Venezuela faz acordo com Arábia Saudita
para conter queda do petróleo
Sem detalhar medidas, países falam em ‘políticas de Estado’ contra crise
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao lado do príncipe herdeiro saudita, Salman |
RIADE, Arábia Saudita - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
anunciou no domingo (11.jan.2015) um acordo com a Arábia Saudita para
tentar recuperar os preços do petróleo no mercado internacional, em
queda livre desde o ano passado. Em comunicado, o governo venezuelano
não deu detalhes sobre as medidas a serem tomadas, mas disse que a crise
será alvo de “políticas de Estado das duas potências energéticas”. O
compromisso foi firmado em reunião realizada no domingo (11.jan.2015) na
capital saudita, Riade, entre Maduro e o príncipe herdeiro saudita,
Salman bin Abdulaziz al Saud, com a presença dos ministros do Petróleo
dos dois países.
A negociação faz parte de um esforço do presidente venezuelano, que está
em visita diplomática ao Oriente Médio em busca de apoio de países
membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). No
sábado (10.jan.2015), Maduro recebeu do líder supremo do Irã, o aiatolá
Ali Khamenei, a promessa de ajudar a frear a derrubada de preços da
commodity. Nos próximos dias, visitará ainda o Qatar e a Argélia.
BRENT RECUOU 56% EM 7 MESES
Apesar de serem ambos membros da Opep, Venezuela e Arábia Saudita são
afetadas da formas diferentes pela queda do preço do petróleo. Analistas
ouvidos pela agência de notícias Associated Press estimam que o país
latino-americano, mais vulnerável, precise que o barril do óleo Brent
fique em pelo menos US$ 110 para não comprometer seu equilíbrio fiscal —
mais que o dobro da atual cotação do produto, em cerca de US$ 50, queda
de 56,5% em seis meses.
Já a Arábia Saudita tem mais capacidade financeira para suportar a
turbulência. Em artigo publicado em outubro pela revista “Bloomberg
Businessweek”, analistas afirmavam que o país ainda estava em posição
privilegiada, independentemente do preço do petróleo. Com reservas de
mais de 260 bilhões de barris de petróleo e baixo custo de exploração,
os sauditas se mantêm capazes de ditar as regras no setor, apesar do
forte crescimento da produção nos EUA.
Em novembro, o país, maior produtor de petróleo do mundo, recusou cortar
a produção de petróleo — que poderia ser uma forma de conter a
derrubada de preços — a despeito de apelos feitos por países mais pobres
do Opep. O ministro do Petróleo saudita, Ali Naimi, que tomar essa
atitude diminuiria a participação de mercado do país no mercado
internacional, mas não teria efeito sobre os preços. No mês passado, a
Venezuela disse que poderia apoiar o grupo que pede redução da produção,
dependendo do comportamento dos preços no primeiro trimestre de 2015.
O anúncio ocorre na semana em que o valor do barril do óleo Brent,
negociado em Londres, recuou para abaixo dos US$ 50 pela primeira vez em
seis anos. Nos últimos meses, o petróleo já registra recuo de mais de
50%, após ter alcançado o pico de US$ 115 em junho do ano passado. O
movimento é explicado por uma combinação de fatores, como a fraca
demanda causada pelo ritmo lento da economia global e o excesso de
oferta. Em dezembro, a Opep estimou que o mundo tinha um excedente
diário de dois milhões de barris de petróleo. A organização acusou, no
entanto, as nações produtoras não associadas à entidade, que vinham
adotando uma conduta “irresponsável” ao aumentar a produção nos últimos
anos, um recado para o rival EUA.
Um estudo recente do Bank of America Merrill Lynch confirma que a oferta
do produto continua superando a demanda, o que deve fazer com que os
preços continuem a cair. O relatório afirma que há um risco crescente
dos preços do óleo Brent recuaram a até US$ 40 o barril. Já o WTI,
negociado nos EUA, poderia cair a US$ 35.
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