Rámon Castro, irmão mais velho de Fidel e Raúl, morre
aos 91 anos em Cuba
aos 91 anos em Cuba
Ramón Castro, irmão mais velho de Fidel e Raúl, em Havana |
HAVANA — Ramón Eusebio Castro Ruz, o irmão mais velho do ex-ditador
cubano Fidel Castro e de Raúl Castro, líder do regime atualmente, morreu
na terça-feira, 23.fev.2016, aos 91 anos de idade, informou a imprensa
oficial cubana, sem detalhar a causa da morte.
Figura discreta nos últimos anos, Ramón morreu em Havana e seus restos
cremados devem ser levados a Birán, cidade rural do leste cubano onde os
irmãos Castro nasceram, disse o site oficial Cubadebate.
Embora tenha ajudado a guerrilha liderada pelos irmãos, que tomou o
poder em 1959, Ramón nunca pegou em armas. Mais tarde, chegou a ser
diretor do Plano Especial Genético de Valle de Picadura e assessor dos
ministros da Agricultura e do Açúcar, mas nunca desfrutou da mesma
autoridade de Fidel, de 89 anos, e Raúl, de 84 anos.
Fidel Castro (segundo da esquerda para a direita) ao lado do irmão Ramón
(esquerda) e das irmãs Angelina (segunda da direita para a esquerda) e Agustina (direita) em Birán |
Assim com seus irmãos, Ramón foi preso pelo governo do ditador Fulgêncio
Batista em 1953, anos antes de Fidel liderar a revolução que depôs
Batista no dia 1º de janeiro de 1959.
Apelidado de Mongo, Ramón Castro organizou várias das redes de
suprimento da guerrilha. Durante a insurreição, ele também ajudou seus
pais a cuidarem das grandes propriedades da família em Birán. Depois que
os rebeldes assumiram o poder, Ramón trabalhou nas indústrias
açucareira e pecuária.
Ramón recebeu do governo cubano "diferentes reconhecimentos e ostentava o
título de Herói do Trabalho da República de Cuba", segundo a nota
oficial.
Nascido em 14 de outubro de 1924, Ramón estudou engenharia agrícola na
Universidade de Havana. Casado com Aurora Castillo, tinha cinco filhos.
Ele era o mais velho dos filhos do casal formado pelo espanhol Ángel
Castro e a cubana Lina Ruz, pais também de Angelina (morta em 2012),
Fidel, Juanita, Emma, Raúl e Agustina.
Com viagem histórica, Obama quer garantir que não haja retrocessos com Cuba
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama |
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer assegurar com sua
histórica viagem no próximo mês a Havana que não haverá volta atrás na
aproximação com Cuba e, ao mesmo tempo, enviar a mensagem de que está "a
favor" do povo cubano.
A visita que Obama e sua esposa, Michelle, farão a Havana nos dias 21 e
22 de março acontecerá "em um momento particularmente bom", opinou o
ex-embaixador Melvyn Levitsky, atualmente professor de política
internacional na Universidade de Michigan.
Levitsky lembrou que foi assinado o acordo sobre aviação civil que
permitirá uma conexão regular de voos comerciais entre ambos países,
previsivelmente a partir do último trimestre e com um potencial de 110
conexões diárias de ida e volta.
Na mesma linha, o presidente do centro de estudos Diálogo
Interamericano, Michael Shifter, disse que lhe parece lógico que Obama
queira fazer logo a visita a Cuba, com o objetivo de "aproveitar ao
máximo o tempo que lhe resta de mandato" para aprofundar até onde seja
possível a aproximação bilateral.
"Não há outro tema em todo o legado de Obama que tenha tanto apoio
dentro dos Estados Unidos", comentou Shifter sobre a normalização com
Cuba, uma aposta que, segundo sua opinião, "lhe caiu muito bem
politicamente".
Shifter acredita, por outro lado, que Obama "não vai ter papas na língua
" e vai ser "muito claro" durante sua visita à ilha sobre a necessidade
de melhoras no que diz respeito aos direitos humanos.
O próprio Obama, ao anunciar a viagem em sua conta no Twitter, antecipou
que ainda existem "diferenças" com o governo cubano que ele as abordará
"diretamente", enquanto a Casa Branca confirmou que o presidente se
reunirá com dissidentes e membros da sociedade civil.
Shifter e Levitsky concordaram em que a visita de Obama pode ter certo
"impacto" na situação dos direitos humanos em Cuba. Levitsky afirmou que
é possível que haja "algum movimento" por parte das autoridades cubanas
nas vésperas da visita de Obama e mencionou a libertação de presos
políticos.
