domingo, 28 de fevereiro de 2016


Todos querem viver no mundo de João Santana


João Santana e Mônica Regina Cunha Moura
Qualquer pessoa, depois de conhecer o teor do depoimento de João Santana à Polícia Federal, poderia pedir para viver no mundo que o marqueteiro descreve com tanta naturalidade, seja ele onde for.
No mundo convencional, muita gente sente tonteiras ao notar que acumulou responsabilidades financeiras acima de suas possibilidades. No mundo de Santana, pode-se amealhar fortuna sem que isso seja uma questão financeira relevante.
Santana admitiu possuir conta secreta na Suíça. Nela pingaram pelo menos US$ 7,5 milhões — ou cerca de R$ 30 milhões. E o marqueteiro não tem a mais remota ideia da origem da dinheirama. Não sabe quem, como e quando depositou.
O mundo de Mônica Moura, mulher e sócia de João Santana, também é invejável. Ela conhece a origem do dinheiro. Sabe que a verba, por clandestina, não veio de um convento. Mas recebe tudo dizendo amém. E não enxerga a culpa no espelho.
Depois de ouvir o casal do marketing insinuar que quase tudo é possível, salvo encontrar sujeira no financiamento das campanhas do PT no Brasil, todos têm o direito de pedir para viver no mundo da dupla, pois o ar respirado lá, obviamente leva ao delírio. Não fosse pela Lava Jato, seria um mundo de sonho, superado apenas por aquele que Santana criou para Dilma na campanha presidencial de 2014.


PF aponta pagamento ‘por fora’ de R$ 4 milhões da Odebrecht a marqueteiro de Dilma nas eleições de 2014 — Nova planilha encontrada no computador de funcionária da empreiteira mostra sete repasses, durante o segundo turno do pleito que levou à reeleição da petista Dilma Rousseff, entre 24 de outubro e 7 de novembro.

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Segundo os investigadores, a planilha de pagamentos apreendida com a funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares aponta o repasse de sete pagamentos somando R$ 4 milhões no Brasil para o “programa Feira”, sigla que a PF suspeita ser uma referência ao marqueteiro João Santana e Mônica Moura, entre outubro e novembro de 2014, durante o segundo turno das eleições presidenciais quando João Santana atuou na campanha à reeleição de Dilma Rousseff. E ainda um valor negociado total de R$ 24 milhões, “claramente à margem da contabilidade oficial da Odebrecht”, apontam os delegados Márcio Adriano Anselmo e Renata da Silva Rodrigues.
Também chamou a atenção dos investigadores uma coluna da planilha intitulada “Cid” associada aos pagamentos e na qual aparecem as siglas “SAO”, “o que leva a crer tratar-se da cidade de São Paulo e um ‘status’ de ‘totalmente atendida'”.



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Além destes elementos, a Polícia Federal aponta novos bilhetes e anotações encontradas na casa da funcionária da Odebrecht que reforçam as suspeitas de que ela tratava de repasses ilícitos e mantinha contatos com Mônica Moura utilizando-se da sigla “feira” . Os investigadores ainda reforçam que a planilha de pagamento “Italiano” compartilhada em trocas de mensagens dos executivos da empreiteira indica que o casal teria recebido recursos ilícitos no Brasil em anos eleitorais.
Os delegados apontam trecho da planilha em que aparece referências de pagamentos de R$ 18 milhões e R$ 5,3 milhões em 2008, ano em que o casal trabalhou nas campanhas municipais de Marta Suplicy, então no PT, Gleisi Hoffmann e Vander Loubet, também petistas.
O casal de marqueteiros, em depoimento, afirmou que os valores recebidos em conta secreta na Suíça são relativos a campanhas eleitorais realizadas na Venezuela e em Angola.



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Moro prorroga prisão de marqueteiro de Lula e Dilma por mais cinco dias — Juiz da Lava Jato acolheu requerimento da Procuradoria da República e da PF que apontaram 'mentiras' nos depoimentos de João Santana e Mônica Moura, presos na Operação Acarajé.



O juiz federal Sérgio Moro


O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, decretou na sexta-feira, 26.fev.2016, a prorrogação por mais cinco dias da prisão temporária do publicitário João Santana e de sua mulher e sócia Mônica Regina Cunha Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e de Dilma (2010 e 2014). A medida é extensiva à Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária da empreiteira Odebrecht. Todos foram presos na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.
“A colocação em liberdade dos três colocará em risco a efetividade de novas diligências da espécie”, destacou o juiz em sua decisão. “Como rastreados no exterior depósitos na conta Shellbill Finance (de João Santana e sua mulher) de apenas US$ 7,5 milhões não excluo a possibilidade da existência de outras contas secretas no exterior ou no Brasil controladas pelo casal, já que as planilhas (apreendidas na residência de Maria Lúcia) indicam pagamentos bem superiores a este valor. Também propiciará mais tempo para o rastreamento dos possíveis pagamentos em reais efetuados no Brasil e a sua completa totalização.”


