quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016





Nas redes sociais, filho de Lula investigado na Operação Zelotes ataca o juiz federal Sergio Moro




Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula


Investigado pela Operação Zelotes por ter recebido R$ 2,4 milhões de um lobista acusado de participar de um esquema de compra de medidas provisórias, Luís Claudio Lula da Silva faz das redes sociais sua trincheira.
A participação do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Facebook é praticamente diária e, frequentemente, crítica. Entre seus alvos: o juiz federal Sergio Moro; o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); o delegado da Polícia Federal responsável pela Zelotes, Marlon Cajado; além de adversários políticos do seu pai e a mídia.
Até o início da semana passada, um dos posts trazia uma montagem de Sergio Moro segurando um cartaz: "Contrata-se delatores, com ou sem experiência. Objetivo: acabar com o PT".




Relator do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-ministro Joaquim Barbosa é outro que ilustra o perfil, no caso, ao lado de Eduardo Cunha.
A frase, acima de duas fotos de Barbosa e Cunha, afirma: "Corrupto tem culpa por roubar, mas a Justiça tem mais, por proteger!". Em baixo, a justificativa do texto republicado: "Investigação sobre contas suíças de Cunha estava na gaveta desde 2006". Barbosa esteve no Supremo de 2003 a 2014.
Em 12 de fevereiro, uma semana antes de o governo anunciar a projeção de queda de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) para 2016, Luís Claudio ironizou análises sobre a situação econômica.
Ele compartilhou um bunner dizendo que na praia "os quiosques estão lotados de crise", o estacionamento do shopping anda "lotado de crise" e as pessoas na fila do restaurante aguardam a "crise desocupar" a mesa.
A Polícia Federal ganhou espaço cativo no Facebook de Luís Cláudio. Ele republicou uma entrevista do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), assíduo comentaristas dos posts do filho de Lula. Nela, o parlamentar sustenta que PF e o Ministério Público Federal "não disfarçam mais a caçada a Lula".
O delegado Marlon Cajado, responsável pela operação da qual Luis Claudio é alvo, é acusado de exibicionismo. Acima de um link como uma nota do Instituto Lula rebatendo Cajado, o filho do ex-presidente provocou: "Quando a pessoa quer aparecer no plim-plim faz de tudo".
O comentário, no alto de uma nota oficial do Instituto Lula, foi feito no dia em que veio a público o parecer em que Cajado sustenta que a Zelotes investiga a eventual atuação de Lula no esquema de compra de medidas provisórias.
Os veículos de comunicação inspiraram diversas postagens. Quando as notícias retratam escândalos ligados ao PSDB e inimigos políticos do PT, Luís Claudio os compartilha, muitas vezes, comentando as suspeitas de desvios de oposicionistas. As críticas aos veículos são guardadas para reportagens que contenham denúncias sobre integrantes do PT.
Nessa linha, ele compartilhou um texto de uma internauta que diz: "PIG (sigla de Partido da Imprensa Golpista): Sítio frequentado por Lula tem minicristo e pedalinho. Já pensou se tivesse um aeroporto construído com o dinheiro do povo de Minas?", em referência à pista de pouso que funciona dentro do terreno de um parente do senador e ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB).


Sítio em Atibaia frequentado por Lula tem mini Cristo e pedalinhos


Um lago com pedalinho de cisne e uma miniatura do Cristo Redentor decoram o sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia, interior de São Paulo.
A propriedade passou a ser investigada por procuradores da Operação Lava Jato após uma reportagem revelar que a Odebrecht havia arcado com uma reforma no local, segundo uma fornecedora de materiais de construção. A empreiteira nega ter realizado a obra.
Com 173 mil metros quadrados — equivalente a 24 campos de futebol —, a propriedade rural tem uma casa principal em frente à piscina e outras duas edificações, uma localizada logo atrás da sede e outra ao lado do lago. Há ainda uma área coberta em volta da piscina.
Segundo relatos feitos ao Ministério Público de São Paulo, a Usina São Fernando, empresa do pecuarista e amigo do ex-presidente José Carlos Bumlai, bancou a mão de obra para a construção da estrutura da casa anexa, com quatro suítes, a um custo de cerca de R$ 40 mil.
Também cedeu o arquiteto, Igenes Neto.
É em frente à piscina, na entrada do sítio, que está erguida a imagem de Cristo, enfeitando um pequeno jardim com luzes para iluminação noturna.



