Ministro radicaliza disputa interna no PP
Negromonte: briga interna do PP ‘termina em sangue’
O ministro das Cidades, Mário Negromonte, afirmou ontem em uma entrevista a um programa matinal da rádio Tudo FM de Salvador que a forte disputa dentro do seu partido, o PP, pode terminar "em sangue". "Lamento muito que exista uma briga interna. Um lado começa a dizer coisa da vida do outro então vai terminar em sangue e isso é muito ruim."
Na semana passada, a maioria dos 41 deputados federais da legenda assinou um requerimento que destituía da liderança da bancada Nelson Meurer (PR) e nomeava em seu lugar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). A justificativa é de que não havia debate nem consultas aos parlamentares quanto aos posicionamentos a serem assumidos pela bancada.
Ocorre que Meurer é ligado a Negromonte e, segundo informações publicadas pela revista "Veja", o ministro ofereceu dinheiro a deputados para que ele fosse mantido no cargo. O ministro nega a informação e diz que tudo se deve a essa disputa interna.
Na entrevista à rádio baiana, ele afirmou também que a presidente Dilma Rousseff o aconselhou no fim de semana a não ter o mesmo comportamento do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, que pediu demissão após denúncias de corrupção veiculadas na imprensa. "Estive com a presidente em São José do Rio Preto (SP) e ela se posicionou que o Wagner Rossi cedeu às denúncias e que não era para ele ter cedido. E disse a mim: 'Você, ministro, não dê importância a essas matérias'".
Declarou ainda que Dilma, muito "dura e justa", se não o quisesse mais em sua equipe ministerial poderia já tê-lo demitido. "Quem conhece a presidente, se ela não desejasse que eu ficasse, ela a mim viria. Quem conhece a personalidade dela, é uma pessoa muito dura, muito justa, ela dizia [que não o queria mais]".
Na sequência, disse que a reportagem da "Veja" não tem provas e sugere que o fato de ser nordestino pode ser uma das motivações para que ela fosse publicada. "Lógico, se for uma matéria que tiver prova testemunhal, gravação ou documentos. [Mas] nesse caso não tem. É só ilação e briga de dois grupos. E, ora, o que é mais importante, o ministro ou deputado? Lógico que é o ministro. Então vamos atingir a honra do ministro, que é nordestino."
Ele, contudo, disse que contraria muitos interesses no ministério e dentro do seu partido, o que, em sua avaliação, propicia o surgimento dessas denúncias. E aponta que o ex-ministro Márcio Fortes pode estar por trás das acusações. "Nada vai manchar minha honra por mais que queiram fazer campanha. A gente contraria muito interesse. Tem gente interna do nosso partido que eu contrario interesse. Tem gente externa, outras pessoas. O Márcio Fortes queria ficar [na Pasta]".
Em outro momento, diz que na semana passada recebeu um grupo de deputados que foram buscar seu apoio contra a destituição de líder, ocasião em que soube que Fortes, após a escolha do novo líder, manifestou-lhe solidariedade.
Hoje, o grupo que assumiu o comando da liderança do partido na Câmara deve ter uma reunião informal para avaliar a situação de Negromonte. Há a avaliação de que ele está enfraquecido no cargo, muito mais porque um grupo contrário ao seu agora assume o comando da bancada do que pela denúncia em si. Só que a prioridade é trabalhar para consolidar o novo líder, e não desestabilizar o ministro. Ao menos por enquanto.
O motivo é que, tendo em vista o estilo de Dilma, uma movimentação mais agressiva agora poderia ser inócua e, inevitavelmente, geraria desgaste no PP e no relacionamento com o Palácio do Planalto. Dois exemplos fundamentam essa preocupação: o PR quis emplacar alguém da bancada no Ministério dos Transportes e não conseguiu, assim como foi frustrada a tentativa do PT e do PMDB de que o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), fosse nomeado ministro das Relações Institucionais.
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