reino Unido, a quase totalidade dos doentes aguarda no máximo 30
dias, a partir do diagnóstico, para iniciar o combate ao câncer. No SUS,
a primeira quimioterapia é feita em 76,3 dias e a primeira
radioterapia, em 113 dias. O quadro resulta de uma cadeia de
deficiências, fruto do baixo investimento público. Um estudo do
Instituto Nacional do Câncer (Inca), citado na auditoria, diz que o SUS
precisa de 375 centros de atendimento a doentes de câncer, mas tinha 264
em junho deste ano. Só para radioterapia, faltavam 135 serviços. "Essa
carência de instalações aptas a atender a crescente demanda contribui
com a intempestividade no diagnóstico da doença e no tratamento provido
pelo SUS", escreveu o relator do caso no Tribunal de Contas da União,
ministro José Jorge. O câncer é o segundo tipo de doença que mais mata
no Brasil. Com a estrutura que propicia, 65,4% dos tumores
diagnosticados pelo SUS já estão em estágio avançado. No caso das
neoplasias de brônquios e pulmões, o percentual é de 87%.
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