Campus arco-íris
Lançado em julho e financiado pelo Google , guia on-line classifica universidades inglesas em mais ou menos receptivas aos alunos LGBT.
Quais são os critérios que levam os jovens a escolher uma ou outra universidade?
Além da qualidade do ensino, eles e elas querem saber se vão ser bem recebidos.
Foi por isso que a Stonewall, organização britânica que luta contra a homofobia desde 1989, criou, no ano passado, o Gay by Degree - o primeiro guia on-line que classifica as universidades como preparadas ou não para receber estudantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).
Uma pesquisa da organização, de 2007, indicou que 65% dos estudantes - gays, lésbicas e bissexuais - enfrentavam em suas escolas o bullying homofóbico. Um terço das agressões, no ensino fundamental, vinha dos próprios professores.
"Os universitários que consultam nosso guia ficam felizes em saber que sua próxima experiência pode ser diferente", afirma Chris Dye, um dos responsáveis pela realização do Gay by Degree.
Não há um ranking, mas 160 universidades do Reino Unido são avaliadas sob a luz de dez critérios - entre eles, se há funcionários treinados para evitar incidentes homofóbicos no campus.
Nesta segunda edição, lançada em 19 de julho - e financiada pelo Google -, as instituições foram analisadas a partir da informação disponível em seus sites. Segundo os realizadores do guia, "para que a informação pública e de fácil acesso seja um critério a priori".
Apenas quatro universidades conseguiram a máxima pontuação nesta edição: Universidade College (UCL) e Imperial College, ambas em Londres, e duas no interior - a de Wolverhampton e a de Portsmouth. Na primeira edição, ninguém chegou lá.
"Algumas escolas avançaram. Elas estão usando o guia para comparar-se umas às outras e melhorar a qualidade como recebem os novos alunos. Muitas fizeram mudanças nos sites para que as informações ficassem mais visíveis", diz Dye.
DIVERSIDADE
A Universidade College de Londres, uma das que aparecem no topo do Gay by Degree, conta com um departamento de igualdade e diversidade desde os anos 1990. "É um ponto muito importante para uma universidade que abriga alunos de 140 países. É preciso sempre reforçar o respeito às diferenças", diz Fiona McClement, conselheira do departamento.
Davina Moss, que começa em Cambridge em setembro, usou o guia no ano passado para poder "desempatar" escolhas. "Entre minhas dez eleitas, usei a informação para saber mais sobre a postura da universidade", diz.
Cambridge, aliás, uma das universidades mais velhas e tradicionais do mundo, com mais de 800 anos de idade, é considerada pelo guia a mais "gay friendly" do Reino Unido -apesar de atingir apenas oito critérios da lista.
Anthony Woodman não vê nenhuma contradição nisso.
"Rigor intelectual e pensamento crítico sempre andaram juntos aqui, e a escola sempre esteve à frente nas questões de seu tempo", diz o presidente da organização estudantil CUSU-LGBT, que afirma ter 700 membros em sua lista virtual de discussão.
LIVRE PENSAR
Para Alexander Bramham, estudante e coordenador de eventos da Sociedade LGBTQ da Universidade de Oxford -mais um grande nome entre as tradicionais e antigas universidades inglesas-, não há surpresa em ver essas duas instituições com boas avaliações no Gay by Degree (Oxford também atende a oito critérios).
"Oferecer um espaço de qualidade para a educação tem a ver com promover a igualdade e a tolerância no campus", afirma Bramham.
A organização em que trabalha, liderada por um comitê de alunos eleitos anualmente, nasceu em 1969. Hoje, sua página oficial no Facebook, segundo o estudante, já tem mais de 200 membros.
"A universidade deve ser um lugar onde as pessoas possam aprender mais sobre si mesmas. Eu não teria escolhido Oxford se não visse essa abertura aqui", completa.
"Não conheço outro guia parecido ", afirma Chris Dye, da Stonewall, que comemora os já ultrapassados 7.000 visitantes únicos desta edição.
Na era dos rankings no ensino superior, eles serão apenas o primeiro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário