quinta-feira, 19 de julho de 2012


Comissão Estadual da Verdade

Kurt  Kriegel  com  sua  esposa,  em  1969.
 O governo estadual do PT e a mídia ignoraram o momento em que a advogada gaúcha Aurea Altenhofen aproximou-se do ministro Gilson Dipp e, muito emocionada, pediu para falar com ele [na solenidade que criou a Comissão Estadual da Verdade]. Aurea Altenhofen é neta de Kurt Kriegel, que foi assassinado na noite de 22 de setembro de 1969 em um assalto promovido por três guerrilheiros do grupo VAR Palmares [o mesmo ao qual pertenceu a presidente Dilma Rousseff], que pretendiam realizar uma "expropriação" [roubo] em benefício da revolução comunista.
Kurt Kriegel morreu em seu restaurante Rembrandt, muito conhecido em Porto Alegre, assassinado pelos sete tiros que os guerrilheiros desferiram.
O ministro Gilson Dipp, que participava da solenidade de criação da Comissão Estadual da Verdade do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, coordenada pelo governador Tarso Genro, foi abordado ali mesmo e ouviu a breve narrativa emocionada de Áurea Altenhofen e recebeu dela o seu relato por escrito: 
 "Exmo. Sr. Dr. Ministro Gilson Langaro Dipp - Coordenador na Comissão Nacional da Verdade - Eu sou Áurea Altenhofen, brasileira de Porto Alegre, advogada e neta de vítima de assassinato que ocorreu no dia 22.09.1969, o comerciante Kurt Kriegel. Meu avô consta como única vítima do terrorismo no Rio Grande do Sul. Na época dos fatos e alguns anos mais tarde, as investigações correram em dois inquéritos, um na Delegacia Especializada de Homicídios, outro no extinto DOPS. Na capa dos inquéritos policiais constaram os nomes de três pessoas como suspeitos, após a anistia estas capas foram subtraídas e nelas escrito “autoria não identificada”, assim como desapareceu do Palácio da Polícia uma prova material do crime que continha fios de cabelo de um dos assassinos em um emplasto poroso utilizado como máscara e que foi deixado na fuga caído na calçada em frente ao local do crime. Há anos venho tentando enterrar o meu avô, esclarecer os fatos que envolveram o seu assassinato. De qualquer forma, ainda hoje, o meu avô figura em uma lista que foi divulgada pelo Comando do 3º Exército, em uma solenidade de aniversário da Revolução que foi realizada no parque da Redenção, junto ao Monumento ao Expedicionário, quando foram lidos os nomes das vítimas, o meu avô era o único “inocente”, por não ser de nenhuma organização política (exceto a maçonaria). Consta, também, no livro “Brasil Sempre” (Giordani, Marco Polo, 1986) que na página 45 informa: “KURT KRIEGEL, comerciante. Assassinado por grupo terrorista quando assaltava o bar de sua propriedade”. Depois disso buscamos esclarecimentos junto a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, o que tivemos de retorno ficamos cientes através da leitura do livro, que na página 448/9, informa:  “KURT KRIEGEL (1908 – 1969) - Número do processo: 306/96 - Data e local de nascimento: 15/05/1908, Alemanha; Filiação: Maria Kriegel e Adolf Kriegel - Organização política ou atividade: não definida; Data e local da morte: 22/09/1969, Porto Alegre (RS) - Relator: Paulo Gustavo Gonet Branco ; Indeferido em: 20/06/1996. Trata-se de pedido de indenização à CEMDP que foi apresentado pela antiga companheira de Kurt Kriegel, nascido na Alemanha e estabelecido em Porto Alegre, que teria sido morto durante um assalto ao seu restaurante. Seu nome consta na lista do site de extrema-direita Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), como tendo sido morto por um grupo da esquerda". Com certeza para nós, familiares de Kurt Kriegel, a questão não se resume em indenização, buscamos o direito à verdade, o direito ao esclarecimento dos fatos que envolveram a morte do nosso patriarca. É uma dívida com ele, com a nossa consciência, com a história, trata-se de um direito de cidadãos que vivem em um país com Estado de Direito e segurança jurídica. As pessoas envolvidas em questões afetas ao caso Kurt Kriegel, quer da administração pública, policiais e militares, ou mesmo os militantes políticos, muitos estão chegando à idade avançada, alguns contam com mais de 80 anos de vida, urge que de uma vez por todas tenhamos a coragem de descortinar o passado e trazer à luz a verdade histórica dos acontecimentos que, de fato, ocorreram e atingiram os brasileiros, neste caso de forma especial a mim, aos meus familiares e amigos. Pelo exposto requeiro a inclusão nas investigações das circunstâncias fáticas e documentais que envolveram e resultaram no assassinato de Kurt Kriegel como um dos crimes a serem esclarecidos por nossa tão esperada e sonhada Comissão Nacional  da Verdade. Aurea Altenhofen-OAB/RS 12899".
O ministro Gilson Dipp recebeu o documento e assegurou a Aurea Altenhofen que serão tomadas as providências necessária. No evento também estava presente a ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a deputada federal Maria do Rosário.

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