quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016





Rámon Castro, irmão mais velho de Fidel e Raúl, morre
aos 91 anos em Cuba




Ramón Castro, irmão mais velho de Fidel e Raúl, em Havana


HAVANA — Ramón Eusebio Castro Ruz, o irmão mais velho do ex-ditador cubano Fidel Castro e de Raúl Castro, líder do regime atualmente, morreu na terça-feira, 23.fev.2016, aos 91 anos de idade, informou a imprensa oficial cubana, sem detalhar a causa da morte.
Figura discreta nos últimos anos, Ramón morreu em Havana e seus restos cremados devem ser levados a Birán, cidade rural do leste cubano onde os irmãos Castro nasceram, disse o site oficial Cubadebate.
Embora tenha ajudado a guerrilha liderada pelos irmãos, que tomou o poder em 1959, Ramón nunca pegou em armas. Mais tarde, chegou a ser diretor do Plano Especial Genético de Valle de Picadura e assessor dos ministros da Agricultura e do Açúcar, mas nunca desfrutou da mesma autoridade de Fidel, de 89 anos, e Raúl, de 84 anos.



Fidel Castro (segundo da esquerda para a direita) ao lado do irmão Ramón (esquerda)
e das irmãs Angelina (segunda da direita para a esquerda) e Agustina (direita) em Birán


Assim com seus irmãos, Ramón foi preso pelo governo do ditador Fulgêncio Batista em 1953, anos antes de Fidel liderar a revolução que depôs Batista no dia 1º de janeiro de 1959.
Apelidado de Mongo, Ramón Castro organizou várias das redes de suprimento da guerrilha. Durante a insurreição, ele também ajudou seus pais a cuidarem das grandes propriedades da família em Birán. Depois que os rebeldes assumiram o poder, Ramón trabalhou nas indústrias açucareira e pecuária.
Ramón recebeu do governo cubano "diferentes reconhecimentos e ostentava o título de Herói do Trabalho da República de Cuba", segundo a nota oficial.
Nascido em 14 de outubro de 1924, Ramón estudou engenharia agrícola na Universidade de Havana. Casado com Aurora Castillo, tinha cinco filhos. Ele era o mais velho dos filhos do casal formado pelo espanhol Ángel Castro e a cubana Lina Ruz, pais também de Angelina (morta em 2012), Fidel, Juanita, Emma, Raúl e Agustina.


Com viagem histórica, Obama quer garantir que não haja retrocessos com Cuba




O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer assegurar com sua histórica viagem no próximo mês a Havana que não haverá volta atrás na aproximação com Cuba e, ao mesmo tempo, enviar a mensagem de que está "a favor" do povo cubano.
A visita que Obama e sua esposa, Michelle, farão a Havana nos dias 21 e 22 de março acontecerá "em um momento particularmente bom", opinou o ex-embaixador Melvyn Levitsky, atualmente professor de política internacional na Universidade de Michigan.
Levitsky lembrou que foi assinado o acordo sobre aviação civil que permitirá uma conexão regular de voos comerciais entre ambos países, previsivelmente a partir do último trimestre e com um potencial de 110 conexões diárias de ida e volta.
Na mesma linha, o presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, Michael Shifter, disse que lhe parece lógico que Obama queira fazer logo a visita a Cuba, com o objetivo de "aproveitar ao máximo o tempo que lhe resta de mandato" para aprofundar até onde seja possível a aproximação bilateral.
"Não há outro tema em todo o legado de Obama que tenha tanto apoio dentro dos Estados Unidos", comentou Shifter sobre a normalização com Cuba, uma aposta que, segundo sua opinião, "lhe caiu muito bem politicamente".
Shifter acredita, por outro lado, que Obama "não vai ter papas na língua " e vai ser "muito claro" durante sua visita à ilha sobre a necessidade de melhoras no que diz respeito aos direitos humanos.
O próprio Obama, ao anunciar a viagem em sua conta no Twitter, antecipou que ainda existem "diferenças" com o governo cubano que ele as abordará "diretamente", enquanto a Casa Branca confirmou que o presidente se reunirá com dissidentes e membros da sociedade civil.
Shifter e Levitsky concordaram em que a visita de Obama pode ter certo "impacto" na situação dos direitos humanos em Cuba. Levitsky afirmou que é possível que haja "algum movimento" por parte das autoridades cubanas nas vésperas da visita de Obama e mencionou a libertação de presos políticos.
Nesse sentido, a recepção a Obama por parte dos cubanos "vai ser muito calorosa, com muito entusiasmo", e isso, em alguma medida, pode ajudar a incentivar certa "abertura", segundo Shifter.
Os cubanos, em geral, têm a impressão de que Obama "quer fazer algo bom para o povo cubano", comentou a antropóloga e escritora Ruth Behar, que conhece bem a ilha porque, apesar de viver nos Estados Unidos desde menina, porque nasceu lá e a visita com frequência.
Na opinião de Behar, o fato de que Obama vá a Cuba "é uma maneira de dizer que está a favor do povo cubano" e não o contrário, como afirma um dos maiores críticos da normalização bilateral, o pré-candidato republicano à presidência e senador pela Flórida, Marco Rubio.
Rubio e o também pré-candidato presidencial Ted Cruz, ambos de origem cubana, criticaram a viagem de Obama à ilha, da mesma forma que os cubanos exilados nos Estados Unidos, que a consideram uma concessão ao governo de Raúl Castro e acreditam que contribuirá para legitimar sua imagem em nível internacional.
Na opinião de Shifter foi a política de administrações americanas anteriores de "castigar e isolar" Cuba a que "legitimou" o regime dos Castro.
Como escreveu Ted Piccone, um especialista em Cuba no centro de estudos Brookings, a visita de Obama à ilha, "que por si só é um passo positivo, deveria ser medida pelos resultados concretos dos próximos nove meses".
Obama, que se transformará no primeiro presidente americano em exercício a visitar Cuba em 88 anos, assegurou por sua parte que, pelo menos, a viagem será "divertida".


