Chão de mármore e ducha no banheiro. Essas são algumas das tendências de decoração aplicadas nas portentosas e cada vez mais confortáveis aeronaves que servem à aviação executiva.
Vende-se amplo espaço de 74 m2, com salas de jantar e de reuniões decoradas com estofados capitonês de veludo azul, carpete alto e equipadas com tevês de plasma, linhas telefônicas e conexão de internet, suíte com cama king size e banheiro com ducha. Com capacidade para se movimentar para qualquer lugar do mundo que tenha uma pista de 1,6 mil metros de comprimento para recebê-lo, o Airbus ACJ 318, um dos atuais ícones da aviação executiva, pode ter um interior como esse. Desde que o interessado pague a bagatela de US$ 65 milhões. Sua versão para a aviação comercial transporta 109 passageiros, mas, adaptado para a aviação executiva, acomoda 19 pessoas com o que há de mais sofisticado na decoração de interiores. Decoração essa que pode ser personalizada conforme o gosto do freguês. “Nossos clientes chineses exigem uma mesa redonda com o centro giratório, pois, em casa, é nesse tipo de móvel que eles fazem suas refeições”, diz François Chazelle, vice-presidente mundial de vendas da Airbus para aviação executiva. “Eles também costumam exigir que seus aviões venham equipados com karaokê."
O interior das aeronaves da empresa tem o mesmo luxo das residências dos seus clientes,
que pagam cerca de US$ 65 milhões por um avião que pode ter até banheiro com ducha (à direita)
Breno César S. Corrêa, diretor de marketing e vendas para a América Latina da concorrente Embraer, sabe que a personalização é uma aliada para quem quer conquistar mercado. “Hoje, o propósito de um avião executivo é ser uma extensão do escritório ou da casa de quem o utiliza”, diz Corrêa. A empresa brasileira é a terceira do mundo em número de entregas de aeronaves executivas e detém 19% do mercado mundial. Segundo o diretor da Embraer, a meta para 2011 é entregar 100 aviões da linha Phenom, os menores da companhia, e 18 modelos maiores, gerando uma receita de US$ 1,2 bilhão. A grande vedete para 2011 é o Lineage 1000, um avião também para 19 passageiros, como o Airbus ACJ 318, com cinco áreas de cabine (sendo uma reservada à suíte com ducha) e preço inicial de US$ 50,5 milhões. “Para equipá-lo com materiais luxuosos e tecnologias avançadas é preciso desembolsar mais cerca de US$ 3 milhões”, afirma o executivo.
Luxo no ar: o vice-presidente mundial de vendas para a aviação executiva da Airbuss, François Chazelle, apresenta o ACJ 318
De acordo com Corrêa, o empresário brasileiro anda comprando mais aviões executivos com todo o luxo e a riqueza que ele merece. Mas o mercado ainda tem muito a crescer até alcançar o patamar de consumo dos EUA e da Europa, os maiores compradores desse tipo de aeronave. Das 500 maiores empresas dos EUA, cerca de 90% possui ou freta aeronaves executivas. No País, somente 20% delas têm essa prática. “Por aqui, o avião executivo está deixando de ser um luxo para relaxar nos fins de semana e vem se tornando uma importante ferramenta de produtividade”, diz o diretor da Embraer. Ele enumera as vantagens do avião próprio ou fretado. “O empresário não fica horas na sala de espera de um aeroporto lotado e pode trabalhar durante o voo, com a ajuda da conectividade e sem ninguém da poltrona ao lado espionando o balanço da sua empresa”, diz. “Imagine, ainda, economizar horas sem ter que fazer escalas.”
Além disso, essas empresas fornecem combustível, contratam o seguro e administram o tempo ocioso do avião. “Quando não está voando, o cliente pode capitalizar em cima do seu bem”, afirma Nobre. “Fazemos isso a partir do fretamento da aeronave.” A receita com o aluguel do avião ajuda a minimizar os custos de gerenciamento, que podem variar entre R$ 130 mil e R$ 300 mil mensais, dependendo do tamanho e da performance da aeronave.
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