sábado, 20 de fevereiro de 2016





FHC teria usado, supostamente, a empresa Eurotrade Ltd. para mandar dinheiro a amante no exterior




Mirian Dutra Schmidt


A jornalista Mirian Dutra Schmidt, 55 anos, com quem Fernando Henrique Cardoso manteve um relacionamento amoroso, sustenta que o ex-presidente da República bancou despesas de seu filho Tomás no exterior por meio de uma empresa.
Mirian afirma que esses pagamentos coincidiram com o período em que FHC comandava o país (1994 — 2002).
A empresa que supostamente ajudou Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) a enviar ao exterior recursos para a jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente manteve um relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990, e para o filho dela, Tomás Dutra, foi a Eurotrade Ltd. do grupo Brasif S.A. Exportação e Importação [fundado em 1965, o grupo Brasif atua em diversos setores, como venda e aluguel de máquinas pesadas, biotecnologia animal e varejo de vestuário].
A transferência foi feita, segundo Mirian, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.
No documento, aparece como contratante a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif com sede nas Ilhas Cayman.
O contrato estabelece que a jornalista deveria prestar "serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes", fazendo pesquisas "tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops" em países da Europa.
Os dados coletados seriam enviados à Brasif, que na época explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros.
Mirian, que como jornalista trabalhou na TV Globo, afirmou que "jamais pisou" em uma loja convencional ou em um duty free para trabalhar.
E que o contrato, de US$ 3.000 mensais, foi feito para "suplementar" a renda dela e de Tomás.
"Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$ 4.000. Eu estava superendividada, vivia de cartões de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante", afirma Mirian.
O acordo foi mediado pelo jornalista e lobista Fernando Lemos, que era casado com Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.
"Ele [Lemos] disse que tinha que arrumar um jeito de melhorar a minha vida financeira, já que eu tinha uma hipoteca [de um apartamento que comprou em Barcelona, na Espanha] e a Globo tinha cortado o meu salário."
Lemos, morto em 2012, e Margrit faziam a ponte entre a jornalista e Fernando Henrique, então presidente, que não tinha como manter contato frequente com Mirian.
A jornalista diz que, numa conversa, dois anos depois da vigência do contrato, Fernando Henrique revelou que o dinheiro enviado pela Brasif era, na verdade, dele, e não da empresa.
"Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC", diz.
O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não nega o acerto. Mas diz não se lembrar de detalhes.
"Tem alguma coisa, mesmo, sim", afirmou ele, quando questionado sobre ter assinado um contrato com Mirian para ajudar FHC a enviar recursos a ela. "Eu só não sei se era contrato", declarou.
Barcellos disse que estava em Aspen, nos EUA, e que voltará ao Brasil na próxima semana. "Vou fazer um levantamento na empresa para esclarecer tudo".
Questionado sobre ter tratado do tema com FHC, respondeu: "Faz muito tempo, eu preciso pesquisar e me lembrar para responder."
Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para Tomás, mas nega ter usado a empresa para bancar a jornalista.
A jornalista Mirian Dutra diz que decidiu falar agora sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de tantos anos calada, porque saiu da TV Globo, o que faz com que ela se sinta livre para dizer o que quiser. "Eu agora não tenho mais compromisso com a TV. Antes, eu não podia falar. Eu era a Mirian Dutra da TV Globo. Eu tinha um compromisso ético e profissional com a empresa", afirma.



Documento mostra contratação de jornalista que teve romance com FHC por empresa ligada a free shops


Relacionamento extraconjugal — Mirian e Fernando Henrique mantiveram um relacionamento extraconjugal por seis anos. No período, ficou grávida. Depois do nascimento de Tomás, pediu à emissora que a transferisse para Portugal.
FHC não registrou Tomás. Mas nunca questionou a paternidade e sempre o tratou como filho, responsabilizando-se por parte do sustento do jovem no exterior.
Em 2009, uma reportagem revelou que o ex-presidente havia decidido reconhecer o filho na Espanha, onde Tomás vivia com a mãe.
"Eu sempre cuidei dele", afirmou na época FHC.
Dois anos depois, o ex-presidente fez dois exames de DNA com Tomás.
Os resultados deram negativo, o que provaria que o jovem não é seu filho biológico. FHC afirmou publicamente que o exame em nada alterava a situação e que ele seguiria reconhecendo Tomás como seu filho.
Mirian questiona a validade do exame.


