Governo estuda mudança no rendimento da poupança

Diante da perspectiva de continuidade na queda dos juros, o governo quer
retomar a discussão sobre mudanças no cálculo do rendimento da
caderneta de poupança. A avaliação da equipe econômica é que, com o
agravamento da crise internacional, o Banco Central terá que reduzir a
taxa básica de juros em velocidade maior do que a esperada
anteriormente. A forte redução da taxa poderia fazer com que aplicações
em títulos do Tesouro e outros investimentos em renda fixa, que usam os
juros como referenciais de rentabilidade, se tornem menos atraentes do
que a caderneta. Isso porque, além de ter rentabilidade fixa, o ganho da
poupança é isento do Imposto de Renda. O temor é que, com a queda dos
juros, haja migração dos recursos que atualmente estão aplicados nos
papéis do Tesouro para a poupança, o que restringiria a capacidade do
governo de financiar suas dívidas, via títulos públicos. A estimativa da
equipe econômica é que esse problema se tornará mais evidente quando a
Selic (os juros básicos da economia) estiver entre 8% e 9% ao ano. Esse
patamar poderia ser alcançado no segundo semestre de 2012. Hoje, os
juros estão em 11,5% ao ano. A última vez que o governo enfrentou um
dilema parecido com o atual foi durante a crise de 2009. Naquela época, a
redução dos juros foi um dos instrumentos usados para tentar reverter o
quadro recessivo que se instalava no Brasil. Para evitar a migração de
recursos, o governo cogitou tributar os rendimentos de quem tinha saldo
maior que R$ 50 mil na caderneta, o que acabou não acontecendo. O tema é
considerado delicado politicamente, pois afeta milhares de pessoas, e
precisa do aval da presidente Dilma Rousseff. Ainda não há uma proposta
fechada, mas a ideia principal é estabelecer que a poupança seja
remunerada com base em um percentual da Selic, mais a variação da TR
(Taxa de Referência).
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