MERCADO FINANCEIRO - 2ª Parte
Real é a 12ª moeda que mais se desvalorizou no mercado global em 2014
Real é a 12ª moeda que mais se desvalorizou no mercado global em 2014
A retirada dos estímulos à economia americana e a perspectiva de alta de
juros nos EUA pressionaram todas as moedas negociadas ante o dólar no
mercado global em 2014. Levantamento feito com base em 47 divisas
negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional)
mostra que, no ano que se encerrou, todas as moedas se desvalorizaram ou
ficaram muito próximas da estabilidade ante o dólar. O real brasileiro
foi a 12ª moeda que mais perdeu valor ante a divisa dos EUA, mas o
resultado poderia até ser pior caso o Banco Central não atuasse durante o
ano para segurar as cotações.
No acumulado de 2014, até o início da noite do dia 31, o mercado spot de
moedas mostrava que o rublo russo, em função dos conflitos na Crimeia e
de seus efeitos na economia do país, foi a divisa que mais apanhou, com
o dólar acumulando um avanço de 84,60% no ano. Livre da guerra, mas
sensível à pressão trazida pela expectativa de juros mais altos nos EUA,
a América Latina também sofreu: o dólar acumulou avanço de 31,18% ante o
peso argentino (transações oficiais), 23,72% ante o peso colombiano,
15,51% ante o peso chileno, 13,57% ante o peso uruguaio e 12,65% ante o
peso mexicano.
Em relação ao real brasileiro, a cotação no mercado internacional
mostrava alta de 12,51% para o dólar em 2014. No mercado de balcão
brasileiro, cuja última sessão foi na terça-feira dia 30, o avanço
acumulado no ano para o dólar ante o real foi de 12,69%. A Ptax -
cotação oficial - teve valorização de 10,79% em 2014.
Chama a atenção o fato de até mesmo moedas consideradas fortes, como o
iene japonês, o franco suíço e o euro, terem se desvalorizado ante o
dólar no último ano, embora o movimento tenha sido menor que o visto no
caso das divisas de países emergentes.
A explicação para isso passa pela economia americana. A recuperação do
país nos últimos anos e, em especial, em 2014 abriu espaço para que o
Federal Reserve (Fed, o banco central) reduzisse seu programa de
estímulos à economia. Na prática, isso significou o corte gradativo da
injeção de recursos na economia, o que segurou a liquidez global de
dólares. Este processo tende a culminar em 2015, quando o Fed deve
elevar sua taxa básica de juros.
Essa perspectiva de alta de juros nos EUA, que tende a atrair para o
país parte dos recursos originalmente voltados para emergentes como o
Brasil, já provocou em 2014 amplos ajustes nas cotações mundiais de
moedas. Isso se traduziu no forte avanço do dólar ante várias divisas, a
despeito de fatores domésticos e locais - como os conflitos na Climeia
ou mesmo as dificuldades econômicas de países como a Argentina e o
Brasil - também pesarem.
Fato é que, no Brasil, o Banco Central foi obrigado a dar continuidade a
seu programa de leilões diários de swap (equivalentes à venda de
dólares no mercado futuro) como forma de reduzir a volatilidade e evitar
a disparada do dólar ante o real. Ainda mais em um ano eleitoral,
quando a incerteza afeta de forma mais direta as cotações.
Com os leilões de swap, o BC conseguiu segurar um pouco o ímpeto do
dólar, apesar de, nos piores momentos do ano, o mercado financeiro ter
considerado a perspectiva de a divisa dos EUA atingir os R$ 2,80.
O ano que terminou foi o quarto sob o comando de Dilma Rousseff - e o
quarto consecutivo de alta do dólar ante o real. Considerando a cotação
do balcão brasileiro, o dólar subiu 12,69% em 2014, 15,21% em 2013,
9,42% em 2012 e 12,32% em 2011. Neste primeiro mandato de Dilma, o
avanço acumulado para o dólar ante o real foi de 59,56%.
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