No sábado, dia 23 de julho, o crucifixo de mais de cinco metros - que fora encontrado nos escombros do World Trade Center, após os ataques terroristas de 2001 - foi transferido de uma igreja nas cercanias das antigas Torres Gêmeas para o Museu Memorial Nacional do 11 de Setembro, também em Nova York. A decisão enfureceu um grupo de ateus, que resolveu entrar na Justiça para a retirada do símbolo religioso, segundo informações do "New York Times".
A organização sem fins lucrativos Ateus Americanos, com base em Nova Jersey, alega que a transferência da cruz para o museu é uma violação da Constituição dos EUA e do princípio de direitos civis do país, que proibiria o uso de símbolos religiosos (no caso, cristão) em propriedades do governo, como o memorial.
A disputa sobre a cruz do WTC se tornou o último imbróglio da acalorada discussão sobre como relembrar os ataques de 11 de setembro de 2001. A menos de dois meses do aniversário de dez anos dos atentados, a briga judicial culmina também com a volta do debate sobre a construção de um centro cultural islâmico e de uma mesquita a poucos metros de distância do Marco Zero.
Marc D. Stern, membro do Comitê Judeu Americano, acredita que o processo contra a cruz é um caso díficil, pois o objeto se tornou uma peça importante da história dos atentados. Nos dias seguintes ao ataque, alguns membros das equipes de resgate e parentes de vítimas usaram a cruz de ferro, encontrada nos escombros, como um símbolo de fé e esperança.
- A cruz é uma parte importante da reação aos ataques e isso a torna uma peça secular. Mas também está muito claro que a insistência em falar dela tem um fundo religioso para muitas pessoas. Mas as duas percepções acerca do crucifixo (cristã e a secular) são corretas - disse Stern.
Ira C. Lupu, professor de Direito da universidade George Washington, disse que o processo é "plausível", mas o seu veredicto vai depender de como a cruz será disponibilizada no musem, que ainda não foi inaugurado.
David Silverman, presidente do grupo Ateus Americanos, alegou que o processo busca ou a retirada do crucifixo ou o que ele chamou de representação igualitária dentro do memorial.
- Eles podem permitir que todas as religiões disponibilizem símbolo, do mesmo tamanho e com o mesmo destaque, ou eles retiram todos os objetos. Mas eles não podem escolher quem merece ou não estar representado lá (no memorial) - disse Silverman, afirmando que se os ateus pudessem escolher algo para lhes representar, elegeriam um átomo.
A Port Authority, que é o órgão público ao qual pertence a área do museu, não quis comentar o processo, e um porta-voz do departamento de Direito de Nova York disse que não foi informado da ação. Joseph C. Daniels, presidente e chefe-executivo do memorial, disse que a cruz é claramente um símbolo significativo histórico e chamou o processo judicial de "sem mérito".
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