Nesse sentido, a recepção a Obama por parte dos cubanos "vai ser muito
calorosa, com muito entusiasmo", e isso, em alguma medida, pode ajudar a
incentivar certa "abertura", segundo Shifter.
Os cubanos, em geral, têm a impressão de que Obama "quer fazer algo bom
para o povo cubano", comentou a antropóloga e escritora Ruth Behar, que
conhece bem a ilha porque, apesar de viver nos Estados Unidos desde
menina, porque nasceu lá e a visita com frequência.
Na opinião de Behar, o fato de que Obama vá a Cuba "é uma maneira de
dizer que está a favor do povo cubano" e não o contrário, como afirma um
dos maiores críticos da normalização bilateral, o pré-candidato
republicano à presidência e senador pela Flórida, Marco Rubio.
Rubio e o também pré-candidato presidencial Ted Cruz, ambos de origem
cubana, criticaram a viagem de Obama à ilha, da mesma forma que os
cubanos exilados nos Estados Unidos, que a consideram uma concessão ao
governo de Raúl Castro e acreditam que contribuirá para legitimar sua
imagem em nível internacional.
Na opinião de Shifter foi a política de administrações americanas
anteriores de "castigar e isolar" Cuba a que "legitimou" o regime dos
Castro.
Como escreveu Ted Piccone, um especialista em Cuba no centro de estudos
Brookings, a visita de Obama à ilha, "que por si só é um passo positivo,
deveria ser medida pelos resultados concretos dos próximos nove meses".
Obama, que se transformará no primeiro presidente americano em exercício
a visitar Cuba em 88 anos, assegurou por sua parte que, pelo menos, a
viagem será "divertida".
Dissidentes em Cuba querem encontro com Obama e discurso sobre direitos humanos
Garota vestindo calça com as cores dos Estados Unidos caminha na frente do Capitólio, em Havana |
Vários dissidentes cubanos afirmaram, depois da confirmação da viagem de
Barack Obama à ilha, que esperam que o presidente americano encontre
"um espaço" para se reunir com a sociedade civil durante sua passagem
por Cuba e se pronuncie sobre a situação dos direitos humanos no país.
Líderes de três grupos opositores ao governo cubano reagiram de forma
distinta ao anúncio da viagem de Obama a Cuba nos dias 21 e 22 de março,
mas concordaram em seus desejos de que os Estados Unidos sigam apoiando
os esforços dos ativistas cubanos pela "democratização da sociedade".
José Daniel Ferrer, que lidera a dissidente União Patriótica de Cuba, vê
como "muito positiva" a visita de Obama e garantiu que seu grupo lhe
dedicará a "mais cordial das boas-vindas" em nome das "centenas de
pessoas que lutam pacificamente pela democracia no país".
Ferrer ressaltou que os cubanos "respeitam e admiram" o presidente
americano e advertiu que "as campanhas antiamericanas do governo cubano
não surtiram efeito entre as pessoas". "Esperamos que tenha um espaço
para ouvir as opiniões de um setor representativo da sociedade civil
cubana", acrescentou o ativista.
Por sua parte, o opositor Manuel Cuesta Morúa, líder do Partido Arco
Progressista de Cuba, destacou que, se Obama decidir reunir-se com
representantes da dissidência, enviaria "uma mensagem clara" de apoio e
reafirmaria a posição de seu país a favor do respeito às liberdades
fundamentais e à democracia.
"Esta visita vai demonstrar também a enorme popularidade que Obama tem
em Cuba, muito maior, com distância, que a de muitos dirigentes da
ilha", comentou Cuesta Morúa.
Mais crítica com a visita, a dissidente Berta Soler, líder do grupo
opositor Damas de Branco, pediu ao presidente americano que "pense bem"
sobre sua viagem já que se reunirá com "um ditador" em um país onde "não
se vê avanços" no tema de direitos humanos.
A ativista lembrou que no último dia 28 de janeiro as Damas de Branco
divulgaram uma carta dirigida ao presidente americano na qual
expressavam sua preocupação e asseguravam que em Cuba "haverá avanço em
matéria de direitos humanos quando cessar a violência policial e não
existirem presos políticos".
A líder das Damas de Branco declarou que também reivindicaram a Obama
que peça uma anistia para os presos políticos e a cessação da violência
contra ativistas, pontos fundamentais, segundo Soler, para que aconteça
uma "reunião formal" com os dissidentes.
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