Recuo em Trípoli foi 'movimento tático', disse ditador a rádio local.
Confrontos mataram 400 e feriram 2.000 na capital, dizem rebeldes.
O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, disse na madrugada desta quarta-feira - 24 de agosto que a retirada de suas tropas de sua fortaleza em Trípoli foi um "movimento tático" e prometeu "morte ou vitória" perante o que qualificou de uma "agressão" das tropas ocidentais.
Tropas rebeldes invadiram Bab al-Aziziya, o QG de Kadhafi, na tarde de terça-feira - 23 de agosto, em uma ação que o Conselho Nacional de Transição considerou como a vitória sobre o regime do coronel, três dias depois da tomada de Trípoli.
Kadhafi e seus filhos não foram encontrados no local, e seguem em local incerto.
As declarações de Kadhafi foram feitas a uma rádio local da capital, Trípoli, e transmitidas pela TV Al-Orouba.
Ele acusou a Otan de ter bombardeado seu complexo 64 vezes. A aliança militar ocidental, que cumpre mandato da ONU para proteger civis na Líbia, confirmou ter sobrevoado o complexo de Kadhafi, mas não confirmou os bombardeios.
Um porta-voz do ditador líbio disse que Kadhafi está pronto parar resistir por "meses ou até mesmo anos" ao cerco dos rebeldes à capital e prometeu transformar o país em "vulcões de lava e fogo".
Falando por telefone aos canais Al-Orouba e al-Rai, Moussa Ibrahim disse que forças leais a Kadhafi capturaram quatro autoridades de "alto escalão" do Catar e outra dos Emirados Árabes e disseram que os rebeldes não encontrarão paz se avançarem para Trípoli a partir de Benghazi, no leste do país.
Apoio ocidental
EUA, ONU e países europeus reforçaram os apelos para que o ditador, no poder desde 1969, deixe o poder imediatamente, e o Conselho Nacional de Transição, órgão político dos rebeldes, já começa a organizar o novo governo.
400 mortos
O Conselho Nacional de Transição confirmou que os três dias de combate após a tomada de Trípoli deixaram ao menos 400 mortos e 2.000 feridos.
Correspondentes da agência Reuters relataram que ainda havia tiroteios pelas ruas de Trípoli durante a madrugada desta quarta-feira(24).
Quem é quem no clã Kadafi
O ditador Muamar Kadafi conseguiu se manter por 42 anos no poder tendo em seus filhos importantes aliados. Com a primeira mulher, Fathia, teve Mohammed. Com a segunda, Safia Farkas, teve outros sete, além de Milad e Hanna, adotados pelo casal.
Milad Abuztaia (sem foto) - Filho adotivo e sobrinho de Kadafi. Foi ele que teria salvo a vida do ditador durante o bombardeio americano a Trípoli, em 1986.
Hanna - Outra filha adotiva de Kadafi, morreu no bombardeio americano a Trípoli em 1986.
Mohammed - Filho da primeira mulher de Kadafi. Com a invasão dos rebeldes a Trípoli, foi capturado após supostamente se render. Conseguiu escapar com ajuda das forças leais a seu pai. Também era apontado como um dos possíveis sucessores de Kadafi, mas os rumores eram de que não se interessava pelo cargo.
Saif al-Islam - Porta-voz do regime, é acusado de crimes contra a Humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. Os rebeldes diziam tê-lo capturado, mas ele reapareceu na noite de segunda-feira em Trípoli cercado de seguidores do pai.Saif morou durante anos em Londres, onde teve uma vida de luxo graças ao petróleo líbio.
Saadi - Ex-jogador de futebol, chegou a ter uma breve carreira na Itália. É casado com a filha de um comandante militar do regime. Os rebeldes dizem tê-lo capturado.
Mutassim - Membro da ala mais dura do regime Kadafi. Foi assessor de segurança nacional do pai e dirigiu sua própria unidade militar na cidade de Brega. Estaria em Trípoli ajudando na resistência ao avanço rebelde.
Hannibal - Ocupa um alto cargo numa das companhias estatais líbias, mas não está diretamente ligado ao governo. Ficou conhecido em 2008, quando, após um episódio de violência num hotel de Genebra, gerou um incidente diplomático entre Líbia e Suíça.
Saif al-Arab - Era um dos filhos mais novos de Kadafi. Morreu num ataque da Otan em fins de abril, junto a três netos do ditador.
Khamis - Oficial de polícia treinado na Rússia. Esteve por trás da repressão aos rebeldes em Benghazi, reduto opositor. Teria sido morto na ofensiva rebelde contra Trípoli, mas não há confirmação.
Aisha - Advogada, trabalhou na equipe de Defesa de Saddam Hussein. Em 2006, casou com um primo de Kadafi.
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