Como temia o PT, o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) reassumiu sua cadeira no Senado com um discurso em que expôs as suas mágoas contra os (por enquanto) aliados do governo. Acusado de comandar um esquema de arrecadação para seu partido por meio um suposto esquema de aditivos e superfaturamento de obras comandadas pelo Ministério dos Transportes, Nascimento discursou durante 45 minutos e classificou as suspeitas como “mentiras infundadas”.
Ele atribuiu as acusações sobre ele e seu filho, o arquiteto Gustavo Moraes Pereira, de 27 anos, a um desafeto político no Amazonas, seu berço político. Gustavo é investigado pelo Ministério Público Federal por supostos enriquecimento ilícito. Em apenas dois anos, sua empresa, fundada com capital social de 60 mil reais, teve um aumento patrimonial de 86.500%. A firma é suspeita de receber repasses de uma empresa contratada pelo ministério comandado pelo pai.
O senador avisou ainda que vai provar, na Justiça, a sua inocência. Ele afirmou ter pedido ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que investigue as denúncias publicadas pela imprensa.
“Eu não sou lixo, meu partido não é lixo. Somos homens honrados e tomarei as medidas cabíveis na Justiça para reverter danos impostos a mim e a meu filho”, disse o senador na tribuna. “Eu não mereço isso. Tenho 30 anos de vida pública de serviços prestados ao Amazonas e ao país”, afirmou.
Apesar do tom, o senador Alfredo Nascimento, que é presidente regional do PR, afirmou que o partido não deixará a base de apoio do governo. A legenda possui uma bancada de 40 deputados e agora sete senadores – entre eles, o alvejado Nascimento. A esperada rebelião no partido, que até agora não engoliu a nomeação de Paulo Passos – servidor de carreira, filiado ao PR, mas fora do círculo de relações dos caciques Nascimento e Valdemar da Costa Neto (SP) – ainda não aconteceu.
Após o discurso, o senador Blairo Maggi (PR-MT), responsável pela nomeação de parte dos funcionários eliminados do ministério (como Luiz Antônio Pagot, do Dnit) manifestou apoio ao colega amazonense. Segundo Maggi, o PR espera um esclarecimento da presidenta da República após as apurações que estão sendo realizadas.
“A presidente deve ao PR um esclarecimento. Desejo que a presidente da República, assim que concluir o levantamento, venha a público esclarecer se houve desvio de recursos e superfaturamento ou aditivos comprados e aceitos”, afirmou.
Ele disse ainda que outros partidos da base do governo foram alvo de denúncias da imprensa nas últimas semanas, mas o PR teve um tratamento diferente.
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