Dissidentes em Cuba querem encontro com Obama e discurso sobre direitos humanos




Garota vestindo calça com as cores dos Estados Unidos
caminha na frente do Capitólio, em Havana


Vários dissidentes cubanos afirmaram, depois da confirmação da viagem de Barack Obama à ilha, que esperam que o presidente americano encontre "um espaço" para se reunir com a sociedade civil durante sua passagem por Cuba e se pronuncie sobre a situação dos direitos humanos no país.
Líderes de três grupos opositores ao governo cubano reagiram de forma distinta ao anúncio da viagem de Obama a Cuba nos dias 21 e 22 de março, mas concordaram em seus desejos de que os Estados Unidos sigam apoiando os esforços dos ativistas cubanos pela "democratização da sociedade".
José Daniel Ferrer, que lidera a dissidente União Patriótica de Cuba, vê como "muito positiva" a visita de Obama e garantiu que seu grupo lhe dedicará a "mais cordial das boas-vindas" em nome das "centenas de pessoas que lutam pacificamente pela democracia no país".
Ferrer ressaltou que os cubanos "respeitam e admiram" o presidente americano e advertiu que "as campanhas antiamericanas do governo cubano não surtiram efeito entre as pessoas". "Esperamos que tenha um espaço para ouvir as opiniões de um setor representativo da sociedade civil cubana", acrescentou o ativista.
Por sua parte, o opositor Manuel Cuesta Morúa, líder do Partido Arco Progressista de Cuba, destacou que, se Obama decidir reunir-se com representantes da dissidência, enviaria "uma mensagem clara" de apoio e reafirmaria a posição de seu país a favor do respeito às liberdades fundamentais e à democracia.
"Esta visita vai demonstrar também a enorme popularidade que Obama tem em Cuba, muito maior, com distância, que a de muitos dirigentes da ilha", comentou Cuesta Morúa.
Mais crítica com a visita, a dissidente Berta Soler, líder do grupo opositor Damas de Branco, pediu ao presidente americano que "pense bem" sobre sua viagem já que se reunirá com "um ditador" em um país onde "não se vê avanços" no tema de direitos humanos.
A ativista lembrou que no último dia 28 de janeiro as Damas de Branco divulgaram uma carta dirigida ao presidente americano na qual expressavam sua preocupação e asseguravam que em Cuba "haverá avanço em matéria de direitos humanos quando cessar a violência policial e não existirem presos políticos".
A líder das Damas de Branco declarou que também reivindicaram a Obama que peça uma anistia para os presos políticos e a cessação da violência contra ativistas, pontos fundamentais, segundo Soler, para que aconteça uma "reunião formal" com os dissidentes.






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