quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016


Marqueteiro João Santana diz 'controlar' conta na Suíça, mas não esclarece pagamentos



O marqueteiro João Santana, preso na 23ª fase da Operação Lava Jato


O marqueteiro João Santana, 63, reconheceu que "controla" a conta na Suíça que recebeu, segundo a PF, pelo menos US$ 7,5 milhões do esquema de propinas da Petrobras, porém atribuiu à mulher, Mônica, a "responsabilidade pelas movimentações na referida conta". Santana atuou nas campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff.
O depoimento foi prestado na manhã de quinta-feira (25.fev.2016) e tornado público nos autos do inquérito que tramita em desdobramento da Operação Lava Jato na 10ª Vara Federal de Curitiba (PR), conduzida pelo juiz federal Sergio Moro.
Em seu depoimento prestado na quarta-feira (24.fev.2016), Mônica Moura declarou que os valores eram provenientes de campanhas realizadas por empresas de Santana no exterior em eleições na Venezuela, Angola e Panamá. Ela admitiu que a empresa do casal recebeu via caixa dois da Odebrecht.
O publicitário, entretanto, não confirmou a versão da própria mulher. "Não tomou conhecimento do pagamento por terceiros de valores referentes às campanhas", disse Santana, segundo o termo de depoimento.
Ao mesmo tempo, contudo, negou que a conta, aberta em nome da offshore Shellbil Finance, tenha recebido "qualquer valor originado das campanhas presidenciais no Brasil". Ele disse não saber "quais valores foram recebidos na referida conta", mas que ela serviria para sua "poupança para aposentadoria".



Mônica Moura, publicitária e mulher de João Santana


No seu depoimento, Santana disse "que não sabe esclarecer a origem dos valores que ingressaram na conta bancária da Shellbil" e também não sabe "o destino dos valores utilizados na conta". Em outro trecho do depoimento, o publicitário disse "acreditar que a conta passou a receber maior volume de recursos entre 2011 e 2012, quando atuou em três campanhas no exterior", porém não confirmou diretamente que essas campanhas tenham irrigado a conta de forma regular ou irregular.
No depoimento, Santana procurou se distanciar da empreiteira Odebrecht, dizendo que não manteve "nenhum relacionamento comercial" com a empresa e que só conheceu o dono, Marcelo Odebrecht, em "uma oportunidade durante um evento social". Segundo a PF, a Odebrecht transferiu pelo menos US$ 3 milhões para a conta de Santana, a Shellbil.

LOBISTA — O publicitário também afirmou que não conhece o lobista do Rio de Janeiro Zwi Skornicki e "nunca manteve qualquer relacionamento comercial com ele" e disse "que não tomou conhecimento" da carta enviada pela sua mulher Mônica ao lobista na qual ela orientou depósitos para a conta Shellbil.
Sobre suas atividades no Brasil, Santana disse que "nunca manteve qualquer contrato com o poder público no Brasil" e que "eventuais serviços prestados para o governo federal se deram a título não oneroso". Ele acrescentou que "foi um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui". Nos dois mandatos de Dilma, Santana é apontado como um conselheiro muito próximo da presidente.

DOCUMENTO — Clique e leia a íntegra do depoimento de João Santana






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