terça-feira, 23 de agosto de 2011

Trípoli: mídia mundial está cercada
em hotel

Repórteres estrangeiros estão impedidos de sair do hotel Rixos, em Trípoli, por tropas do ditador. Os jornalistas comentam a rotina no local na internet. "Não há graça em ficar preso em uma das fortalezas de Gaddafi", escreveu Matthew Chance (@mchancecnn), da rede de televisão CNN.

Jornalistas noticiam de dentro do hotel enquanto francoatiradores pró-Kadafi cercam o prédio

Enclausurados no Hotel Rixos desde domingo, quando o prédio foi cercado por forças leais ao ditador no combate contra os rebeldes, cerca de 40 jornalistas estrangeiros se preparam para uma eventual ofensiva no local - que até poucos dias hospedava também funcionários do regime de Muamar Kadafi. Alguns correspondentes tentaram deixar o hotel, mas foram impedidos pelos guardas do ditador, que alegaram motivos de segurança. Diante da possibilidade de ver o hotel cinco estrelas invadido por um ou outro lado, os jornalistas fabricaram bandeiras brancas com a identificação "TV" e obtiveram passes para uma possível retirada do país.
- Nos sentimos reféns. Ninguém conseguiu deixar o hotel - disse Missy Ryan, correspondente da Reuters. - Francoatiradores estão posicionados de lado de fora.
Um dos poucos veículos que conseguia relatar os confrontos diretamente do centro da capital foi a al-Jazeera, já que a sua repórter, Zeina Khodr, entrou em Trípoli com os rebeldes.
O hotel - onde jornalistas estrangeiros foram obrigados a se hospedar durante os meses de guerra - fica perto do complexo de Kadafi. O som da batalha travada entre rebeldes e forças leais ao regime pode ser ouvido do hotel, que está às escuras e com pouca água. Temendo os próximos passos dos seguidores do ditador, os jornalistas obtiveram passes da Organização Internacional das Migrações, autorizando uma eventual retirada pelo mar. Eles temem também que rebeldes invadam o lugar, acreditando que funcionários do governo ainda estejam lá. Pelo Twitter, o correspondente da CNN Matthew Chance (@mchancecnn) relatou momentos de tensão.
"São grandes explosões (perto do hotel), e não tiroteios. Os ânimos no Rixos estão muito mais sombrios do que antes. Todo mundo está muito preocupado com o que acontecerá conosco".
O repórter da BBC Matthew Price conta que a tensão começou a aumentar quando funcionários do regime que moravam no hotel - incluindo o porta-voz do governo, Moussa Ibrahim - deixaram o local nos últimos dias. Em seguida, a equipe de TV estatal e tradutores também abandonaram o edifício. Ficaram apenas as forças de Kadafi para vigiar a entrada do prédio.
- Há poucos dias, inspetores do governo apareceram por aqui, armados - conta Missy, a jornalista da Reuters. - Mas até eles desapareceram agora.

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