Autor dos ataques na Noruega preparava ação desde 2009 e escreveu manifesto de 1.500 páginas contra 'dominação islâmica' e marxistas
Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente por Anders Behring Breivik, o norueguês que matou 92 pessoas em dois atentados em Oslo, revela que o ataque já era preparado desde o outono de 2009.
Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, deixou para trás um manifesto detalhado descrevendo como se preparou para os ataques e convocando para uma guerra civil e cristã a fim de defender a Europa contra a ameaça de dominação muçulmana, divulgaram neste sábado as autoridades norueguesas e americanas que participam das investigações.
O documento detalha ainda os seus preparativos, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas". Ele ainda admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a II Guerra Mundial" por seus atos.
O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Delaration of Independence - 2083" (Uma declaração de Independência Europeia - 2083, em tradução livre) e é assinado por "Andrew Berwick". "Meu nome, Breivik, remonta à época anterior a dos vikings. Behring é um nome germânico pré-cristão que deriva da palavra Behr, que em alemão significa urso e Anders (Andreas) é o equivalente escandinavo de Andrew", explica o assassino.
Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, um discurso contra o Islã e o marxismo, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque. Segundo seus próprios relatos, ele teria realizado um primeiro teste de detonação de uma bomba - que foi bem sucedido - em um local remoto no dia 13 de junho, sem deixar vítimas. Em meio aos relatos sobre a fabricação de bombas, o assassino dá ainda detalhes de sua rotina assistindo televisão, incluindo o concurso de música Eurovision e o drama policial americano The Shield.
"Um alvo prioritário é a reunião anual do partido socialista democrata", diz o texto que também explica como montar uma empresa de fachada, mineradora ou agrícola, para adquirir explosivos. Breivik tocava uma empresa de agricultura dedicada ao cultivo de hortaliças no leste da Noruega, o que lhe permitiu acumular grandes quantidades de fertilizante, que pode ser usado na fabricação de explosivos. Loiro, cristão e de extrema-direita, Anders Behring Breivik estava fora do radar da polícia norueguesa.
Ao final do texto, ele afirma "acredito que será minha última postagem. Estamos na sexta-feira, 22 de julho, às 12h 51min". O trecho foi o último escrito apenas três horas antes da explosão de uma bomba no centro de Oslo e do posterior ataque à colônia de férias de jovens do Partido Trabalhista.
Assassino deixou um vídeo no YouTube
Anders Behring Breivik admitiu que participou dos ataques, que "foram planejados há muito tempo", informou um de seus advogados, Geir Lippestad. Ele também é apontado como autor de um vídeo publicado no YouTube na sexta-feira(22). Na gravação, ele apela para que os conservadores cristãos na Europa levantem-se juntos em uma manifestação violenta em uma versão moderna dos Cavaleiros Templários das Cruzadas para salvar a Europa do totalitarismo islâmico.
Perto do fim, Breivik aparece vestindo um uniforme militar e segurando armas. Segundo o "The New York Times", o vídeo ficou poucas horas no ar e foi removido do site no sábado(23).
Uma página no Facebook e no Twitter dão outras pistas sobre suas motivações
"Uma única pessoa com convicção tem a mesma força de 100.000 que têm apenas uma vontade", escreveu.
As postagens, junto ao que se conhece sobre ele publicamente, se alinham com o massacre, embora fosse de difícil previsão diz a polícia.
Breivik foi membro do Partido de direita e tinha uma ideia fixa, o que o levou ao extremo de matar mais de 90 pessoas.
O homem classificou seus atos , de acordo com o seu advogado de defesa, de "atrozes, mas necessários". Anders Behring prestará os esclarecimentos em uma audiência na Justiça na segunda-feira - 25 de julho - e o tribunal decidirá se o suspeito deve permanecer preso.
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