sexta-feira, 5 de agosto de 2011

África do Sul mobiliza Exército para proteger rinocerontes

Desde abril, os soldados do exército regular sul-africano estão mobilizados ao longo da fronteira com Moçambique, no parque nacional Kruger, no nordeste do país. Têm como missão combater a caça ilegal, cada vez mais profissional e organizada, que alimenta o mercado asiático com os chifres dos rinoceronte, transformados em pó. "Não estamos mais no tempo do caçador isolado que vinha pela carne, com suas armadilhas primitivas, flechas ou fuzis", explica Ken Maggs, especializado no cerco dos ilegais no parque. "Agora, eles vêm preparados para lutar. É por isso que adotamos táticas militares, ou paramilitares", disseram fontes militares. "Eles atravessam a fronteira à noite, com seus óculos de visão noturna, fuzis de assalto AK-47 (Kalachnikov) e de caça. Os guardas encontram, às vezes, mensagens com ameaças, escritas na areia. As patrulhas do exército, que circulam num jipe do parque, trabalham desde o alvorecer, em alerta. Os caçadores são piores que os predadores porque, muitas vezes, abrem fogo", desabafam os militares. Desde o início do ano, 15 caçadores foram mortos, 9 feridos e 64 detidos em confrontos com o Exército. Março foi o pior mês da história do parque Kruger para os rinocerontes, com 40 animais mortos, segundo os militares. Desde a mobilização do Exército, no final de abril, o número de mortes caiu para 15 em maio e, apenas dois, em junho. É a primeira vez que a tendência se inverte desde 2007. Nesse ano, 13 rinocerontes foram abatidos na África do Sul, e esse número aumentou em seguida, para chegar a 333 em 2010. Os rinocerontes negros já estão ameaçados de extinção, com apenas 4.838 indivíduos recenseados em estado selvagem no mundo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Seus primos, os rinocerontes brancos, são apenas 17.480. A permissão para caçá-los legalmente em certos lugares da África do Sul, custa apenas o equivalente a R$ 11,00 - lamenta Rynette Coetzee, chefe de um programa de defesa das espécies ameaçadas.

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