FHC diz que vai esperar manifestação da Brasif sobre contrato fictício


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) afirmou por meio de nota, na quinta-feira (18.fev.2016), não ter condições de se manifestar sobre a acusação de que teria se utilizado de um contrato fictício com uma empresa do grupo Brasif S.A. Exportação e Importação para enviar ao exterior recursos para ajudar a jornalista Mirian Dutra, com quem manteve um relacionamento nos anos 1980 e 1990, a pagar despesas do filho Tomás Dutra Schmidt.
A transferência foi feita, segundo Mirian, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.
FHC afirma que vai esperar a empresa se manifestar. "Com referência à empresa citada no noticiário de hoje, trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários."

Na quarta-feira (17.fev.2016), o ex-presidente negou, em nota enviada por e-mail a reportagem, a informação de que teria bancado Tomás por meio de uma empresa, como Miriam afirmou.
Na mesma nota, FHC admite manter contas no exterior, ter mandado dinheiro para Tomás e ter lhe presenteado recentemente com um apartamento de € 200 mil em Barcelona, na Espanha.
O ex-presidente diz que os recursos enviados a Tomás provêm de "rendas legítimas" de seu trabalho, depositadas em contas legais e declaradas ao Imposto de Renda. Segundo ele, as contas estão "mantidas no Banco do Brasil em Nova York e Miami ou no Novo Banco, em Madri, quando não em bancos no Brasil".
"Nenhuma outra empresa, salvos as bancárias já referidas, foi utilizada por mim para fazer esses pagamentos", afirma FHC.
O ex-presidente diz ainda que o repasse dos recursos para que Tomás comprasse o apartamento em Barcelona foi feito por meio de transferências de sua conta bancária no Bradesco "com o conhecimento do Banco Central" brasileiro.
Embora Mirian negue, FHC diz ter reconhecido Tomás em 2009. O ex-presidente afirma ter feito dois testes de DNA nos Estados Unidos.
"[Com] o propósito de dar continuidade a meu desejo de fundamentar declarações feitas por mim em Madri de que Tomás seria meu filho", declarou o ex-presidente.
"Para nossa surpresa, o primeiro teste deu negativo, daí [fizemos] o segundo, que também comprovou que não sou pai biológico do referido jovem", declarou FHC.
Mirian diz que os testes foram feitos sem que ela soubesse e que o ex-presidente pediu para que Tomás não lhe contasse nada.
O tucano rebate as afirmações da jornalista dizendo que se dispôs a fazer outro teste de DNA e, mesmo diante dos resultados negativos, procurou "manter as mesmas relações afetivas e materiais com o Tomás".
O ex-presidente afirma ainda que, "quando possível", atende Tomás nas necessidades afetivas.
O ex-presidente não respondeu a acusação de que teria pagado para que Mirian fizesse dois abortos antes da gravidez de Tomás.
Declarou apenas: "Questões de natureza íntima, minhas ou de quem sejam, devem se manter no âmbito privado a que pertencem".
Sobre Mirian afirmar que [o então senador baiano] Antonio Carlos Magalhães pediu para que a TV Globo não a mandasse de volta ao Brasil para, segundo ela disse, "ficar longe" de FHC, o ex-presidente diz desconhecer detalhes da vida profissional da jornalista.


