domingo, 22 de julho de 2012


O começo do fim

Carlos  Chagas
Em junho de 1941 a Alemanha  era senhora absoluta  da Europa. Seus exércitos haviam  conquistado a Noruega, a Dinamarca, a Bélgica, a Holanda, a França, a Polônia, a Iugoslávia e a Grécia. O Terceiro Reich  tinha como aliadas a Itália, a Espanha, a Romênia, a Albânia, a Hungria  e a Bulgária. Restava a Inglaterra, de que Hitler dizia haver perdido a guerra e não sabia. Assim, o ditador voltava-se para quebrar mais um tratado de não agressão, dessa vez com a União Soviética, que passara a hostilizar,  concentrando dezenas de divisões na fronteira.
Ignorantes ou espertos, os russos faziam tudo para evitar o confronto com os nazistas. Joseph Stalin mandou seu  ministro de Relações Exteriores, Molotov, a Berlim, para demonstrar  boas intenções e ceder a novas exigências alemãs, desde que evitasse a invasão.
Um comentário, no entanto, precipitou a intransigência germânica, quando o visitante conferenciava com o ministro de Relações Exteriores alemão, Ribbentrop, que do alto de sua arrogância reafirmava estar a Inglaterra  liquidada. Molotov não se conteve e respondeu:
“Se é assim, por que nos encontramos aqui neste abrigo, e de quem são essas bombas que estão caindo?”
A verdade é que Winston Churchill não aceitava a derrota e mandava a Royal Air Force bombardear a capital da Alemanha, forma de reagir ao  massacre sofrido pela população de  Londres.  Ribbentrop foi logo contar a gozação a Hitler, que raivoso   confirmou   a data para a invasão da URSS, começo  do fim da queda do Império Nazista.
Por que se conta essa história antiga? Porque quem não aprende com a História condena-se a repeti-la, mesmo guardadas as proporções. O PT encontra-se em tamanha  fase de arrogância e prepotência que se dá ao luxo de contestar e provocar  Dilma Rousseff através da promoção de monumentais  greves executadas pela  CUT, ao tempo em que seus líderes comentam que se a presidente não se curvar ao domínio do partido, poderão deixá-la de lado e insistir para que o Lula se candidate em 2014.
Esse  surto   grevista, porém, pode estar para o PT assim como a invasão da URSS esteve para o nazismo: a porta da derrota, já que   apesar da simpatia despertada  pelas reivindicações dos servidores públicos, ninguém agüenta mais a baderna. Em especial se os planos da CUT envolverem, como parece, movimentos semelhantes nas principais categorias privadas, a partir de agosto.  Todos compreendem que se satisfeitas as exigências dos grevistas, a economia  nacional vai para o brejo. Por isso Dilma resiste  e mandou endurecer, cortando o ponto dos servidores paralisados e negando recursos para o festival daqueles que imaginam haver ganho a guerra.

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