Residencial entregue por Dilma na Bahia usa tecnologia de alvenaria que impede reformas, pois haveria risco de desabamento.
Os primeiros moradores do Residencial São Francisco, conjunto habitacional do "Minha Casa Minha Vida" inaugurado pela presidente Dilma Rousseff em Juazeiro (BA), encontraram na entrada de cada bloco de prédios uma placa advertindo para que não façam reformas, sob risco de "danos à solidez". É que os prédios foram construídos com a tecnologia "alvenaria estrutural", que os levou a serem conhecidos no Nordeste como "prédios-caixão" - sem pilotis e com alicerces em alvenaria, mas de estabilidade discutível.
O sistema é muito adotado na Região Metropolitana de Recife, mas tornou-se um problema para os mutuários e para o governo do estado. Na Grande Recife, existem dez mil prédios do tipo "caixão", mas estudos acadêmicos revelam que cerca de 60% deles apresentam algum tipo de risco. Destes, 12 já desabaram, inclusive fazendo vítimas fatais.
Um diagnóstico recente feito pelo governo de Pernambuco indicou que 340 desses imóveis estão com alto risco de desabamento, e dezenas foram interditados, a maior parte nos municípios de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, os mais importantes da Região Metropolitana.
A Secretaria das Cidades de Pernambuco realiza atualmente um levantamento para saber se é possível recuperar algum desses imóveis. Muitos terão que ser demolidos. Quase todos foram financiados pelo governo, via Caixa Econômica Federal, como ocorre com o "Minha Casa Minha Vida", que está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No residencial inaugurado - que, segundo a prefeitura de Juazeiro, é o maior conjunto habitacional do "Minha Casa Minha Vida" -, há vários avisos: "Os edifícios que compõem o empreendimento foram construídos em alvenaria estrutural, não podendo ser feitos nenhuma abertura ou rasgo em qualquer parede do edifício, muito menos remoção de parte ou totalidade de qualquer parede. O descumprimento dessas orientações poderá causar danos na solidez ou segurança do edifício".
O conjunto custou mais de R$ 61 milhões ao governo federal. E a presidente assinou ordem de serviço no valor de R$ 49,78 milhões, para financiar mais 1,2 mil moradias, dentro do novo PAC-2.
O conjunto inaugurado, com 1,5 mil apartamentos, também apresentou um outro problema para os primeiros moradores. Falta água nas torneiras, como relataram alguns moradores.
A Caixa negou que os imóveis estivessem sem água, mas o problema foi detectado e confirmado nos poucos apartamentos já habitados. O diretor do Sistema de Abastecimento de Juazeiro, Joaquim Neto, afirmou que os novos moradores precisam requisitar ligações individuais para que tenham o abastecimento regularizado.
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