FHC nunca falou de assunto de filho comigo, afirma ex-senador Bornhausen


O ex-senador Jorge Bornhausen, 78 anos, que foi ministro no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirmou na quinta-feira (19.fev.2016) que só soube do relacionamento entre o ex-presidente e a jornalista Mirian Dutra Schmidt pelos jornais e que os dois nunca conversaram sobre o assunto. Nega ainda que a tenha ajudado financeiramente.
Em entrevista, Mirian afirma que o ex-presidente FHC bancou despesas do seu filho Tomás no exterior por meio de uma empresa do grupo Brasif S.A. Exportação e Importação. Disse ainda que, no período em que se afastou do ex-presidente depois do nascimento do filho, Bornhausen a ajudou. "Ele era meu amigo", disse Mirian.
Bornhausen já foi apontado como um dos sócios da Brasif. O ex-senador nega; diz ter sido apenas vice-presidente da empresa entre 1991 e 1992, quando deixou o cargo para assumir o cargo de ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República.
"O presidente Fernando Henrique jamais tocou nesse assunto comigo, mesmo quando eu estava em Portugal [Bornhausen foi embaixador naquele país de 1996 a 1998]", disse.
Segundo Bornhausen, a relação dele com Mirian sempre foi a de político e repórter. Ele a conhece desde o período em que era governador em Santa Catarina e ela, repórter em Florianópolis. Voltou a revê-la, disse, já como jornalista em Brasília e ele, senador.
Em Portugal, Bornhausen diz ter sido entrevistado por Mirian, como repórter da TV Globo, assim que chegou ao país, para assumir a função de embaixador.
Na entrevista, Mirian disse ter contado com o apoio de Bornhausen. O ex-senador nega. "Embora tenha sido um relacionamento sempre muito amistoso, ela nunca me pediu nada, nenhum tipo de favor".
Ele diz não ser sócio da Brasif, "infelizmente", e que nunca fez nenhum pedido à empresa para realizar qualquer pagamento para Mirian. "E também não acho que o Fernando Henrique fez algum pedido".
Figura eminente no antigo PFL, Bornhausen chegou a ser filiado ao PSD e hoje não está ligado a nenhum partido — "graças a Deus", completou.
Aos 78 anos, coordena um centro de estudos da Associação Comercial de São Paulo, integra conselho de diversas empresas e também do Fórum Estratégico da Federação das Indústrias de Santa Catarina e do Conselho de Estudos Superiores da Fiesp.


Globo diz que não sabia de contratos fictícios da jornalista Mirian Dutra


A TV Globo divulgou uma nota oficial, que já foi lida em alguns de seus telejornais, afirmando que "jamais foi avisada" pela jornalista Mirian Dutra "sobre contrato fictício de trabalho". Se isso tivesse ocorrido, a emissora "condenaria a prática", segundo o texto.
Mirian Dutra revelou que firmou contrato fictício de prestação de serviços com uma empresa do grupo Brasif S.A. Exportação e Importação para, na verdade, receber no exterior recursos enviados por Fernando Henrique Cardoso. Ela e o ex-presidente mantiveram um relacionamento extraconjugal durante seis anos nos aos 1980 e 1990.
A Globo diz também que "não interfere na vida privada de seus colaboradores" e que, durante a vigência de seu contrato com a TV, "Mirian Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo".

Leia, abaixo, a nota da TV Globo:
"A TV Globo não interfere na vida privada de seus colaboradores. Esclarece, porém, que jamais foi avisada por Mirian Dutra sobre o contrato fictício de trabalho e que, se informada, condenaria a prática. A emissora esclarece que em junho de 2004 (e não em 2002) o contrato de colaboradora de Mirian Dutra foi modificado, com mudanças em suas atribuições, o que acarretou nova remuneração, tudo segundo a lei vigente no país em que trabalhava. Por último, Mirian Dutra jamais deu conhecimento à TV Globo de seu desejo de regressar ao Brasil. Ao contrário, para a empresa, ela sempre manifestou o interesse de permanecer no exterior. Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Mirian Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo."