Imagem do Cristo Redentor em jardim do sítio


Pedalinhos de cisne em lago do sítio


LAGO — O lago, dividido por uma ponte, tem dois pedalinhos em forma de cisne branco. A pesca é outra atividade de lazer praticada no lago.
Em setembro de 2013, a mulher de Lula, Marisa Letícia, comprou um barco com capacidade para cinco passageiros ao custo de R$ 4.126 e mandou entregar no local.
A contenção do lago coube à OAS, que, junto com Odebrecht e Bumlai, realizou parte das obras no sítio, segundo relato de profissionais próximos da empresa.
A empreiteira ainda cuidou do escoramento do telhado da sede, que ameaçava ruir.
Na área do lago, há também uma horta de verduras com 11 canteiros. O local é coberto por rede e iluminado por dois postes de luz.
Em vista aérea, é possível ver que o sítio é cercado por uma densa vegetação.



Engenheiro diz que fez obra em sítio usado por Lula
a pedido da Odebrecht




O engenheiro Frederico Barbosa, da Odebrecht, no Itaquerão


Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, o engenheiro Frederico Barbosa afirmou que atuou nas obras do sítio de Atibaia, frequentado pela família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por solicitação de um de seus superiores na Odebrecht, empresa para a qual trabalha.
Em testemunho prestado na segunda-feira (22.fev.2016), Barbosa contou aos procuradores que atendeu a solicitação para avaliar os trabalhos na propriedade rural que estavam atrasados. Os serviços no sítio começaram em outubro de 2010, quando Lula era presidente.
A versão dada à força-tarefa da Lava Jato é diferente daquela apresentada à reportagem em entrevista publicada no final de janeiro, em que o engenheiro negou que a Odebrecht tivesse relação com as obras.
"Eu prestei um serviço para uma empresa contratada pelo proprietário, mas não tem nada a ver com a empresa [Odebrecht]", disse à época à reportagem.
A investigação sobre a atuação da empreiteira no sítio é alvo da força-tarefa da Lava Jato desde que a reportagem publicou uma entrevista com a ex-dona de uma loja de materiais de construção que afirmou que a empreiteira havia bancado parte da obra na propriedade rural e Barbosa teria coordenado os trabalhos.
Outra mudança de versão no depoimento do engenheiro ocorreu em relação ao período em que prestou os serviços. Na entrevista à reportagem, Barbosa havia dito que tinha trabalhado em suas "férias, em recesso de final de ano".
Aos procuradores, admitiu que além de trabalhar no recesso, fez dupla jornada em obras da Odebrecht e no sítio durante um período dos serviços com o consentimento da empreiteira.
Também explicou como se envolveu no projeto. Disse que após o pedido da empresa, foi à propriedade fazer uma avaliação do que seria necessário para acelerar o andamento dos trabalhos.
Concluiu que seria preciso contratar uma pequena empreiteira e indicou uma empresa da região com a qual já havia trabalhado, cujo dono se chama Carlos, segundo seu testemunho.
Em janeiro, Barbosa informou à reportagem que tinha trabalhado na propriedade rural para dar apoio pessoal a um amigo de nome Carlos.
No depoimento de segunda-feira (22.fev.2016), o engenheiro negou ter conhecimento, à época, de que o sítio seria usado pelo ex-presidente Lula e seus familiares. Barbosa confirmou o que havia dito à reportagem sobre não ter recebido nenhuma remuneração por ter atuado no sítio.
O engenheiro ficou conhecido em todo país por ser o responsável pela construção da Arena Corinthians, estádio de futebol em Itaquera, na zona Leste de São Paulo.
O advogado de Barbosa, Guilherme San Juan, disse que não iria fazer comentários, já que o caso está sob sigilo.
Mas informou que seu cliente "prestou todos os esclarecimentos às autoridades e está disposto a colaborar".
Em nota, a Odebrecht afirmou que não iria se manifestar sobre o inquérito por desconhecê-lo.






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