Desemprego dos EUA é uma crise nacional
Ben Bernanke, presidente do banco central americano. |
Bernanke ressaltou que o Fed está acompanhando a tendência dos preços bem de perto. "Se a própria inflação cair demais ou se as expectativas de inflação caírem demais, isso seria algo a que teríamos que reagir, porque não queremos deflação", disse Bernanke, numa sessão de perguntas depois de um discurso em Cleveland.
O presidente do Fed não disse se vê a deflação — ou uma queda debilitante dos preços — como um risco neste momento. Os preços na verdade vêm subindo acima da zona de conforto do Fed, de 2,0% ao ano, nos últimos meses. Bernanke disse que as expectativas de inflação indicam atualmente que os aumentos de preço vão ficar em média em torno de 2% nos próximos anos, que é onde o banco central americano quer vê-los.
Destacando sua preocupação com a fraqueza da economia americana, entretanto, Bernanke disse que a alta taxa de desemprego é uma "crise nacional" que exige atenção da Casa Branca e do Congresso.
"Temos um desemprego perto dos 10% já há alguns anos, e, das pessoas que estão desempregadas, cerca de 45% estão desempregadas por seis meses ou mais. Isso nunca aconteceu", disse Bernanke.
O presidente do Fed tem demonstrado uma forte determinação para fazer o que for necessário para consertar a economia americana, que persiste enfraquecida. Mas embora os esforços adotados para combater a crise financeira de 2008 tenham sido elogiados pela maioria, as últimas medidas do Fed para comprar títulos e estimular o crescimento econômico provocaram críticas de vários setores. Alguns políticos do Partido Republicano, de oposição, temem que a inflação futura seja o verdadeiro problema e que o banco central esteja somente piorando as coisas ao adotar medidas heterodoxas.
O Fed adotou outras medidas não convencionais em sua última reunião de política monetária na semana passada. O banco central anunciou dia 21 de setembro que vai vender US$ 400 bilhões de seus títulos do Tesouro com vencimento nos próximos três anos e substituí-los por títulos com vencimentos mais longos, de seis a 30 anos. O programa tem por objetivo reduzir as taxas de juros de longo prazo para tornar o crédito mais barato. O Fed também planeja suspender o encolhimento de títulos lastreados por créditos imobiliários em seu portfólio, uma medida destinada a ajudar o setor habitacional.
Numa aparente crítica aos políticos dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, Bernanke disse que o país tem algo a aprender com a história do sucesso econômico da China e outros países com mercados emergentes.
Políticas fiscais disciplinadas, os benefícios do livre comércio e a necessidade de estimular a formação de capital privado estão entre os motivos que o presidente do Fed listou para explicar as altas taxas de crescimento vivenciadas pela China, Índia e outros países. Avanços tecnológicos e educação também são fatores chaves que ajudaram esses países mais do que os EUA nos últimos dez anos.
"Seria bom que as economias avançadas, como os Estados Unidos, reaprendessem algumas das lições com as experiências das economias de mercados emergentes", disse Bernanke.
Enquanto os países emergentes produziram cerca de 85% do crescimento econômico global, desde então, a China, Índia e Brasil estão se desacelerando depois que elevaram as taxas de juros para conter a inflação à esteira de pelo menos US$ 870 bilhões em estímulo fiscal durante a crise financeira.
"Com o tempo, à medida que os países emergentes se tornem mais ricos e tecnologicamente mais sofisticados, vão perder as vantagens de começar a retroceder", disse Bernanke.
Tanto os mercados emergentes como as economias avançadas terão de"fazer a sua parte" para reduzir os desequilíbrios globais, disse Bernanke.
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