A prorrogação da temporária do marqueteiro e de sua mulher e sócia foi requerida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Onze procuradores da República que subscrevem o pedido de renovação da custódia alegam que João Santana e Mônica ‘mentiram’ em seus interrogatórios. Eles apresentaram versões que não convenceram os investigadores, principalmente na parte relativa a pagamentos realizados pela empreiteira Odebrecht.
“Revelam-se indícios de que, além de terem faltado com a verdade em seus depoimentos, Mônica Moura e João Santana receberam de forma dissimulada, pelo Grupo Odebrecht, quantidade ainda maior de recursos provenientes de crimes cometidos contra a Petrobrás”, destacam os procuradores.
Os procuradores anotam que ‘apesar de João Santana e Mônica Moura terem negado veementemente utilizarem o apelido ‘Feira’ para o recebimento dos valores, as anotações manuscritas apreendidas na residência de Maria Lúcia revelaram claramente que a menção a ‘Feira-Mônica’ corresponde ao casal João Santana e Mônica Moura, uma vez que os telefones anotados abaixo de ‘Feira’ correspondem aos números utilizados por ambos’
“Além disso, a planilha de pagamentos apreendida na residência de Maria Lúcia revela a existência de negociação de R$ 24,2 milhões vinculados a ‘Feira’. Tal tabela relata claramente a existência de 7 pagamentos em que o status da planilha aponta para ‘totalmente atendida’, demonstrando que, dos R$ 24,2 milhões, pelo menos R$ 4 milhões foram entregues pela Odebrecht a João Santana e Mônica Moura, referidos como ‘Feira’ até a data de 3 de julho de 2014.

O juiz Moro anotou — “O exame da documentação poderá indicar a necessidade de buscas adicionais e ainda indicar rastros financeiros ainda desconhecidos, propiciando a coleta de novas provas e, o rastreamento, medidas de quebras de sigilo bancário e de sequestro de ativos.”
Segundo juiz da Lava Jato, a “prova da realização de outros pagamentos subreptícios pelo Grupo Odebrecht à ‘Feira’, ou seja, Monica Moura, durante o ano de 2014 e em reais no Brasil, é, em princípio,  inconsistente com álibi apresentado, de que os pagamentos na Shellbill teriam sido os únicos efetuados pela Odebrecht ao casal e igualmente inconsistente com a alegação de que os valores não contabilizados seriam referentes exclusivamente a campanhas eleitorais na Venezuela e em Angola”.
Para Moro, ‘o fato é que os elementos probatórios anteriores e os ora revelados no exame sumário das provas apreendidas, indicam que o relacionamento de João Santana e Mônica Moura com a Odebrecht é muito maior que o admitido e que eles teriam recebido quantias bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas até a conta Shellbill’.

O juiz da Lava Jato aponta inconsistências no álibi do marqueteiro — ” Ambos (João Santana e a mulher) ainda admitiram que não haviam declarado a conta, mas que pretendiam regularizar a situação, abrindo mão ainda na ocasião ao seu sigilo bancário, a fim de facilitar que as autoridades brasileiras possam obter os documentos da conta Shellbill na Suíça. Não apresentaram, porém, eles mesmo os documentos, extratos, por exemplo, da conta na Suíça.”
Para o magistrado, essa fase de inquérito em que estão sob apuração possíveis ilícito, “é prematura qualquer conclusão”. “Entretanto, como apontado na representação policial, há certos problemas no álibi.”
Um deles é a “proximidade da Shellbill com as fontes de recursos ilícitos no esquema criminoso da Petrobrás. A Odebrecht utilizou as mesmas contas empregadas para pagar propina aos agentes da Petrobrás para remunerar João Santana e Mônica Moura, enquanto a presença de Zwi Skornicki, como fonte de recursos deles, é, por si só, perturbadora, já que colhida prova do papel deste de intermediador de propinas aos agentes da Petrobrás”.
“Nem João Santana ou Mônica Moura explicaram, ademais, porque a Odebrecht teria efetuado pagamentos de campanhas eleitorais na Venezuela e, principalmente, qual a relação de Zwi Skornicki com a campanha eleitoral na Angola.”

LEIA PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DA PRISÃO DE JOÃO SANTANA





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