Marqueteiro João Santana diz 'controlar' conta na Suíça, mas não esclarece pagamentos
O marqueteiro João Santana, preso na 23ª fase da Operação Lava Jato |
O marqueteiro João Santana, 63, reconheceu que "controla" a conta na
Suíça que recebeu, segundo a PF, pelo menos US$ 7,5 milhões do esquema
de propinas da Petrobras, porém atribuiu à mulher, Mônica, a
"responsabilidade pelas movimentações na referida conta". Santana atuou
nas campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff.
O depoimento foi prestado na manhã de quinta-feira (25.fev.2016) e
tornado público nos autos do inquérito que tramita em desdobramento da
Operação Lava Jato na 10ª Vara Federal de Curitiba (PR), conduzida pelo
juiz federal Sergio Moro.
Em seu depoimento prestado na quarta-feira (24.fev.2016), Mônica Moura
declarou que os valores eram provenientes de campanhas realizadas por
empresas de Santana no exterior em eleições na Venezuela, Angola e
Panamá. Ela admitiu que a empresa do casal recebeu via caixa dois da
Odebrecht.
O publicitário, entretanto, não confirmou a versão da própria mulher.
"Não tomou conhecimento do pagamento por terceiros de valores referentes
às campanhas", disse Santana, segundo o termo de depoimento.
Ao mesmo tempo, contudo, negou que a conta, aberta em nome da offshore
Shellbil Finance, tenha recebido "qualquer valor originado das campanhas
presidenciais no Brasil". Ele disse não saber "quais valores foram
recebidos na referida conta", mas que ela serviria para sua "poupança
para aposentadoria".
Mônica Moura, publicitária e mulher de João Santana |
No seu depoimento, Santana disse "que não sabe esclarecer a origem dos
valores que ingressaram na conta bancária da Shellbil" e também não sabe
"o destino dos valores utilizados na conta". Em outro trecho do
depoimento, o publicitário disse "acreditar que a conta passou a receber
maior volume de recursos entre 2011 e 2012, quando atuou em três
campanhas no exterior", porém não confirmou diretamente que essas
campanhas tenham irrigado a conta de forma regular ou irregular.
No depoimento, Santana procurou se distanciar da empreiteira Odebrecht,
dizendo que não manteve "nenhum relacionamento comercial" com a empresa e
que só conheceu o dono, Marcelo Odebrecht, em "uma oportunidade durante
um evento social". Segundo a PF, a Odebrecht transferiu pelo menos US$ 3
milhões para a conta de Santana, a Shellbil.
LOBISTA — O publicitário também afirmou que não conhece o lobista
do Rio de Janeiro Zwi Skornicki e "nunca manteve qualquer
relacionamento comercial com ele" e disse "que não tomou conhecimento"
da carta enviada pela sua mulher Mônica ao lobista na qual ela orientou
depósitos para a conta Shellbil.
Sobre suas atividades no Brasil, Santana disse que "nunca manteve
qualquer contrato com o poder público no Brasil" e que "eventuais
serviços prestados para o governo federal se deram a título não
oneroso". Ele acrescentou que "foi um doador de serviços ao governo em
razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui". Nos dois
mandatos de Dilma, Santana é apontado como um conselheiro muito próximo
da presidente.
DOCUMENTO — Clique e leia a íntegra do depoimento de João Santana
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