Cardozo diz que PF investigará FHC se houver indícios de crime


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou, na sexta-feira (19.fev.2016), que a área técnica do ministério, que inclui servidores da Polícia Federal, está "fazendo um estudo preliminar" sobre a denúncia contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de ele ter enviado dinheiro para o exterior através de uma empresa do grupo Brasif S.A. Exportação e Importação.
Segundo ele, essa é uma prática comum no ministério sempre que denúncias são publicadas pela imprensa em geral.
"Tudo o que sai na imprensa nós automaticamente avaliamos se há indício ou não para abertura de inquérito", disse.
Caso haja indícios de crime, disse, a Polícia Federal irá investigar, ressaltando que este é um procedimento padrão.
Questionado se enxergava indícios de crime no caso específico noticiado, não quis fazer juízo de valor.
"É o que estamos estudando. Estou aguardando a conclusão do parecer. É um estudo preliminar para ver se vai se abrir uma investigação federal."
O ministro da Justiça negou que a Polícia Federal esteja, neste momento, investigando o ex-presidente. Ele reiterou que a investigação só poderia ser aberta se nesse estudo preliminar houvesse indícios de crimes de âmbito federal.
"Obviamente se faz a análise pelos órgãos técnicos e garanto a vocês que havendo questões a serem investigadas em âmbito federal, por óbvio serão investigadas. Se não houver, não se investiga", disse.
Cardozo disse que a PF também fará uma apuração prévia caso alguma representação contra o ex-presidente seja apresentada por um civil, como um parlamentar, por exemplo, na PF.
Ele reforçou que o procedimento é padrão e não tem ligação com o fato de o ex-presidente ser de oposição ao atual governo.
"Não podemos prejulgar nada. Não podemos condenar ninguém antecipadamente. Mas se há fatos a serem investigados, que se investigue (...) Qualquer pessoa que eventualmente pratique ou existe indícios de que possa ter praticado ilícitos a PF apura."


Brasif diz que FHC 'não teve participação' na contratação de ex-amante


A Brasif S.A. Exportação e Importação confirma oficialmente que contratou a jornalista Mirian Dutra em 2002 "para realizar pesquisas sobre preços em lojas e free shops na Europa".
Reportagem publicada, na quinta-feira (18.fev.2016), revelou que Mirian Dutra, com quem FHC manteve um relacionamento extraconjugal durante seis anos, firmou contrato fictício com uma empresa do grupo Brasif para receber dinheiro no exterior do ex-presidente. O objetivo, segundo ela, era pagar despesas do filho Tomás Dutra Schmidt.
A jornalista diz que "jamais pisou" em uma loja convencional ou em um duty free para trabalhar.
A Brasif, no entanto, diz que "o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação nessa contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa do grupo Brasif".
Mirian Dutra sustenta que, numa conversa, dois anos depois da vigência do contrato, Fernando Henrique revelou que o dinheiro enviado pela Brasif era, na verdade, dele, e não da empresa. "Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC", diz.
A empresa confirma também, como revelou Mirian, que o acordo para a sua contratação foi mediado pelo jornalista e lobista Fernando Lemos, que era casado com Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.
Lemos, morto em 2012, e Margrit, que hoje trabalha no gabinete do senador José Serra (PSDB-SP), faziam a ponte entre a jornalista e Fernando Henrique, então presidente, que não tinha como manter contato frequente com Mirian.

Leia, abaixo, o comunicado da Brasif S.A. Exportação e Importação:
"COMUNICADO BRASIF

1. A Eurotrade Ltd., plataforma logística internacional das operações da Brasif Duty Free Shop Ltda., contratou, em dezembro de 2002, a jornalista Miriam Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa;

2. O jornalista Fernando Lemos, cunhado da jornalista Miriam Dutra, indicou-a para tal contratação;

3. O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação nessa contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif.

4. A Eurotrade Ltd. e a Brasif Duty Free Shop Ltda. foram vendidas em 2006.

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2016."

O grupo Brasif Fundado em 1965, o grupo Brasif atua em diversos setores, como venda e aluguel de máquinas pesadas, biotecnologia animal e varejo de vestuário. A operação dos free shops foi vendida em 2006 para o grupo suíço Dufry, por US$ 500 milhões.







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